À medida que o mundo se torna cada vez mais interconectado e dependente de soluções digitais, a infraestrutura por trás dessa revolução tecnológica também evolui. 

Entre os conceitos emergentes que vêm ganhando força no setor de telecomunicações e tecnologia está a Metacloud, um modelo que amplia os horizontes da computação em nuvem e redefine os limites entre conectividade, processamento e experiência do usuário.

Para entender melhor o que é a Metacloud e quais seus impactos no setor, conversamos com Alexandro Castelli, vice-presidente de Associados da Associação Brasileira de Infraestrutura e Serviços Cloud (Abracloud). 

Nesta entrevista, ele esclareceu como essa arquitetura pode transformar a maneira como acessamos dados e serviços digitais. 

Veja o que ele nos diz sobre este assunto a seguir!

O que é Metacloud?

A Metacloud representa um novo estágio na evolução do cloud computing. Mais do que simplesmente uma nuvem pública, privada ou híbrida, trata-se de um modelo baseado em padrões, orquestração e automação, que integra diferentes tipos de infraestrutura tecnológica.

“O termo tem sido usado para uma definição mais ampla, envolvendo também as próprias redes (software defined networks – SDN) e suas bordas (edge computing)”, explica Castelli.

Segundo ele, a principal característica da Metacloud é a capacidade de unificar múltiplos ambientes de TI e telecom sob uma única camada de gerenciamento, facilitando a interoperabilidade entre provedores diversos e otimizando a entrega de serviços.

Benefícios estratégicos para empresas e ISPs

Para empresas e provedores de conectividade, a Metacloud traz uma promessa poderosa: visibilidade e controle unificado em um ambiente altamente distribuído. Isso representa uma vantagem significativa em um mercado cada vez mais competitivo.

“A ideia é ter uma plataforma de gerenciamento ‘acima’ das APIs de múltiplos provedores de serviços de cloud computing e de telecomunicações especializados, permitindo interoperabilidade ao mesmo tempo que garante visibilidade e controle unificado para o consumidor”, destaca o especialista.

Essa abordagem permite que empresas utilizem serviços de diferentes nuvens sem perder eficiência ou segurança, criando uma experiência mais coesa, econômica e resiliente — algo essencial em tempos de transformação digital acelerada.

Interoperabilidade: o desafio dos padrões

A interoperabilidade entre diferentes provedores sempre foi um ponto sensível no universo cloud. 

A Metacloud surge como uma resposta a essa fragmentação, oferecendo uma camada de abstração que facilita a comunicação entre plataformas distintas.

“Sob o ponto de vista das redes, a Cisco tem impulsionado a adesão de médias e grandes operadoras de telecomunicações ao conceito; um fabricante que sozinho tem a capacidade de estabelecer padrões nesse mercado”, aponta Castelli.

Ele ressalta que, no campo da tecnologia da informação, o cenário é mais competitivo. Ainda não há consenso sobre quais padrões dominarão, mas a corrida pela padronização é intensa e estratégica para o futuro da conectividade global.

Um impulso à infraestrutura em regiões remotas

A aplicação da Metacloud vai além dos centros urbanos. Segundo Castelli, essa arquitetura tem um papel crucial na ampliação da conectividade em áreas com menor cobertura, algo particularmente importante para países com desigualdade no acesso digital, como o Brasil.

“A rede é o meio utilizado para acesso ao conteúdo ou serviço. A ideia é disponibilizar esses conteúdos e serviços o mais perto possível do consumidor, através de tecnologias de edge computing para o processamento local dos dados”, afirma.

Isso significa que, mesmo em localidades com infraestrutura limitada, será possível entregar experiências digitais avançadas com baixa latência e alta confiabilidade, combinando redes virtuais de diferentes fornecedores de telecomunicações.

O papel estratégico nas redes 5G e 6G

A chegada do 5G e o horizonte do 6G trazem demandas sem precedentes em termos de velocidade, latência e capacidade de resposta. 

A Metacloud aparece como uma aliada fundamental para cumprir essas exigências.

“As aplicações utilizadas nas redes 5G e 6G exigem baixíssima latência entre o consumidor e o conteúdo ou serviço: seja para o streaming de eventos ao vivo e gamming (conteúdo) ou para carros autônomos e robotização (serviços)”, explica Castelli.

Nesse contexto, a Metacloud permite que o usuário final tenha sempre a melhor experiência, independentemente da sua localização ou da complexidade do serviço acessado. É uma infraestrutura pensada para o futuro, mas com aplicações práticas no presente.

No Brasil, onde ainda enfrentamos desafios de cobertura e qualidade de conexão em diversas regiões, a adoção da Metacloud pode ser a chave para democratizar o acesso à transformação digital — fortalecendo negócios, serviços públicos e a vida conectada da população.

Siga conferindo informações úteis! Leia agora o nosso artigo sobre a confluência entre Edge Computing e Inteligência Artificial.