A evolução do mercado de games tem sido uma verdadeira revolução nas últimas décadas, movida, principalmente, pela constante melhoria nas tecnologias de conexão. 

Antes vistos como simples passatempos infantis, os jogos digitais agora conquistam milhões de adultos ao redor do mundo, tornando-se uma das indústrias mais lucrativas e dinâmicas da era digital. 

Nesse contexto, a chegada do 5G representa um novo marco, com potencial para transformar profundamente a maneira como os jogos são desenvolvidos, distribuídos e, sobretudo, jogados.

Entrevistamos Agesandro Scarpioni, especialista em Engenharia de Software e coordenador do curso Game Development, da FIAP, para entender como o 5G está impulsionando a interatividade dos jogos no Brasil e no mundo. Veja, a seguir!

A revolução do 5G nos games

“O 5G possibilita uma experiência de internet muito mais rápida comparado ao 4G, chegando a ser até 10 vezes mais veloz que a geração anterior, com baixa latência e uma capacidade muito maior de conexões simultâneas”, diz Scarpioni.

De acordo com o professor da FIAP: “Ele (o 5G) permite ao usuário o acesso a atividades on-line que eram impensadas em um passado não tão distante no Brasil: de cirurgias remotas a jogos em realidade virtual ou mixada e com bom desempenho”.

O especialista explica que a quantidade de dispositivos conectados no 4G chegava a dois mil por quilômetro quadrado. Já no 5G, é possível alcançar números próximos a um milhão, ampliando significativamente a quantidade de pessoas que podem acessar a tecnologia.

“Isso impulsiona a interatividade dos jogos digitais e a vivência de experiências muito melhores em ambientes virtuais”, destaca o professor.

Oportunidades criadas pelo 5G no mercado de games

O 5G não traz apenas avanços tecnológicos; ele abre portas para novas oportunidades dentro da indústria de games. Scarpioni identifica várias áreas que podem se beneficiar, principalmente em termos de dispositivos e cloud gaming.

“Uma das oportunidades diz respeito a consoles ou PC gamers. Com a conexão de alto desempenho do 5G, parte do poder de processamento pode ser transferido para os datacenters na nuvem”, destaca Scarpioni.

“Isso possibilitará a utilização de dispositivos menores e mais leves capazes de processar jogos de forma similar ao que conseguimos hoje com os equipamentos conectados em nossas casas, ampliando o número de dispositivos móveis de alto desempenho e, por consequência, aumentando o número de jogadores”, explica o professor.

O especialista ainda ressalta o impacto do 5G no Cloud Gaming, que pode expandir o acesso a jogos via streaming, especialmente para aqueles que dependem de hardware e conexão Wi-Fi

Desafios na expansão do 5G e impacto na indústria de games

Apesar das promessas, Scarpioni alerta que o 5G ainda é uma novidade no Brasil, com desafios a serem enfrentados tanto na infraestrutura quanto na indústria de games.

Quanto à indústria de games, Scarpioni menciona a falta de profissionais qualificados e a necessidade de incentivos fiscais e acesso a financiamento como desafios que ainda limitam o crescimento do setor.

No entanto, ele reconhece que a recente sanção do Marco Legal dos Games é um passo significativo. 

“Essa lei projeta um cenário mais favorável para o crescimento do setor, regularizando profissões como game designer, roteirista para jogos digitais, entre outras. Com esta formalização, agora é possível criar MEI para freelancer de games e abrir empresas do setor de forma regulamentada no Brasil”, declara o docente da FIAP.

A economia criativa e o potencial da indústria de games no Brasil

Para Scarpioni, o futuro da indústria de games no Brasil está intimamente ligado à economia criativa, que já reconhece os jogos digitais como um dos setores mais promissores.

“Percebo que, ao longo do tempo, o setor de games no Brasil vem se profissionalizando. Grandes estúdios e até unicórnios, como a Wildlife, que em 2020 foi avaliada em US$ 3 bilhões, já são uma realidade”, afirma.

Segundo o especialista, o número de empresas de games no Brasil cresceu exponencialmente nos últimos anos, passando de menos de 20 em 2007 para mais de 1.100 atualmente.

“Todas essas ações, seja por meio de leis ou tecnologias como a implantação do 5G, aliadas à educação, à cultura e à busca por conhecimento, funcionam como um grande catalisador que propicia condições de crescimento da indústria nacional de jogos digitais, uma indústria que ainda tem muito espaço para crescer em nosso País”, concluo Scarpioni.

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