O uso de serviços em nuvem já é uma realidade, e seus benefícios e obstáculos seguem como temas vitais para as telecomunicações. De acordo com informações da Associação das Empresas de Software (Abes), o uso de nuvens deve registrar um crescimento superior a 36% em 2022.

Dentro deste contexto, a arquitetura Multicloud, que combina diferentes fornecedores para a implementação de serviços de nuvem em empresas do ramo, tem ganhado cada vez mais atenção.

O assunto foi debatido no painel “Arquitetura Multicloud e arquitetura de nuvem híbrida”, realizada no Futurecom 2022 com mediação de Daniel Macedo Batista, Professor do Departamento de Ciência da Computação do IME/USP.

Participaram da conversa os seguintes especialistas: Filipe Testa, Gerente de Vendas de Soluções da Huawei; Gustavo Villas, Gerente de Portfólio Cloud da Embratel; Helton Mendes, Staff Solution Architect da VMWare; Izabella Coeli, Senior Telco Solutions Architect da Red Hat; e Moises Menezes, Head of Digital Architectures and Application Modernization da Tivit.

Acompanhe neste artigo alguns dos pontos abordados por eles no evento!

Computing, Big Data e IA como possibilidades das nuvens híbridas

Filipe Testa abriu o painel comentando sobre a trajetória da Huawei no cenário de tecnologias de nuvem, destacando que a empresa optou por ampliar sua rede de atuação com base neste aspecto focado nas telecomunicações.

Ele explica que a multinacional criou sua própria rede pública na América Latina em 2019, e que vem colhendo resultados desde então.

“É uma nuvem recente, mas a gente já vem colhendo resultados expressivos, sendo Top 5 do market share global, e, falando tecnicamente, a Huawei investe muito em P&D. Dos mais de 195 mil funcionários da Huawei, mais de 95 mil estão dedicados à pesquisa e desenvolvimento”, analisa ele.

Testa continua: “E o que a gente colhe com essa gana de inovação? Colhemos soluções e tecnologias de excelência, tanto em telecom, como no 5G, quanto no IT, em storage e nuvem.”

Ainda de acordo com o representante da Huawei, existem três verticais que a empresa acredita serem as tendências quando falamos do uso da arquitetura Multicloud: o Computing, o Big Data e a Inteligência Artificial (IA).

“Com o deploy do 5G vamos ter muitos dispositivos conectados na rede, e isso vai gerar uma quantidade enorme de dados, e eles precisam ser armazenados corretamente para que consigamos extrair conhecimento deles. E em cima desses dois pilares temos a IA, onde de fato conseguimos utilizar o poder computacional e o uso de dados para agregar a IA para a sociedade”, exemplifica ele.

Arquitetura Multicloud como propulsora de avanços nas telecomunicações

Na sequência, Gustavo Villas comentou sobre como a Embratel também passou a focar em tais soluções voltadas para a Tecnologia da Informação, como a nuvem.

“Há cerca de cinco anos a Embratel iniciou uma jornada com relação à parte de computação e TI, e desenvolvemos plataformas internas de nuvem, assim como fechamos parcerias estratégias com desenvolvedores de nuvem”, comentou.

Ele acrescentou: “Acreditamos que o mercado fará essa mudança para a nuvem de forma acelerada, a pandemia provou que isso é viável, mas também não acreditamos em uma mudança do dia para a noite, acreditamos em um modelo híbrido de plataforma, e queremos ser parceiros da empresa na aceleração das empresas para a adoção de nuvem.”

De forma semelhante, Helton Mendes comentou que a VMWare passou a investir nos serviços de nuvem há oito anos, e que os resultados têm surgido.

“As operadoras têm passado pela modernização de infraestrutura, e o tema de Multicloud é um espelho das inovações que vemos ultimamente, sendo uma tendência e até uma realidade”, analisou ele. 

Mendes complementou: “A VMWare também aposta no conceito híbrido partindo de um ambiente Multicloud para dar consistência de gestão entre múltiplos ambientes, o que é muito importante. As iniciativas de negócio são várias, o ambiente Multicloud de fato é uma tendência, e o desafio está em como tratar ele de forma fácil no ambiente operacional, em segurança e em gestão também.”

Modelo híbrido e estratégias de planejamento para a implementação do Multicloud

Representando a Red Hat, Izabella Coeli destacou o caráter colaborativo que os criadores de software exercem, o que é uma vantagem quando falamos do uso de nuvem híbrida e com múltiplos fornecedores, garantindo estabilidade e segurança.

“ A Red Hat e outras empresas fornecedoras de softwares são agnósticas, não definem onde a operadora vai colocar a solução, se on premises ou na nuvem. O que a gente orienta aos nossos clientes é que na migração para nuvem eles controlem bem o workload, colocando no OpenShift, mandando para a nuvem A, B, C ou D e, se a conta ficar cara, podem voltar atrás”, observou ela.

Coeli também crê que este tipo de atuação torna mais fácil a adoção e o uso da tecnologia para todas as empresas, permitindo uma flexibilização do uso da nuvem.

“Fica mais fácil, e esse modelo híbrido de migrar para nuvem ou voltar pro on premises, com o OpenShift facilita muito a vida da operadora”, completou.

Moises Menezes, da Tivit, vê essa questão de forma parecida, destacando os benefícios que essa arquitetura em distintas nuvens oferece, como a elasticidade para que o cliente encontre a melhor forma de utilizar a solução.

“Nós temos casos em que o retorno desses projetos pagou-se em poucos meses, e a performance das aplicações envolvidas foi muito maior, com crescimento de 2000% comparado a outros ambientes, tudo depende da sua estratégia”, explicou.

Ele comenta ainda que a estratégia é essencial neste sentido, já que assim a empresa poderá encontrar a melhor forma de utilizar as diferentes nuvens, mantendo serviços em suas premissas de TI quando necessário. Ele diz:

“Você pode usar múltiplas nuvens, ou modelo híbrido, se estiver preparado para cada uma delas. Se a estratégia não for clara desde a transformação e os testes, levando produtos ou aplicações antigas on premise para a nuvem, muitos projetos acabam falhando pois não é planejado para testar e garantir que tudo vai funcionar.

“É preciso ter nessa estratégia um modelo de convivência, e caminhos de que possa dar um passo atrás, pois a falha é possível. Se bem planejado ela reduz muito, mas você precisa ter caminhos de desvio para tratar essas possíveis falhas”, finalizou o painelista.

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