Com o crescimento exponencial de dados pessoais e da localização em tempo real, prefeituras e governos estaduais por todo o Brasil enfrentam o desafio de integrar essas informações para criar soluções mais eficientes de segurança pública. No entanto, o uso desses dados sensíveis levanta questões cruciais sobre privacidade e segurança, destacando a importância de políticas claras e de uma regulação específica.

Esse foi o tema do painel “Tecnologia a Serviço da Segurança Pública”, realizado no Futurecom 2024 e mediado por Daniella Caverni, advogada e líder do Grupo de Proteção de Dados Pessoais da Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes).

Padrão de comportamento

No debate, foram apresentados cases de estados importantes como Minas Gerais, representado pelo professor e coordenador do Comitê de Governança de Tecnologia da Controladoria Geral, Marlon de Souza Reis. O especialista deu um panorama da evolução do uso de inteligência artificial na segurança privada.

“Precisamos entender o que é um comportamento padrão para saber diferenciar exatamente o que não é um comportamento padrão, analisar essas informações com acesso real do governo e das autoridades, para aí sim elaborarmos estratégias de segurança. Há dez anos, essas tecnologias estavam majoritariamente no meio acadêmico, mas já havia iniciativas para segurança de agências bancárias, por exemplo, que adotaram a visão computacional para identificar comportamentos estranhos”, explicou Marlon Reis.

Análise de dados com estratégia clara

Além disso, especialistas têm ressaltado a importância de capacitar os profissionais de segurança para que saibam interpretar e utilizar as informações geradas pela IA de forma eficiente e ética. Essa iniciativa é especialmente importante para o estado com a maior economia do Brasil, São Paulo, representado no Futurecom por Julio Signorini, diretor de Cibersegurança e TI da Secretaria de Gestão e Governo Digital.

Ele usou o exemplo da Fundação Casa, o Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente paulista, para explicar a importância de que os agentes de segurança estejam alinhados às melhores práticas de proteção de dados e privacidade, garantindo que as soluções sejam seguras tanto para o cidadão quanto para as instituições.

“Temos um projeto de observabilidade chamado Muralha Paulista, inovador ao integrar todos os dispositivos espalhados na cidade para o monitoramento contínuo e em tempo real de segurança, gerando dados para que sejam analisados preditivamente os pontos de risco, mapeando bairros mais violentos nas cidades. A Fundação Casa também teve grandes mudanças de infraestrutura e atendimento socioeducativo com implementação da inteligência artificial. Hoje são mais de 5 mil adolescentes atendidos e 1.700 câmeras instaladas em cerca de 90 unidades, todas com a sua própria sala de monitoramento”, afirmou Julio Signorini.

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