O evento presencial Pós-MWC Barcelona By Futurecom 2025, realizado em 27 de março, reuniu especialistas do setor de tecnologia, telecomunicações e conectividade para debater os principais insights e tendências apresentados no Mobile World Congress (MWC) Barcelona, o maior evento de tecnologia móvel do mundo.
O encontro, promovido pela maior plataforma de conectividade, tecnologia e inovação da América Latina, o Futurecom, teve como tema central “Game changers” para o Brasil – Tropicalizando tendências de Barcelona para o mercado nacional”. As discussões abrangeram desde o amadurecimento de modelos de IoT e os avanços da Inteligência Artificial até os desafios regulatórios e tributários que impactam o setor no Brasil.
O painel de debates do Pós-MWC Barcelona foi mediado por Hermano Pinto e contou com as participações de Vinicius Caram, conselheiro Substituto da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel); Larissa Jales, Policy & Regulatory Manager da GSMA LatinAmerica; Luiz Henrique Barbosa da Silva, presidente Executivo da TelComp; Marcio Kanamaru, sócio-líder de Tecnologia, Mídia e Telecomunicações (TMT) da KPMG; e Daniela Martins, diretora de Relações Institucionais e Governamentais e de Comunicação da ConexisBrasil Digital.
Inteligência Artificial (IA) e Internet das Coisas (IoT) no centro dos debates
Um dos principais focos do Pós-MWC foi o avanço da Inteligência Artificial e suas inúmeras aplicações em diversos setores econômicos. Hermano Pinto, diretor do Portfólio InfraTech da Informa Markets Latam e responsável pelo Futurecom, destacou que o MWC apontou para o amadurecimento de modelos de IoT e para os avanços da Inteligência Artificial, com impacto na eficiência, sustentabilidade e geração de novas receitas.
Os temas debatidos incluíram o papel da IA em ações de missão crítica, prevenção de acidentes e resgates, bem como a IA Generativa e o futuro das Telecomunicações. Vinicius Caram, conselheiro da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), observou que, embora tenha visto muitos slides e maquetes sobre o potencial da IA, ainda percebeu uma timidez em modelos aplicáveis, mas acredita que o uso de IA para otimização de rede, tráfego e espectro é inevitável. Larissa Jales, Policy & Regulatory Manager da GSMA LatinAmerica, ressaltou que a indústria vê a IA como uma grande oportunidade de novas receitas combinada ao 5G, com potencial de impacto trilionário na economia global. Daniela Martins, diretora de Relações Institucionais e Governamentais e de Comunicação da ConexisBrasil Digital, também compartilhou a preocupação da indústria com o excesso de regulamentação que possa travar o potencial da IA, defendendo uma autorregulação ética e uma regulação responsiva baseada em riscos.
O evento também abordou o avanço do conceito de “Passive IoT”, a Internet Passiva das Coisas, e as novas fronteiras da indústria 4.0, incluindo redes privativas, data science, AI e IoT. Luiz Henrique Barbosa da Silva, presidente Executivo da TelComp, mencionou o esforço das empresas em criar um ecossistema para o uso do IoT nas diversas indústrias, buscando soluções de conectividade que se adaptem às necessidades de diferentes verticais de negócio.
A Evolução do 5G, a busca pelo 6G e o espectro
A evolução do 5G e a busca pelo 6G também estiveram no centro das discussões. Foram debatidos o desenvolvimento de novos serviços que viabilizem a monetização do 5G e preparem o terreno para o 6G. Vinicius Caram mencionou os avanços do 5G no Brasil, com mais de mil cidades ativas e 40 milhões de usuários, mas também a necessidade de pensar no futuro, com a faixa de 6 GHz sendo considerada crucial para o desenvolvimento do 6G. Larissa Jales enfatizou que uma das prioridades da indústria é completar a jornada do 5G, com foco no acesso ao espectro em condições favoráveis de investimento para pavimentar o caminho para as futuras gerações de redes móveis. A importância de um uso balanceado do espectro de 6 GHz, com parte para Wi-Fi e parte para IMT (International Mobile Telecommunications), foi destacada como essencial para a escala e competitividade da indústria.
Reforma Tributária e Desoneração do IoT: Impasses e Expectativas
A reforma tributária foi um tema recorrente e de grande preocupação para o setor. Daniela Martins, da Conexis, alertou para a incerteza em relação às alíquotas do novo IVA e à transição do ICMS, enfatizando a necessidade de evitar a bitributação. Ela também destacou o impacto da tributação excessiva nos consumidores de baixa renda e a importância de medidas como o cashback.
Outro ponto crítico foi o fim da desoneração para dispositivos de Internet das Coisas (IoT) em 31 de dezembro de 2025. A renovação da não cobrança de tributos foi considerada estratégica para o fomento à tecnologia em diversos setores, como o agronegócio. Vinicius Caram relatou que o tema foi discutido com parlamentares no MWC, que se mostraram favoráveis à continuidade da política. Hermano Pinto adicionou a importância da renovação não só para IoT, mas também para o setor de satélite. Luiz Henrique Barbosa, da TelComp, criticou a cobrança desproporcional de taxas como o Fistel sobre dispositivos de IoT, defendendo uma revisão ampla dos fundos setoriais.
O desafio dos postes e a segurança cibernética
A persistente questão do compartilhamento e organização dos postes também foi levantada. Luiz Henrique Barbosa mencionou a proposta de um sandbox regulatório para testar soluções para o problema dos postes, buscando uma forma de organizar e fiscalizar o uso dessas infraestruturas.
A segurança cibernética emergiu como uma preocupação crescente diante do avanço da IA e da abertura de redes. Márcio Kanamaru, sócio-líder de Tecnologia, Mídia e Telecomunicações da KPMG, ressaltou o aumento da superfície de ataque com o Open Gateway e a preocupação com a decodificação de chaves de criptografia pela computação quântica. Ele também mencionou a vulnerabilidade das redes de sinalização nível SS7 e a necessidade de investimentos significativos em segurança cibernética. Daniela Martins também alertou para a importância de a segurança pública enxergar o setor de telecomunicações como infraestrutura essencial, diante do aumento de roubos e furtos de equipamentos.
Colaboração, inclusão digital e o cenário global
A importância da colaboração entre os diversos atores do ecossistema, incluindo governo, reguladores, operadoras e empresas de tecnologia, foi um ponto crucial para avançar nas pautas do setor. A necessidade de abordar as lacunas de uso e promover a inclusão digital, especialmente através da redução da carga tributária sobre dispositivos e serviços, foi reforçada por Larissa Jales.
Márcio Kanamaru destacou o protagonismo do Brasil em telecomunicações e o importante papel da Anatel, mas também alertou para os desafios persistentes como a reforma tributária. Larissa Jales mencionou o reconhecimento internacional do Brasil com o prêmio de liderança governamental da GSMA e a importância da previsibilidade regulatória para futuros investimentos.
O Pós-MWC Barcelona by Futurecom 2025 evidenciou um setor dinâmico, repleto de oportunidades impulsionadas pela IA e pelo avanço das redes, mas também com desafios significativos a serem superados no âmbito regulatório, tributário e de segurança. A colaboração e o diálogo entre os diferentes atores serão fundamentais para construir um futuro da conectividade mais robusto e inclusivo no Brasil.
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