O 5G ainda está engatinhando no Brasil, com o novo modelo de conexão começando a ser disponibilizado em algumas das principais cidades do país. No entanto, a expectativa para as oportunidades que o novo modelo de redes oferece é grande, e muitas empresas já estão se preparando diante deste cenário.
Um dos exemplos está na monetização do 5G, que se dará em parte pelos chamados “data products”, soluções que se utilizam do alto nível de dados oferecidos pela menor latência e velocidade da nova rede.
Neste artigo, batemos um papo com Felipe Locato, Gerente de Tecnologia 5G da Logicalis, empresa especializada em novas soluções tecnológicas. Ele nos falou mais sobre como o 5G pode ajudar na criação de novas soluções digitais.
Confira mais sobre este cenário e as oportunidades de negócio que ele oferece!
A monetização do 4G por startups
O 4G já representou uma grande revolução na conectividade em comparação com versões anteriores de acesso à internet.
Basta nos lembrarmos que foi através desta rede que os smartphones se popularizaram, o que permitiu a criação e aprimoramento de soluções em tempo real que trouxeram grandes mudanças em nossas vidas.
Alguns exemplos incluem o Uber, que encontrou uma oportunidade para auxiliar a mobilidade urbana ao conectar passageiros com motoristas em tempo real. O mesmo pode ser dito do iFood, que trouxe um novo modelo para as entregas de comidas, expandindo depois para outros setores, como mercados e serviços.
Podemos citar também os serviços de streaming on demand, como a Netflix e o Spotify, que se aproveitaram da maior conexão do 4G para oferecer produtos culturais por assinatura através das conexões mais rápidas.
O que podemos esperar com a monetização do 5G?
Com possibilidades de conexão até 100 vezes mais rápida que a do 4G, o 5G promete trazer novas possibilidades para empresas de tecnologia. Inovações como o Big Data e a Internet das Coisas (IoT) devem ganhar espaço neste cenário, possibilitando cada vez mais a conectividade de dispositivos diversos.
Essas mudanças já estão começando a ser vistas em tecnologias domésticas, como os diversos aparelhos smart para uso nas residências, e no cenário da mobilidade urbana, com o uso de semáforos e carros inteligentes, por exemplo.
Mas como as empresas podem monetizar suas ofertas e criar novos produtos com base nas possibilidades do 5G? Para Locato, “a palavra-chave para a monetização bem-sucedida do 5G é a diversificação.” Ele explica mais de seu raciocínio:
“As empresas de telecomunicações devem diversificar a si mesmas e suas ofertas para evitar guerras de preços. Em vez de apenas vender conectividade 5G, elas devem se concentrar em experiências específicas do cliente, buscando novos fluxos de receita, oferecendo serviços inovadores baseados em nuvem e indo muito além de lidar apenas com a crescente demanda de tráfego do consumidor.”
Ainda de acordo com o representante da Logicalis, “o ecossistema 5G permite que as empresas de telecomunicações monetizem por meio de conteúdos e aplicativos com a inclusão de conteúdo Over-The-Top (OTT) em seus pacotes 5G.”
Ele acrescenta: “Em vários estágios de maturidade hoje, os casos de uso 5G abrangerão muitos aspectos do cotidiano das pessoas em suas casas, organizações, automóveis, estabelecimentos de ensino e tudo isso representa novas oportunidades de monetização para as empresas de telecomunicações.”
Como se dará a monetização do 5G com as demais tecnologias?
Se o 4G representou um avanço na forma como nos relacionamos com serviços online, o 5G deve levar este status a um novo estágio.
Para Cecato, “o surgimento dessa nova forma de monetização acontecerá em diferentes velocidades e maneiras, dependendo dos tipos e da maturidade dos casos de uso que serão construídos.”
O especialista crê que existem dois estágios que farão parte desta nova fase de monetização do 5G através do uso de dados para a criação de produtos que tragam tanto novas rendas para as empresas quanto soluções para seus clientes.
“O primeiro deles já está acontecendo e está relacionado a monetização dos casos de uso focados em torno da transferência de dados ultrarrápida, como por exemplo Fixed Wireless Access (FWA) em alternativa ao acesso via fibra, cabo ou xDSL, jogos de videogame na nuvem e serviços de realidade aumentada”, analisa.
Ele complementa: “O segundo estágio de monetização será em torno dos casos de uso que exigem extrema confiabilidade e baixa latência com o suporte a um grande número de dispositivos e sensores conectados.”
De acordo com o Gerente de Tecnologia 5G, da Logicalis, esta segunda fase do 5G como impulsionar serviços trará vantagens que incluirão soluções em âmbitos como mobilidade, educação e saúde, para ficar só em alguns.
“Veremos avanços importantes em todos os lugares, desde aplicações para cidades inteligentes ultra conectadas até carros autônomos, a hiper-personalização dos serviços de saúde e a massificação das redes privadas”, conclui ele.
Vale lembrar que o uso de dados deve ser feito de forma responsável e consciente, levando em conta as definições da LGPD e de outras legislações internacionais, garantindo a segurança e proteção dos clientes que optem por utilizar tais serviços.
Confira também o artigo do Hermano Pinto, Diretor do Futurecom: Desenvolvimento de aplicações é o caminho para acelerar monetização do 5G no Brasil