Muito tem se falado nos últimos anos sobre as cidades inteligentes e a forma como elas impactarão as nossas vidas. Porém, pouco se fala sobre a eficiência energética necessária para que elas funcionem.
Afinal, além do 5G e da internet das coisas, é preciso usar energia elétrica para utilizar todos os recursos e tecnologias que as cidades do futuro demandam.
Alessandra Knopik é mestra em Engenharia de Transportes com ênfase em Informações Espaciais. Especialista no tema, ela conversou conosco sobre a importância da eficiência energética nas cidades inteligentes. Acompanhe!
A energia como base nas cidades brasileiras
Na visão de Knopik, da mesma forma que a energia foi condição fundante, seu fornecimento continuará sendo um ponto altamente estratégico para toda área urbanizada.
Partindo do pressuposto que o foco de toda cidade inteligente é a otimização dos seus recursos, o uso racional e sustentável da energia permanece sendo um dos principais desafios dos gestores urbanos.
“Além do consumo demandado já esperado pelas atividades diárias dos grandes centros, a energia é que sustenta todos os sensores e dispositivos que captam e processam dados de consumo e movimentação nas cidades inteligentes, para, a partir deles, atingir o objetivo da otimização dos recursos. Daí porque a energia é a base desse modelo de desenvolvimento”, diz ela.
Aumentando a eficiência energética das cidades inteligentes
Knopik nos explicou que a eficiência energética das cidades inteligentes depende da redefinição dos sistemas de distribuição de energia e da integração de novas fontes de renováveis à estrutura já existente, até para que as cidades possam reduzir seu impacto ambiental e as suas consequências diretas na crise climática.
“Aqui começa uma mudança de paradigma interessante – a energia passa a ser produzida localmente, envolvendo seus consumidores, que passam agora também a criá-la. Até poucos anos atrás o fornecimento de energia se dava exclusivamente por uma via direta e centralizada, da fonte geradora até seus consumidores”, explica.
Ela continua: “Nas cidades inteligentes, a descentralização e o envolvimento dos moradores na produção de energia de fontes renováveis é fundamental para seu desenvolvimento. Uma rede elétrica formada de produtores, armazenadores e consumidores digitalmente conectados, oferta e demanda são coordenadas em tempo real por um sistema de gerenciamento e monitoramento de energia”.
Segundo Knopik, esse modelo dá origem a projetos de micro redes locais, como os que podem ser instalados em zonas residenciais.
Casas equipadas com painéis solares e outros dispositivos ficam conectadas a um sistema de gerenciamento local, que, por sua vez, têm acesso aos dados de produção e consumo de energia em todas as casas que fazem parte dessa rede, além de informações meteorológicas da região.
Ela ainda explica que esse sistema de gerenciamento local está conectado ao sistema geral de abastecimento de energia. Isso permite que cada micro rede seja autossuficiente em produção energética em determinados períodos do ano e, até mesmo, passe a ser fornecedora para o sistema geral.
Iluminação pública com eficiência energética nas cidades brasileiras
Para Knopik, uma das possibilidades, no que se refere à iluminação pública, é a instalação de sistemas inteligentes, possibilitando aos gestores urbanos controlarem a intensidade da luz, de acordo com a localização dos postes.
“Sensores de movimentos acoplados aos postes permitem que estes ofereçam luminosidade em diferentes níveis, de acordo com o grau de mobilidade identificado em seu entorno. Esse gerenciamento também pode ser feito pela área de segurança pública, direcionado maiores recursos de iluminação para regiões mais críticas e alvos de ocorrências”, exemplifica nossa convidada.
A especialista conclui dizendo que o modelo de cidade inteligente depende tanto da administração pública, como do envolvimento dos moradores.
Ao poder público cabe a definição de planejamento estratégico integrado envolvendo, minimamente, a gestão energética, gestores urbanos, empresários e sociedade civil, de médio e longo prazo.
Apesar disso, o investimento inicial em elaboração de projeto, equipamentos e instalação, além de todo o trâmite burocrático, ainda é totalmente absorvido pelo consumidor.
Não temos ainda políticas públicas de incentivo, tão pouco suporte mais ágil e receptivo por parte das companhias de distribuição de energia, no que se refere à eficiência energética para as cidades brasileiras.
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