A saúde digital avança em ritmo acelerado, impulsionada por tecnologias que conectam dados, pessoas e processos em escala global. Entre elas, o edge computing e a infraestrutura multinuvem despontam como pilares para uma nova era de serviços médicos.

Para entender como essas inovações impactam hospitais, clínicas, profissionais e pacientes, conversamos com Elis Hernandes, doutora em Engenharia de Software e diretora de desenvolvimento de software e pré-vendas na Marlabs, consultoria global especializada em inteligência artificial, dados, TI e inovação.

De acordo com Elis, estamos diante de uma mudança de paradigma. A computação na borda e os serviços em nuvem estão tornando o cuidado em saúde mais rápido, preditivo e conectado. Acompanhe este artigo e veja como isso está sendo feito!

Edge computing: velocidade e segurança para decisões críticas

O edge computing aproxima o processamento e o armazenamento de dados da sua fonte de geração, reduzindo a dependência de datacenters distantes. 

Em vez de enviar todas as informações para a nuvem, parte do processamento ocorre em dispositivos locais, como smartwatches, sensores médicos ou servidores próximos.

“Imagine um smartwatch que mede seus batimentos cardíacos. Em vez de depender de uma conexão constante para enviar dados à nuvem, ele pode processar grande parte dessas informações localmente. Assim, o usuário tem acesso rápido ao histórico, mesmo sem internet ativa”, explica Hernandes.

Nos hospitais, a necessidade vai muito além do conforto. Em equipamentos médicos de alta precisão, qualquer atraso no processamento pode ser crítico para o paciente. Um sistema de monitoramento cardíaco, por exemplo, precisa gerar alertas em tempo real.

“Quando falamos de saúde, a velocidade pode salvar vidas. O edge computing garante que decisões urgentes sejam tomadas mesmo em locais com conectividade limitada”, ressalta a especialista.

Nuvem híbrida e integração de dados na saúde digital

A nuvem híbrida combina a infraestrutura pública e privada, permitindo que hospitais e clínicas escolham onde armazenar e processar informações de acordo com regras de segurança, privacidade e custo. Essa flexibilidade é essencial em um setor altamente regulamentado.

Um dos maiores exemplos do impacto da nuvem é o Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP). Como explica Elis, ele oferece uma visão completa do histórico clínico, incluindo consultas, exames, medicamentos e restrições. Tudo isso acessível em tempo real, independentemente da localização ou do plano de saúde.

Essa integração promove atendimentos mais rápidos, personalizados e seguros. Além disso, a nuvem permite que pesquisadores analisem grandes volumes de dados — conhecidos como Big Data —, acelerando descobertas científicas e aprimorando diagnósticos com o apoio de inteligência artificial.

As plataformas em nuvem também garantem comunicação segura entre equipes médicas e pacientes, seguindo protocolos como a LGPD no Brasil e a HIPAA nos Estados Unidos.

“Hoje, um médico no Sul pode acompanhar em tempo real um paciente no Norte do país, sem a necessidade de deslocamentos ou longas esperas”, destaca Elis.

IoT médico: monitoramento em tempo real

As tecnologias de IoT médico (Internet das Coisas aplicada à saúde) está revolucionando o acompanhamento de pacientes. 

Isso porque dispositivos vestíveis, como pulseiras inteligentes e sensores conectados, coletam dados vitais continuamente, como pressão arterial, glicemia ou níveis de oxigênio no sangue.

Esses dados são processados na borda e enviados à nuvem, onde são analisados em tempo real. 

Assim, é possível que os médicos intervenham de forma preventiva, antes que uma situação crítica ocorra.

“Com a IoT médica, passamos de uma medicina reativa para uma medicina proativa. O cuidado se torna mais preditivo, com diagnósticos precoces e tratamentos personalizados”, afirma Elis.

Além disso, esses dispositivos estão ficando cada vez mais acessíveis, ampliando a cobertura e democratizando o acesso à saúde digital.

Impactos para profissionais e pacientes

As mudanças trazidas pela infraestrutura multinuvem e pela saúde digital estão redefinindo a atuação médica. 

Para os profissionais, a tecnologia aumenta a precisão diagnóstica, facilita pesquisas e libera tempo para o atendimento humanizado.

“O médico pode focar em aspectos mais complexos do cuidado, enquanto sistemas inteligentes auxiliam na análise de dados e na escolha de tratamentos”, explica Elis.

Para os pacientes, a experiência tende a ser mais confortável e eficiente. A telemedicina, combinada ao monitoramento remoto via IoT, garante atendimento especializado mesmo em regiões distantes.

O grande desafio será garantir que essas inovações cheguem a todos. Além disso, a segurança e a privacidade precisam ser prioridades absolutas, evitando a despersonalização do cuidado.

Futuro da saúde digital: IA e terapias digitais

O futuro próximo será marcado pela integração da inteligência artificial (IA) com tecnologias emergentes como realidade aumentada (RA) e realidade virtual (RV).

“Algoritmos avançados serão capazes de analisar dados genéticos e históricos médicos para prever riscos antes mesmo do surgimento dos sintomas”, projeta Elis.

A RA e a RV também devem revolucionar o treinamento médico e a reabilitação de pacientes, criando experiências imersivas e mais eficazes.

Outra tendência são as Terapias Digitais (DTx), em que softwares validados clinicamente serão prescritos como tratamentos complementares, muitas vezes gamificados para aumentar o engajamento do paciente.

Elis acredita que os hospitais do futuro poderão operar em modelos de “hospital em casa”, com suporte tecnológico intensivo, permitindo cuidados complexos de forma remota.

Edge computing e nuvem híbrida: tecnologias essenciais para o futuro da área da saúde

A combinação de edge computing, nuvem híbrida e IoT médico cria uma infraestrutura resiliente, segura e ágil, essencial para o setor de saúde.

“Essas tecnologias não são apenas tendências. Elas são a base para uma medicina mais conectada, eficiente e centrada no paciente”, conclui Elis.

O caminho é desafiador, mas promissor: garantir que a fusão entre medicina e tecnologia permita não apenas viver mais, mas viver melhor.