O agronegócio brasileiro está em plena transformação. Nos últimos anos, a integração entre tecnologia e campo vem remodelando a forma como produzimos, gerenciamos e nos conectamos com o meio rural. Por isso, a palestra sobre conectividade rural no Futurecom 2025 pode ser uma mudança de chave para gestores do setor.

O avanço de soluções como inteligência artificial, big data, IoT e sensoriamento remoto tem impulsionado ganhos de eficiência e sustentabilidade. No centro dessa revolução está a conectividade, um elo fundamental para viabilizar um agro mais inteligente, competitivo e ambientalmente responsável.

Para entender melhor esse cenário, conversamos com Paola Campiello, presidente da ConectarAGRO, uma das principais iniciativas voltadas à ampliação da conectividade rural no Brasil, além de palestrante confirmada no Future Congress – que acontece entre os dias 30 de setembro e 02 de outubro, no São Paulo Expo.

A seguir, destacamos os principais pontos dessa conversa, que evidencia como a infraestrutura digital pode ser catalisadora de um futuro verde no campo. Leia!

Conectividade em expansão: das torres à produtividade

Segundo Paola Campiello, a infraestrutura de telecomunicações tem avançado para responder às demandas específicas das áreas agrícolas, sobretudo nas regiões mais remotas do país.

“A conectividade no campo tem avançado de forma consistente nos últimos anos, sendo um dos principais pontos a ampliação da cobertura 4G utilizando frequências como a de 700 MHz, que têm maior alcance e penetração, tornando-se ideais para o campo.”

Conforme Campiello, esse avanço tem números expressivos. Ela comenta que, de acordo com o Indicador de Conectividade Rural da ConectarAGRO, a cobertura de redes móveis 4G ou 5G nas áreas agrícolas passou de 18,7% para 33,9% entre 2024 e 2025. Já a proporção de imóveis rurais com cobertura total em suas áreas agricultáveis cresceu de 37,4% para 48,1%, com destaque para o Sul e o Sudeste do Brasil.

gráfico sobre cobertura de redes móveis em áreas agrícolas

Além da ampliação das redes tradicionais, novas estratégias estão permitindo levar conexão até mesmo aos cantos mais afastados do país. “Parcerias com operadoras e empresas de tecnologia têm viabilizado soluções como redes privadas, torres móveis e amplificadores de sinal”, aponta a executiva. 

Campiello ainda conta que a integração com Wi-Fi rural de longo alcance e conectividade via satélite também tem permitido o acesso à internet de qualidade por propriedades de diferentes portes.

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Conectividade rural como motor da sustentabilidade

Com a digitalização do campo, a sustentabilidade deixou de ser uma diretriz abstrata para se tornar prática diária. 

Como explica Campiello: “A conectividade tem um papel absolutamente central na promoção da sustentabilidade no campo. Ao conectar as propriedades, conseguimos integrar tecnologias que otimizam o uso de insumos e recursos naturais, reduzindo desperdícios e aumentando a produtividade de forma responsável.”

Um exemplo emblemático citado por ela é a Fazenda Conectada da Case IH, no Mato Grosso. A propriedade utiliza 4G, inteligência artificial e telemetria para monitorar e tomar decisões em tempo real. 

Os ganhos são notáveis:

  • Aumento de 18% na produtividade;
  • Redução de 25% no consumo de combustível; e 
  • Diminuição de 10% na emissão de CO₂.

Além disso, a conectividade também é essencial para garantir rastreabilidade, item cada vez mais exigido nos mercados internacionais que valorizam práticas sustentáveis e transparentes.

visitantes do conectividade rural no futurecom 2025 analisando um aparelho tecnológico

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Agricultura de precisão: conectividade reduzindo desperdícios

Na visão de Campiello, a conectividade viabiliza as aplicações mais avançadas da agricultura de precisão. E isso impacta diretamente na redução do uso de recursos como água, defensivos e energia.

“Entre as principais aplicações, posso destacar os sensores de solo e clima que monitoram, em tempo real, a umidade, temperatura e necessidade de irrigação. Isso permite ao produtor irrigar apenas quando e onde necessário, economizando água e energia.”

Ela também cita o uso de drones com sensores multiespectrais, que realizam o mapeamento das lavouras e ajudam na detecção precoce de doenças e pragas. 

A partir dos dados gerados, sistemas com inteligência artificial orientam a aplicação localizada de defensivos, diminuindo o impacto ambiental.

São destaque também os robôs autônomos, que, conectados à nuvem, percorrem os campos analisando o estado das plantas. “Essas soluções não são viáveis em regiões sem conexão”, reforça Campiello. 

A conectividade, portanto, deixa de ser um luxo e se torna base estruturante da eficiência produtiva.

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O futuro do agro passa pelas nuvens… e pelos satélites

Olhando para frente, Campiello aponta um leque promissor de inovações que vão remodelar ainda mais o agro nacional. 

Entre elas, a convergência entre 5G e satélites de baixa órbita, como os da constelação Starlink, que já estão ampliando a cobertura em locais isolados e viabilizando o uso de vídeo monitoramento, automação de máquinas e suporte técnico remoto.

feira do futurecom vista de cima

Nas palavras de Campiello: “Estamos vivendo um momento de grande transformação tecnológica no agro, e as tendências de conectividade para os próximos anos são promissoras.”

Ela destaca ainda o avanço da Agricultura 5.0, que combina conectividade com IA, big data e IoT para decisões agrícolas mais inteligentes. Nesse contexto, tecnologias como LoRaWAN devem ganhar espaço para sensoriamento de baixo custo em locais onde o 4G e o 5G ainda não chegaram.

Outro avanço revolucionário são as Redes Não-Terrestres (NTNs), que incluem satélites de baixa órbita, drones e plataformas aéreas de alta altitude. Essas redes serão integradas ao ecossistema 5G e terão alta capacidade de dados com baixa latência, ideais para a rastreabilidade em tempo real e operações autônomas no campo.

Por fim, Campiello enfatiza a democratização do acesso como prioridade: “Veremos uma maior democratização da conectividade, com o surgimento de modelos de negócio baseados em cooperativas de infraestrutura digital e parcerias público-privadas que ajudarão a reduzir o custo de acesso à tecnologia no campo.”

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Rumo a um agro mais inteligente, inclusivo e sustentável

A conversa com Paola Campiello evidencia que o futuro do agronegócio está cada vez mais conectado – e que essa conexão vai muito além da internet. Ela é o ponto de partida para um ecossistema mais produtivo, sustentável e preparado para os desafios climáticos e mercadológicos do século XXI.

A jornada do Future Agro é, sobretudo, uma jornada de transformação cultural e tecnológica. Um caminho em que a inovação digital se torna aliada da natureza, e onde cada byte transmitido pode representar menos carbono emitido, mais alimento colhido e mais valor gerado com responsabilidade.

gestor do agronegócio usando um tablet no campo após ir em palestra de conectividade rural no futurecom 2025

Na interseção entre tecnologia e terra, nasce um novo campo: mais verde, mais competitivo e mais conectado do que nunca.

E para tirar o máximo de proveito da transformação digital, confira também o nosso artigo com dicas para profissionais do agronegócio se atualizarem para novas tecnologias!

Inovações do agro são destaque durante Future Congress

Paola Campiello está confirmada no painel “Future Agro: embarcando inovações para um agro mais verde e competitivo”, que acontece no dia 30 de setembro, às 17 horas, na Plenária 2. O painel conta ainda com a presença de outros especialistas para enriquecer o debate: Elias Sfeir, presidente da ANBC, Fernando Neias, CEO da Acate, Daniel Fuchs, Head de Inovação da Arqia, e, Sidney Nobre, Analista da TGT.

Gostou de entender mais sobre a conectividade rural no Futurecom 2025? Os ingressos para o Future Congress já estão disponíveis – acesse o site oficial do evento e garanta seu ingresso!

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