Um dos mais importantes setores da economia brasileira, o agronegócio pode ultrapassar os 30% do Produto Interno Bruto (PIB) do País em 2021, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Os importantes números mostram que o setor agropecuário é um dos motores da economia nacional, e o segmento segue se atualizando para que esta participação continue em crescimento, gerando mais renda e empregos.

Indispensável dizer que as novas tecnologias também são um fator chave para que o agronegócio siga avançando, e os agentes do meio sabem disso. Cientes dessa necessidade, muitos profissionais do agronegócio têm buscado estudar para entender e aplicar as novas tecnologias no campo.

Para entender mais sobre este cenário e mostrar como você, profissional do setor agropecuário com curiosidade e ambição, pode seguir se atualizando, conversamos com Karina Cavalcante Teixeira Tiezzi, Coordenadora de Agronegócios na BMJ Consultores Associados, e Rui Rocha, sócio-fundador da Partner Consulting.

Vamos conferir? Continue lendo para saber mais!

Qual é o perfil do profissional de agronegócio do futuro?

Para Tiezzi, o importante fator da sustentabilidade tornou-se vital para os profissionais do agronegócio que querem seguir avançando.

“Observamos um fenômeno mundial de preocupação com a sustentabilidade em toda a cadeia de produção. O consumidor se interessa cada vez mais sobre a origem do produto consumido. É uma tendência que marca a nossa era e reflete a necessidade de adequação do perfil do profissional do agronegócio do futuro a essa realidade, devendo estar atento às exigências nacionais e internacionais sobre o tema e utilizando a tecnologia como um instrumento a seu favor.”

Rocha, por sua vez, observa que os profissionais do agro do futuro devem se atentar para alguns aspectos que são extremamente importantes para quem deseja realizar um bom trabalho. Por isso, ele destaca algumas habilidades que acredita serem necessárias nesse sentido.

“A primeira habilidade é uma visão estratégica. Segunda habilidade é a questão de liderança, pois hoje é muito importante o líder ter as habilidades de uma boa gestão de pessoas. Outra habilidade é o conhecimento de tecnologias, e não só a tecnologia do agro, mas a tecnologia em geral. É preciso conhecer as tendências de Transformação Digital, assim como as plataformas, que são aquelas que fazem a comercialização de seus produtos. É preciso estar à frente porque não falamos só da inovação de máquinas e equipamentos, mas também do que chamamos de tecnologia de precisão, algo que este profissional tem que conhecer muito”, diz.

Como as novas tecnologias auxiliam no agronegócio? 

Sabemos que novas tecnologias como Internet das Coisas (IoT), Inteligência Artificial (IA), Realidade Aumentada (RA) e blockchain, entre outras, já estão sendo utilizadas no setor agropecuário ao redor do globo, e isso é algo que também está sendo aplicado no Brasil.

Segundo Tiezzi, “Temos um desafio de aumentar a nossa produção mundial de alimentos em razão do aumento da população mundial e, nesse sentido, tecnologias como IoT e Análise de Dados permitem uma produção mais racional e otimizada, reduzindo significativamente os desperdícios e proporcionando ganho de produtividade, o que é fundamental.”

Ela prossegue, observando o importante fato de que “a agricultura de precisão é um exemplo de como é possível buscar proporcionar segurança alimentar de forma cada vez mais racional e sustentável.”

De maneira semelhante, Costa destaca vantagens que a tecnologia está trazendo há alguns anos e que nem sempre são observadas como deveriam, e as novas tecnologias devem acelerar ainda mais tais processos, tornando o agro ainda mais eficaz.

“A tecnologia trouxe uma melhoria de eficiência e de você extrair produtividade do solo absurda. Vamos pegar por exemplo a tecnologia de insumos. Hoje, cada vez mais os insumos estão com controle de pragas, controle biológico e incentivo para fazer o manejo. Por outro lado, você também observa novas máquinas, equipamentos, colheitadeiras, tratores, pulverizadores e uma gama de produtos altamente tecnificados que melhoram muito o solo. Se eu quero usar ferramentas de tecnologia, eu tenho que saber analisar. Então, ter uma base de dados e conhecer os sistemas de controle é muito importante”, aponta.

Quais áreas de tecnologia no agronegócio estão em alta?

Conforme vimos, a importância das novas tecnologias para o profissional do agronegócio atual são inúmeras e variadas, e é preciso compreender quais áreas do setor necessitam de conhecimentos específicos sobre essas ferramentas para melhor utilizá-las. Por isso, é importante também observar os variados segmentos do agro que têm utilizado a tecnologia com mais eficiência, e onde ela ainda pode ser expandida.

Para a representante do BMJ Consultores Associados, “podemos citar a já mencionada agricultura de precisão que permite otimizar a produção a partir do mapeamento e monitoramento das áreas, conduzindo à melhor tomada de decisão para o produtor.”

Ela complementa: “Destaco também o melhoramento genético e a biotecnologia, que também contribuem para o aumento da produtividade e garantia da segurança alimentar, sem que se aumente, necessariamente, a área de produção, contribuindo para uma produção cada vez mais sustentável; e softwares que permitem a coleta e análise de dados para otimizar a gestão da produção, evitando desperdícios e contribuindo de forma eficaz para a produção.”

O sócio da Partner Consulting tem visões parecidas, destacando que a conectividade é uma peça chave nas áreas que têm apresentado maior destaque quando falamos de tecnologia no agronegócio. Ele explica:

“O uso do equipamento é outra área que necessita de atenção, porque ainda existe uma carência na gestão das de safras e de propriedades. A questão de conhecer e de usar as ferramentas de gestão também tem um caminho grande a ser percorrido, e temos a possibilidade de utilizar o CRM, fazendo sua aderência com os RPs. Propriedades que já tenham um tamanho significativo e que possam usar sistemas integrados de gestão também são destaque. Por exemplo: é possível levar a conexão Wi-Fi para que as propriedades consigam captar o uso de satélite, otimizando suas produções através de melhores conexões online.”

Como o profissional de agronegócio deve se atualizar para as novas tecnologias?

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Para concluir, perguntamos aos nossos convidados sobre dicas para que os profissionais do agronegócio sigam se informando e aumentando seu conhecimento sobre o uso das novas tecnologias.

“O conceito de Learnability, ou capacidade de aprendizado, deve nortear todos os setores, inclusive no agronegócio. Temos o desafio de produzir cada vez mais e, fazer essa produção de forma sustentável. Para isso, é imprescindível o uso da tecnologia e, para tanto, resta essencial a educação continuada e a especialização técnica. Isso porque vivemos em constante mudança, o que restou ainda mais evidenciado na pandemia, que desafiou o mundo a se reinventar e adquirir novas habilidades para suprir suas necessidades. Isso reflete a necessidade de aprimoramento constante de técnicas, processos e análises, o que só é possível atingir com investimento em pesquisa e capacitação profissional”, diz Tiezzi.

Costa destaca também a necessidade de se aprender outros idiomas para melhorar a relação dos produtores com exportadores internacionais, assim como compreender mais de questões econômicas que são essenciais para o segmento agropecuário.

“O homem do campo hoje tem que falar inglês. É importante se relacionar, compreender como está a cotação, conhecer um pouco de mercado financeiro e demais especialidades do setor. Acho que ainda existe uma carência que precisa ser suprida nessa questão, assim como entender qual a melhor forma de otimizar a produtividade até ter o grão pronto para a venda. E saber como comercializar, que mercado acessar, descobrir mais sobre questões da bolsa e de mercados futuros. Creio que isso é bastante importante e existem muitos treinamentos e capacitação disponíveis neste sentido, principalmente online”, conclui.

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