A presente edição do Minutos Corporativos traz uma entrevista exclusiva com José Felipe Otero, que atualmente ocupa o cargo de vice-presidente para a América Latina da 5G Americas.

Com uma larga experiência no campo das tecnologias da comunicação, Otero já trabalhou em centenas de projetos de consultoria, em mais de 40 países.

Otero estabeleceu laços significativos com algumas das mais influentes instituições globais, incluindo o Banco Mundial, a Comissão Interamericana de Telecomunicações (CITEL), o Banco Interamericano de Desenvolvimento, o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD), a Casa Branca e o Departamento de Comércio dos Estados Unidos. 

Atualmente, o profissional concentra seus esforços em uma missão ainda mais nobre: trabalhar diretamente com entidades governamentais nas áreas da América Latina e do Caribe que carecem de serviços de telecomunicações e outros serviços digitais. Essa é a função que ele desenvolve como vice-presidente da 5G Americas. 

Acompanhe a seguir!

Quando falamos de políticas públicas, de que maneira o 5G se encontra nesse contexto?

José Felipe Otero: “Primeiro, temos que saber o que são as políticas públicas. São as decisões que funcionários de governo têm que tomar para promover o desenvolvimento econômico, o desenvolvimento social para melhorar a qualidade de vida das pessoas. 

Então como o 5G entra nas políticas públicas? É muito fácil esse exemplo! Como o 5G, pode colaborar a promover o desenvolvimento social, o desenvolvimento econômico para ajudar as pessoas? 

Por exemplo, lembrarmos o que aconteceu há dois, três anos, com a pandemia de Covid, que a quarentena obrigou as pessoas que não tinham outra alternativa a utilizar a tecnologia para fazer as coisas como comprar comida, para trabalhar, para assistir a universidade etc. 

Então, compreendendo o que tem a tecnologia como ferramenta, para ajudar as pessoas, para fazer as coisas. Então, o governo também tem que olhar a tecnologia como uma ferramenta para ajudá-lo e fazer coisas muito mais eficientes para incrementar a produtividade com o menor custo. 

Então, qual é a diferença que temos entre o 5G, e outras tecnologias? É que agora temos uma compreensão da autoridade do Brasil e também de outros países, da importância, relevância da tecnologia e agora está incluindo a promoção da tecnologia como parte dos planos de desenvolvimento econômico.

O Brasil está fazendo isso há muitos anos, antes da pandemia o Brasil já estava fazendo isso. Agora, se você ver o que está acontecendo na República Dominicana, Estados Unidos, Colômbia pode entender que os governos estão integrando a tecnologia como parte do processo, parte integral do processo de desenvolvimento econômico, eu a chamo de transformação digital. 

O que é a transformação digital? A transformação digital, a otimização da tecnologia para fazer coisas muito mais eficientes para incrementar a produtividade, mas fazer tudo isso aumentou o tempo e aumentou o custo. Esse é o papel que tem, não só o 5G, mas todas as tecnologias, de telecomunicação.”

Como especialista do mercado da América Latina, você poderia fazer um panorama e também uma comparação sobre a situação do 5G atualmente com outros países, incluindo o Brasil?

José Felipe Otero: “A melhor forma para fazer uma comparação é com dois focos. O primeiro é macro, é muito semelhante ao micro. O micro é a situação de dentro do país, por exemplo, o Brasil tem desenvolvimento assimétrico entre os diferentes estados, a parte do sudeste, tem desenvolvimento muito mais rápido, é muito mais rápido que na Amazônia, que no Nordeste etc. 

Então, a mesma coisa acontece nas Américas, você tem países que vão muito mais acelerados do que outros, mas dentro de cada país, dentro de cada estado, você vai ter regiões muito mais avançadas que outras.

Logo, você sempre tem uma assimetria, e o que significa essa assimetria? A assimetria é o que indica, qual é a responsabilidade dos governos para diminuir as diferenças das assimetrias que você tem dentro do país.

Outras variáveis que devem ser consideradas, por exemplo, é a locação do espectro radioelétrico. O Brasil e o mercado da América Latina têm mais espectro alocado para uso da tecnologia sem fio móvel. 

Em outras regiões, por exemplo, na América Central, o Brasil tem alocado 2.500 megahertz, mas você vê o Panamá, que só tem 10% da locação do Brasil.

Outra coisa é como está a situação macroeconômica dos países. Se você tem uma grande porcentagem da população do país abaixo dos níveis de pobreza, é muito difícil que você possa fomentar ou promover uma rápida adoção das novas tecnologias. 

Por exemplo, se você vê o Uruguai, a porcentagem entre pobreza é mínima: 3% a 4%. Se você começa a considerar Honduras, começa a considerar Haiti, com porcentagens de pobreza, de mais de 80% da população.

Infelizmente, na Argentina, agora mesmo, uma porcentagem de 65% da população, é muito difícil que o mercado tenha uma adoção da 5G muito rápida porque é caro.”

Quais são as suas apostas e análises para o futuro do 5G?

José Felipe Otero: “Eu espero que para o ano que vem o custo dos aparelhos comece a reduzir, porque agora mesmo, com o 5G, temos um problema. Antes da pandemia, vimos um choque econômico entre China e Estados Unidos, e agora mesmo temos uma falta de microprocessadores de chips. E como ainda não temos o suficiente para atender a demanda, os chips ainda são caros. 

Com o tempo, nos próximos 12 meses, a situação deve melhorar muito, então vamos ter uma diversificação do tipo de aparelhos de 5G, sobretudo no Brasil que agora mesmo tem entre 5% a 7% das pessoas utilizando o 5G, e isso tem que incrementar rapidamente.

Fora isso, o que poderíamos começar a ver a partir dos três anos é o lançamento de novas aplicações e novos serviços que comecem a utilizar melhor as tecnologias 5G e principalmente a redução de custos de transmissão de dados. 

Então, novos aplicativos que vão começar a usar realidade aumentada, hologramas, machine learning e outras formas de inteligência artificial”.

Se você pudesse conversar com quem você quisesse, quem seria, e por quê?

José Felipe Otero: “Jorge Luis Borges é um escritor argentino e é uma pessoa que através da literatura teve a facilidade de criar novos mundos, novos universos e integrar tudo o que você puder ver, incluindo a tecnologia, mitologia, política, isso em contos curtos, por isso seria fascinante falar com uma pessoa como ele, que escreveu tanto da América Latina, mas sem falar da América Latina.”

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