O termo Utility 4.0 refere-se a uma nova era de transformação digital em empresas de serviços públicos (utilities), que inclui eletricidade, água, esgoto, gás, entre outros.

Assim como outros setores da sociedade, os utilities são impactados pela convergência de tecnologias avançadas, como Internet das Coisas (IoT), big data, Inteligência Artificial e blockchain

Buscando mais conhecimentos sobre o tema, entrevistamos Mauro Periquito, diretor especialista em network da Kyndryl Brasil. Veja as considerações que ele nos trouxe, a seguir!

Expansão e essencialidade dos serviços

Nos últimos vinte anos, o setor de utilities passou por uma significativa expansão na prestação de serviços. 

Segundo Periquito, “a privatização das teles, a eletrificação rural e a obrigação do uso de gás encanado em condomínios verticais são exemplos de aceleração dessa demanda”. 

Olhando sob a ótica do cliente, esses serviços se tornaram cada vez mais essenciais para o bem-estar de todos”, complementa o especialista.

A crescente capilaridade e a alta disponibilidade dos serviços fizeram com que o setor buscasse na tecnologia vetores de aceleração para a expansão, a operação e a automação dos serviços. 

Periquito destaca que a transformação digital tem sido uma resposta estratégica para atender às necessidades crescentes e melhorar a eficiência operacional.

Principais tecnologias influenciadoras

A transformação digital das utilities é impulsionada por diversas tecnologias avançadas. 

Periquito destaca que “em empresas de saneamento, energia e gás, os projetos de smart grid têm chamado bastante a atenção”.

“Para viabilizá-los, é necessário ter conectividade entre os centros de controle e operação, os nós da rede de distribuição de serviços e os medidores inteligentes nas unidades consumidoras”, comenta ele. 

Além disso, a criação de dispositivos IoT, que funcionam como medidores, atuadores ou sensores, tem sido crucial. 

“Outra frente muito importante é, após a coleta e o envio desses dados, o tratamento com IA para gerar insights que podem reduzir custos, aumentar a eficiência e melhorar a satisfação dos clientes”, explica Periquito.

Benefícios da transformação digital

A adoção de tecnologias digitais traz inúmeros benefícios para as empresas de utilities. Periquito lista alguns dos mais significativos:

  • Maior controle sobre a rede: “aumenta a disponibilidade e acelera o tempo de resposta a incidente”;
  • Prevenção de acidentes: “reduz o tempo dos profissionais em campo ou em tarefas de alto risco”;
  • Digitalização dos canais de atendimento: “reduz visitas às agências de atenção ao cliente”;
  • Agilidade e precisão no faturamento: “melhora o faturamento mensal das unidades medidoras”;
  • Simulação de cenários de consumo: “auxilia nos planos de expansão das utilities”;
  • Redução nas perdas: “minimiza fraudes ou problemas na distribuição”.

Desafios na implementação

Apesar dos benefícios, a implementação da transformação digital nas utilities enfrenta diversos desafios. 

Periquito destaca que “a curva de adoção dos serviços digitais é bastante diferente quando comparamos os grandes centros urbanos com as cidades menores do interior.”

Para o especialista, a pandemia acelerou a transformação devido à indisponibilidade de atendimento pessoal. Porém, o nível de automação e tecnologia embarcado nos aplicativos ainda é uma barreira para aqueles menos fluentes em tecnologia. 

Outro desafio importante é a segurança cibernética. “Por se tratar de serviços essenciais para a população, a digitalização de alguns processos pode expor dados estratégicos se não forem tomados cuidados com a cibersegurança”, alerta Periquito.

Tendências futuras

O futuro da transformação digital nas utilities promete ser ainda mais dinâmico e inovador.

Periquito prevê que “o ‘quadrado mágico’ de conectividade, IoT, Inteligência Artificial e Edge/Cloud Computing deve seguir acelerando as iniciativas de transformação digital neste setor.”

Com o amadurecimento das iniciativas usando Inteligência Artificial, novos casos de uso surgirão, melhorando a experiência dos clientes e apoiando as utilities em seus programas de eficiência operacional. 

Periquito conclui: “Devemos ver, ao longo dos próximos anos, novos casos de uso que melhorem a experiência dos clientes e apoiem as utilities nos seus programas de eficiência operacional.”

Por falar em futuro, leia também o nosso artigo que fala sobre a mobilidade urbana urgente e conectada!

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