A importância de uma política de semicondutores no Brasil tem sido amplamente discutida entre autoridades, especialistas e setores industriais.
Cabe lembrar que os semicondutores são componentes essenciais para uma variedade de tecnologias modernas. Entre elas, destacam-se: comunicações, automação industrial, inteligência artificial e veículos autônomos.
Portanto, o desenvolvimento de uma política nacional para esse setor pode impulsionar a inovação e a competitividade do país em várias áreas.
Para entender melhor o cenário, entrevistamos Israel Guratti, Gerente de Tecnologia e Política Industrial da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE). Ele falou sobre as necessidades e potenciais impactos de uma política de semicondutores no Brasil. Acompanhe!
A importância de uma política de semicondutores no Brasil
“Uma política de semicondutores no Brasil é vital para impulsionar o desenvolvimento tecnológico em diversas áreas, por exemplo, veículos autônomos, inovações em energia e saúde, fundamentais para a competitividade e inovação em diversos setores da economia,” afirmou Guratti.
Ele destacou que promover a produção nacional de semicondutores pode reduzir a atual dependência de fornecedores estrangeiros.
Além disso, de acordo com o especialista, se o Brasil investir nessa área, serão gerados empregos de alta qualidade em pesquisa e desenvolvimento, design e produção.
O impacto dos semicondutores em diferentes áreas
Uma política de semicondutores, se bem conduzida, poderá gerar diversos impactos positivos em áreas como a indústria de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e automativa.
Nas palavras de Guratti, os impactos dos semicondutores nas indústrias de TICs são:
- Computação e eletrônicos de consumo: “semicondutores são a espinha dorsal de dispositivos eletrônicos como computadores, smartphones, tablets, e dispositivos IoT. Eles capacitam o processamento de dados, a comunicação sem fio, a execução de software e a inteligência artificial”.
- Redes de comunicação: “equipamentos de rede, como roteadores, switches e recursos de telecomunicação, dependem de semicondutores para operar. Semicondutores avançados, como os utilizados em tecnologias de 5G, são essenciais para melhorar a largura de banda, a latência e a confiabilidade das redes”;
- Armazenamento de dados: “chips de memória são essenciais para armazenar e acessar dados em computadores e dispositivos móveis. Eles também são cruciais para servidores em data centers, onde a demanda por capacidade de armazenamento está sempre crescendo”.
Já no que se refere aos impactos na indústria automotiva, Guratti faz os seguintes apontamentos:
- Controle e segurança: “semicondutores são fundamentais para sistemas de controle em veículos modernos, incluindo unidades de controle do motor, sistemas de freios antibloqueio (ABS), airbags e sistemas de entretenimento e navegação. Além disso, eles desempenham um papel crucial em sistemas de segurança avançados, como câmeras e sensores usados em sistemas de assistência ao motorista”;
- Eletrificação e veículos autônomos: “com a crescente eletrificação e automação dos veículos, a demanda por semicondutores na indústria automotiva está em ascensão. Os semicondutores são essenciais para sistemas de propulsão elétrica, como baterias e inversores, bem como para sistemas de sensoriamento e processamento de dados em veículos autônomos”;
- Conectividade e entretenimento: “recursos em veículos modernos, como sistemas de infoentretenimento e navegação por GPS, dependem de semicondutores para funcionar, além dos displays cada vez maiores baseados em tecnologias semicondutoras”.
O plano de ação para a neoindustrialização do Brasil
Guratti também discutiu o Plano de Ação para a Neoindustrialização do Brasil. Para ele, essa é uma iniciativa abrangente que visa impulsionar a indústria brasileira para promover o desenvolvimento econômico sustentável.
“Esse plano inclui setores como manufatura avançada, tecnologia da informação, automação e digitalização,” explicou o representante da ABINEE.
De acordo com Guaratti, algumas das ações do plano são as seguintes:
- Investimento em infraestrutura tecnológica: “ambientes de colaboração entre empresas, universidades e governo que promovam a inovação e o desenvolvimento de tecnologias avançadas”;
- Fomento ao empreendedorismo e startups: “políticas para facilitar a criação e o crescimento de startups e empresas de base tecnológica, simplificando processos burocráticos, oferecendo acesso a financiamento e programas de capacitação para empreendedores”;
- Desenvolvimento de cadeias produtivas locais: “promover a integração das cadeias produtivas, incentivando a produção local de componentes e insumos utilizados na indústria de alta tecnologia para reduzir a dependência de importações e fortalecer a competitividade da indústria brasileira”;
- Políticas de comércio exterior: “promover as exportações de produtos de alta tecnologia, atrair investimentos estrangeiros para o setor industrial brasileiro, incluir a negociação de acordos comerciais favoráveis e a criação de zonas econômicas especiais para empresas de tecnologia.”
Oportunidade de uma política de semicondutores brasileira
No entendimento de Guaratti, deve-se impulsionar o desenvolvimento econômico e tecnológico do País. Ele acredita que isso melhorará a competitividade da indústria nacional e promoverá a inovação em diversos setores-chave da economia.
“A produção local de semicondutores não só reduzirá a dependência externa, mas também estimulará o desenvolvimento de uma cadeia produtiva local”, finaliza.
Com uma abordagem estratégica, envolvendo governo, indústria e academia, o Brasil pode se posicionar como um player relevante no cenário global de semicondutores. Para isso, é claro, deve-se aproveitar as oportunidades e enfrentar os desafios que essa transformação exige.
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