*Hermano do Amaral Pinto Jr.

Neste ano, o tema central do grande encontro do mundo da tecnologia em Barcelona foi a “Conectividade Inteligente”, ou seja, como a combinação do 5G, da Inteligência Artificial, do Big Data e da Internet das Coisas forma a base para transformar profundamente a sociedade como a conhecemos.

Assim, muito se falou de Sistemas Cognitivos, Machine Learning, Robótica Avançada, Assistentes Virtuais, dentre outras denominações para o conceito de AI (Artificial Intelligence), cujos impactos para os seres humanos ainda necessitam ser precisados, mas que serão bastante amplos no horizonte de 10 a 20 anos.

Um destes impactos mais evidentes, trata da empregabilidade, da formação da nova força de trabalho e da migração dos atuais profissionais, tema central no debate que tivemos com representantes do executivo e do legislativo brasileiro.

E quais áreas do trabalho humano estarão “a salvo” desta disrupção que se aproxima? Certamente, aquelas que não sejam preditivas ou repetitivas. Aquelas que envolvam criatividade, que exijam “pensar fora da caixa”, que construam coisas novas. Este já é um indicativo de como as nossas escolas e universidades terão que se adaptar a nova realidade: colaboração, inovação, programação, experimentação devem entrar com muita força nas novas agendas curriculares.

Outras profissões que deverão ganhar ainda maior importância são aquelas associadas à construção de relações humanas sofisticadas e interpessoais, tais como enfermeiras, médicos, engenheiros de aplicação, vendedores consultivos ou internacionalistas. Também não se deverá supor que a robótica consiga substituir no curto prazo profissões que envolvam habilidades de destreza e de rápida adaptação a ambientes novos e desconhecidos. Eletricistas, mecânicos, encanadores, e muitas das profissões que exijam tais habilidades deverão ainda ser valorizadas por mais uma ou duas gerações, até que um R2-D2 deixe o âmbito da ficção científica.

Entretanto, não podemos pensar apenas na “empregabilidade”, mas como podemos nos posicionar como vencedores neste novo Mundo 4.0, de conectividade inteligente e novos paradigmas econômicos?

A competitividade das Nações entra em uma nova etapa, tão relevante como foram as revoluções industriais passadas, em que o controle dos meios de produção, da eletricidade e das tecnologias de automação foram preponderantes para o balanço do poder. O novo elemento de diferenciação será com qual eficiência e amplitude as ferramentas de inteligência artificial poderão ser usadas com sucesso para a sociedade e a economia de cada país. E, historicamente já vimos, que isto não passa apenas pelo domínio da tecnologia, mas como as empresas e os governos se posicionam quanto ao seu uso.

De forma antecipada e planejada, a China já está se preparando para este novo mundo. Estados Unidos e Europa buscam recuperar o tempo perdido. As Nações que sairão vitoriosas da Revolução da Inteligência Artificial serão aquelas que tiverem um plano estruturado e eficiente para gerir as disrupções na sociedade que a tecnologia trará.

Enquanto Nação, temos vantagens competitivas enormes no que tange ao Agronegócio e demandas gigantescas em termos de Logística, Saúde, Comunicações e Serviços. Assim, cabe ao Brasil preparar seus jovens através de novas estruturas curriculares, mas também atualizar os nossos mecanismos regulatórios e tributários para modernizar as relações entre o Estado e a Iniciativa Privada e viabilizar eticamente investimentos.

Muito a fazer, mas com a certeza de que se não o fizermos, perderemos mais um “bonde” da história, o mais importante e mais disruptivo de todos os tempos!

*diretor do Futurecom