Assim como outras áreas, a educação também está passando pelas mudanças causadas pela quarta revolução industrial. Porém, mesmo com os avanços e as mudanças causadas pela pandemia, o setor ainda precisa avançar para obter uma boa transformação digital na educação.
Segundo dados de um relatório realizado pelo CIEB (Centro de Inovação para a Educação Brasileira), 46% das escolas públicas do país ainda não dispõe de projetos que utilizam a tecnologia para a prática da pedagogia na sala de aula.
Para compreendermos como melhorar este cenário, entrevistamos Marcos Alberto Bussab, gestor e professor dos cursos de Engenharia da Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS.
Veja, a seguir, os principais pontos apresentados por ele sobre os desafios e caminhos para docentes e especialistas que querem ensinar no mundo digital.
Os principais desafios enfrentados pelos educadores ao ensinar no mundo digital
Na visão de Bussab, “a educação digital no Brasil ainda representa um verdadeiro desafio para muitas instituições de ensino, sobretudo em relação à adoção de tecnologias e metodologias interativas.”
Ele lembra que, em nosso país, ainda é bastante comum encontrarmos “problemas de acessibilidade, engajamento e falhas no processo de ensino em diversas regiões.”
Para o especialista, “o papel do docente se altera para ser um facilitador do processo de aprendizagem, utilizando as inovações como ferramentas para atrair e agregar a atenção dos estudantes, o que gera resistências e incompreensões.”
Tecnologias da transformação digital na educação
O docente da USCS elenca quatro pontos que crê serem essenciais para transformar esse uso da tecnologia nas salas de aula. São eles:
- realidade aumentada;
- realidade virtual;
- gamificação;
- sala de aula invertida.
Bussab prossegue, destacando que “os recursos educacionais digitais (REDs) são conteúdos, ferramentas, plataformas e equipamentos de tecnologia digital que potencializam a aprendizagem.”
Ainda em suas palavras, “diferentemente dos recursos educacionais tradicionais, como livro físico, quadro e transferidor, os REDs são mais flexíveis, interativos e personalizados para cada estudante.”
O professor dá mais detalhes de seu uso: “A atualização deles também é mais rápida e menos burocrática, o que colabora para a melhoria contínua da educação. Além de apresentar essas vantagens, os recursos educacionais digitais precisam ser implantados na escola em resposta às mudanças sociais, econômicas e profissionais que sucederam a evolução das tecnologias.”
Bussab completa, reforçando que “os repositórios são plataformas de compartilhamento de recursos educacionais digitais.”
Como a educação 4.0 melhora experiência de aprendizagem dos alunos?
Para nosso entrevistado, “a educação 4.0 é uma abordagem teórico-prática baseada no ‘learning by doing’, expressão em inglês que se refere ao aprendizado por meio da experimentação, vivências e realização de projetos. O termo está diretamente ligado à Cultura Maker.”
Ele ressalta ainda que esta abordagem “está diretamente ligada aos avanços tecnológicos dos últimos anos, em especial a linguagem computacional, a Inteligência Artificial (IA) e a Internet das Coisas (IoT).”
Conforme diz Bussab, “a educação 4.0 ajuda professores e gestores a lidarem com as novas tecnologias, facilitando a comunicação com estudantes que são nativos digitais. Mais do que saber fórmulas de matemática, os estudantes precisam desenvolver autonomia, criatividade e resiliência.”
Como a personalização do ensino é facilitada pela educação 4.0?
O professor reitera que “a personalização do aprendizado é um conceito amplo, que diz respeito à adaptação das metodologias de ensino de acordo com os interesses e necessidades de cada aluno. “
Segundo ele explica, “a personalização do ensino pode ser considerada uma inovação educacional, pois utiliza de novos meios tecnológicos e metodologias inovadoras para personalizar o ensino conforme a realidade dos estudantes.”
Cases de sucesso da transformação digital na educação
Falando de cases de sucesso que já estão sendo realizados no cenário de transformação digital na educação, Bussab reforça que “o modelo é aplicado a partir de metodologias ativas que incentivam a participação direta dos estudantes e a colaboração na construção do conhecimento.”
Ele lista algumas ações que já têm colhido frutos neste aspecto. Confira:
Ensino híbrido: utiliza aulas presenciais e à distância em plataformas EAD para colocar o aluno como protagonista do próprio aprendizado e usa a tecnologia como aliada desse processo.
- Aprendizagem baseada em projetos (ABP): “Também chamada de project-based learning (PBL), incentiva os alunos a solucionarem desafios de maneira colaborativa, explorando e testando suas hipóteses.”
- Gamificação: “Utiliza jogos e desafios para engajar os alunos e incentivar sua participação na aprendizagem.”
- STEAM: “Reúne conceitos de engenharia, matemática, ciências, artes e a tecnologia para auxiliar no desenvolvimento dos estudantes de uma forma prática e interdisciplinar.”
Continuando, o professor também salienta que “o surgimento da educação 4.0 também se deve às demandas atuais do mercado de trabalho, já que os alunos de hoje podem ter profissões que ainda serão criadas futuramente.”
Para ele, “nesse sentido, a escola deve ir além do aprendizado técnico e desenvolver habilidades socioemocionais como empatia, trabalho em equipe, criatividade, pensamento crítico, empreendedorismo, entre outras.”
O especialista, no entanto, faz uma ressalva que envolve outras ações complementares.
“Essa mudança de paradigma traz diversos desafios para os professores e gestores, que também precisam aprender novas competências para ajudar os alunos nesse processo”, conta ele.
O professor continua, lembrando que “não há um modelo pronto a ser adotado e cada instituição deve encontrar seu próprio caminho de acordo com suas possibilidades e necessidades dos estudantes.”
Segundo Bussab, “para isso, é importante que a gestão educacional invista em tecnologia e em capacitação do corpo docente, de modo que possam utilizar todo o potencial dessas ferramentas e ajudar os alunos durante as aulas.”
Ele finaliza, afirmando que “é importante destacar que este modelo é voltado para a aplicação da tecnologia na instituição como um todo, ou seja, tanto na otimização de processos administrativos quanto dentro das salas de aula.”
“Assim, é possível automatizar tarefas burocráticas e promover a integração entre os setores para facilitar a gestão escolar e otimizar o tempo de gestores, professores e demais funcionários”, conclui.
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