São 55 milhões de brasileiros desbancarizados no Brasil. Esses são números comprovados em pesquisa de 2013 realizada pelo Instituto Data Popular, concluiu que 40% da população do país que já alcançou a maioridade, não possui nenhum vínculo com instituições bancárias.

Mesmo assim, essa significativa parcela da população movimenta todos os anos R$ 665 bilhões em nossa economia.

Mas afinal, quem são os desbancarizados brasileiros? Será que eles são pessoas que optaram por não terem conta bancária ou que têm dificuldade para ter acesso a esse serviço financeiro?

O perfil dos desbancarizados brasileiros

Se você acha que os desbancarizados são compostos apenas por pessoas oriundas da classe economicamente mais baixa, a pesquisa também revelou que do total de 55 milhões de pessoas:

  • 6 milhões são pertencentes da classe alta;
  • 29 milhões da classe média;
  • e 20 milhões da classe economicamente mais baixa.

Em relação à área geográfica, metade dos brasileiros desbancarizados vive nos Estados do Nordeste e do Norte, enquanto o Centro-Oeste concentra 31% e os desbancarizados das regiões Sul e Sudeste representam 30% do total.

“O fato delas não utilizarem o sistema financeiro não significa que elas não ajudem a movimentar a economia”, afirma Ricardo Capucio, CEO da Conta.mobi, fintech especializada nesse nicho de mercado. Ele complementa:

“Estamos falando, em grande parte dos casos, de profissionais autônomos, formalizados ou não, que trabalham duro no dia-a-dia para garantir seu sustento e são pessoas como quaisquer outras, que consomem, que investem em lazer para si e para a família, que fazem suas compras semanais em supermercados, que compram presentes para os filhos no natal, enfim, são consumidores como quaisquer outros”.

Por que os desbancarizados evitam ter conta em bancos?

São vários os motivos que explicam a grande quantidade de pessoas sem conta bancária no Brasil. Eis alguns exemplos:

  • A própria pesquisa do Data Popular indicou que parte dos desbancarizados apresenta dificuldade de acesso a agência bancárias, principalmente se forem moradores de pequenos municípios – alguns ainda sequer possuem agências.
  • Alguns desbancarizados podem estar negativados no sistema financeiro tradicional, seja pela falta de pagamento de uma dívida no comércio de bens e serviços ou alguma dívida contraída junto à própria instituição financeira. Isso dificulta tanto a retomada do crédito de quem tinha uma conta quanto o acesso a uma conta por quem nunca teve uma.
  • Determinadas exigências dos bancos quanto ao perfil de seus clientes também podem gerar desbancarizados.
  • O custo das tarifas de manutenção de conta, serviços em geral e seguros é outro grande motivo para que os desbancarizados não queiram saber de abrir conta em banco. Ainda mais levando em consideração o aumento das transferências eletrônicas (TEDs), que também significa custos a mais em bancos tradicionais.
  • Alguns desbancarizados simplesmente não querem ter nenhum relacionamento com o sistema bancário tradicional, com todo seu excesso de burocracia e problemas de atendimento (longas filas, etc.).
  • O aumento do número de profissionais autônomos e microempreendedores individuais também pode explicar parte da quantidade de desbancarizados no país. Afinal, nem sempre é simples esses profissionais comprovarem suas rendas e obterem acesso a uma conta jurídica que lhes apresente benefícios (já até falamos sobre isso neste post aqui).
  • A geração de Millenials, nascidos entre os anos 1980 e 1990, cresceu integrada à era tecnológica e esses jovens já estão acostumados a utilizarem meios digitais e desburocratizados para a movimentação de seu dinheiro.
  • O aumento das opções de meios de pagamento que não dependem de conta bancária também pode explicar o número de desbancarizados no Brasil. Cartões pré-pagos, boletos, pagamento online, etc., integram essa lista.

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