Do atendimento digital aos algoritmos que realizam sugestões cada vez mais apuradas de compra, a Inteligência Artificial (IA) está causando uma verdadeira revolução no varejo. 

Para entender mais sobre como a IA está sendo aplicada no varejo, com análise do cenário e cases de sucesso, conversamos com Rodrigo de Camargo Arruda, diretor da WSI B2U; Marcelo Villares, diretor operacional da Minha Quitandinha; e Vinícius Orsi Valente, co-fundador e CTO da Take and Go.

Vamos conferir? Continue lendo para saber mais!

A evolução da Inteligência Artificial (IA) no varejo

Antes uma terminologia mais ligada ao universo da ficção científica, a Inteligência Artificial (IA) tornou-se realidade no dia a dia, e hoje já é comum nos depararmos com ela tanto em nossas atividades diárias quanto em ações profissionais.

“O uso da IA pode ser visto nas práticas comerciais ou nas operações, em processos de atendimento ao cliente – com os bem conhecidos robôs de atendimento (chatbot) – no atendimento personalizado feito por uma máquina, no e-commerce e no marketing digital”, explica Arruda.

“Cada vez mais a análise de dados vem ganhando relevância e se tornando ferramenta de inteligência de mercado, as empresas estão investindo cada vez mais recursos nessas frentes, afinal, dados por si só não tem valor algum se não estiverem devidamente estruturados. Com a evolução da Inteligência Artificial, o poder de tomada de decisão ganha capacidade de processamento de grandes volumes de dados, agilidade e confiabilidade”, complementa Villares.

“Segundo pesquisas realizadas recentemente por consultorias internacionais, o uso da IA não só é uma tendência para os próximos anos, como sugerem que a estimativa é de US $7 bilhões de investimentos em 2022”, prossegue Rodrigo Arruda, apontando esta notória tendência de crescimento do uso da tecnologia identificada no Relatório de Tendência Globais para o Varejo 2020 da KPMG.

Aplicações da Inteligência Artificial no varejo

Além dos já citados chatbots e dos algoritmos que contribuem com a ativação de promoções e condições especiais, a Inteligência Artificial tem sido usada de forma cada vez mais assertiva pelos grandes varejistas.

“Seja nas plataformas digitais, nos e-commerce ou nas lojas físicas, as derivações da IA ao Machine Learning, redes neurais, mineração de dados, processamento de linguagem natural, simulação do pensamento humano ou na Internet das Coisas (IoT), são uma realidade que estão por trás dos negócios mais bem sucedidos, pois permitem a tomada de decisões, redução de custos e aumento de eficiência das operações do varejo”, observa Rodrigo Arruda.

Valente, do Take and Go, cita também “a utilização de drones para monitoramento de grandes áreas, detecções de pragas e outros desafios na área de agricultura”, em uma amostra de como a IA tem sido utilizada nos mais diversos níveis da cadeia produtivo, considerando que muitas vezes os produtos do agronegócio, após passarem por processos industriais, são comercializados em sites de varejistas que utilizam a mesma IA de outras maneiras, já na relação final com o consumidor.

Em um raciocínio semelhante, Villares observa que, atualmente, as grandes redes varejistas investem cada vez mais em formas de criar experiências personalizadas para seus clientes, o que, em última instância, gera maior nível de fidelização e satisfação com os serviços daquela companhia.

“A preocupação das empresas em entender o perfil do consumidor tem sido intensa, e é uma tendência para agora e para os próximos anos, não somente na venda, como na operação do negócio. A oferta acaba ganhando maior assertividade, gerando um perfil único de consumo, resultando em uma maior composição de venda”, diz o representane do Minha Quitandinha.

Principais cases de Inteligência Artifical no varejo

Quando falamos do uso da IA no varejo, algumas empresas se destacam por seu pioneirismo, pelo investimento que estão aportando nas funcionalidades da tecnologia e pela busca por melhorias que, em última instância, ofereçam vantagens competitivas frente aos concorrentes na hora de conquistar os clientes.

Pedimos a nossos convidados que apontassem alguns exemplos de sucesso no uso da IA no varejo. Conheça alguns deles:

“A aplicação da IA no autoatendimento do check-out de lojas físicas já é uma realidade na loja conceito da Amazon. No self-checkout, o cliente, já pré-cadastrado, é reconhecido por sua imagem, pode pegar os produtos diretamente nas prateleiras e sair sem precisar pegar filas no caixa ou sacar sua carteira. Os produtos que estão sendo levados são escaneados automaticamente ao sair da loja, e o pagamento é debitado da conta do cliente”, aponta Arruda, da WSI B2U.

“Uma área que também avançou muito com aplicações de IA é a logística. Nos últimos anos, principalmente após a pandemia do coronavírus, o Mercado Livre teve um grande incremento nas suas vendas, e a otimização dos envios foi crucial para atender tal demanda crescente. Além da aquisição de novas frotas, análises e predições através de algoritmos de Machine Learning foram fundamentais para a escolha dos produtos certos, nos centros logísticos adequados, para garantir a rapidez e assertividade nas entregas”, diz Valente.

“A H&M (Hennes & Mauritz), empresa sueca de moda com mais de cinco mil lojas, já utiliza a tecnologia de IA em diversos pilares da empresa, desde a formatação da coleção até a logística. Para o setor de moda, o sistema analisa o comportamento do consumidor para a criação de designs personalizados. Outra inovação foi na parte da experiência do cliente, na qual a H&M recebe recomendações baseadas nas experiências de compras com o objetivo de indicar ao consumidor em qual loja determinados produtos podem ser encontrados”, exemplifica Villares.

Entre outras, nossos convidados também citaram cases de sucesso como o do Magazine Luiza, com o Magalu, o dos algoritmos do Spotify, Netflix e afins, e o dos serviços bancários, que se tornaram ainda mais utilizados com a pandemia, permitindo as realizações de transferências e outras ações pelo uso exclusivo da IA.

Com o constante avanço desta e de outras inovações, a tendência é de que a IA torne-se a regra ao invés da exceção no varejo, oferecendo funcionalidades cada vez mais assertivas para as empresas e para os consumidores, o que seguirá causando impactos na forma como pesquisamos e consumimos. 

Portanto, se você está no varejo, a hora de inovar é agora