Dispositivos conectados, inteligência artificial generativa (Gen AI) e robótica: tais termos que há pouco eram desconhecidos na área da saúde, atualmente, fazem parte do cotidiano de médicos, enfermeiros e outros profissionais do segmento.
Tais inovações estão moldando o futuro da medicina, trazendo benefícios tanto para profissionais quanto para pacientes.
Para aprofundar essa discussão, entrevistamos o professor e pesquisador Anderson Rocha, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e palestrante do painel "Future Health e a Reinvenção do Cuidado: conectividade, gen AI e robótica em debate" no Futurecom 2024.
Experiente na área, ele abordou sobre o impacto dessas tecnologias no setor de saúde. Entenda mais sobre o tema a seguir!
Dispositivos conectados: monitoramento em tempo real e integração
Os dispositivos conectados, como wearables, sensores e sistemas de monitoramento remoto, estão entre as inovações mais transformadoras da última década.
Rocha destacou os principais benefícios dessa tecnologia: “Podemos citar a melhoria no monitoramento contínuo dos pacientes, permitindo uma resposta mais rápida a emergências e condições críticas”.
“Além disso, esses dispositivos facilitam a coleta e análise de grandes volumes de dados em tempo real, auxiliando na personalização de tratamentos e na otimização dos recursos hospitalares”, continua o nosso entrevistado.
O professor também ressaltou a importância da conectividade para a integração dos sistemas de saúde: “Esses dispositivos promovem uma melhor integração dos sistemas de saúde, possibilitando um fluxo de informações mais eficiente entre diferentes departamentos e profissionais, o que resulta em cuidados mais coordenados e eficazes”.
Gen AI: inteligência artificial para personalização de tratamentos e desenvolvimento de medicamentos
A inteligência artificial generativa tem se mostrado uma ferramenta poderosa no campo da saúde.
Além de acelerar a descoberta de novos medicamentos, a Gen AI também tem aplicações em diagnósticos e na criação de modelos personalizados para tratamentos médicos.
“Entre as aplicações de Gen AI na saúde, podemos pensar na criação de novos medicamentos, onde a IA acelera o processo de descoberta e desenvolvimento de fármacos”, explicou Rocha.
Ele também mencionou o uso dessa tecnologia em áreas como imagens médicas sintéticas: “A geração de imagens médicas sintéticas para treinar modelos de aprendizado de máquina melhora a precisão diagnóstica sem depender de dados reais sensíveis”.
Além disso, a Gen AI tem sido usada para personalizar planos de tratamento, simular procedimentos cirúrgicos complexos e até mesmo criar assistentes virtuais.
Robótica: cirurgias mais precisas e reabilitação avançada
Os avanços na robótica médica também têm sido impressionantes, permitindo que cirurgias sejam realizadas com mais precisão e menos invasividade.
Segundo Rocha, um dos principais exemplos é o uso de robôs assistentes em cirurgias complexas, que oferecem maior controle ao cirurgião.
O pesquisador afirma ainda que: “Também houve progressos na robótica assistiva, com dispositivos que ajudam na reabilitação de pacientes, permitindo uma recuperação mais rápida e eficiente”.
Outro avanço notável é a miniaturização de robôs para procedimentos internos, como endoscopias e cirurgias minimamente invasivas, que proporcionam menos desconforto e tempos de recuperação mais curtos para os pacientes.
Impacto no bem-estar dos pacientes e eficiência dos sistemas de saúde
Rocha destacou que “essas tecnologias têm um grande impacto na saúde e bem-estar dos pacientes. Elas melhoram a precisão dos diagnósticos e a eficácia dos tratamentos, resultando em melhores resultados clínicos”.
Além disso, com recursos utilizados de maneira mais inteligente, é possível reduzir custos e ampliar o acesso a cuidados de qualidade.
Iniciativas integradas: conectividade, Gen AI e robótica em ação
Ao serem integradas, as tecnologias de conectividade, Gen AI e robótica criam um ecossistema de saúde mais eficiente e eficaz. Em diversas partes do mundo, as iniciativas têm combinado essas ferramentas para otimizar o atendimento aos pacientes.
“Existem várias iniciativas que estão integrando conectividade, Gen AI e robótica para criar um ecossistema de saúde mais eficiente”, explicou Rocha.
Ele citou o exemplo de plataformas que monitoram pacientes em tempo real com dispositivos conectados, utilizando Gen AI para prever complicações e robôs assistentes para intervenções médicas automatizadas.
No Brasil, um exemplo é o Viva Bem, um hub de IA que integra várias tecnologias para desenvolver soluções de saúde.
“Um dos principais resultados do Viva Bem até o momento é o Viva Sensing, um aplicativo que coleta dados de biosinais em tempo real a partir de dispositivos vestíveis, ajudando na detecção antecipada de condições que podem afetar a saúde e o bem-estar”, explicou o pesquisador, destacando a parceria entre Unicamp, Samsung e o Instituto SiDi nesse projeto.
Oportunidades para novos modelos de negócios
Além de melhorar os cuidados de saúde, as inovações tecnológicas estão criando novas oportunidades de negócios.
De acordo com Rocha: “As inovações tecnológicas na saúde estão criando diversas oportunidades para novos modelos de negócios, como serviços de saúde baseados em assinatura, onde pacientes podem acessar cuidados contínuos e personalizados através de plataformas digitais que utilizam IA e dispositivos conectados”.
Ele também destacou o conceito de “hospitais sem paredes”, em que a telemedicina e a robótica permitem que cuidados médicos sejam realizados em casa, reduzindo a necessidade de hospitalizações.
Além disso, empresas focadas em big data e Gen AI estão desenvolvendo ferramentas que aceleram o desenvolvimento de novos tratamentos e personalizam a medicina, criando mercados inteiramente novos para terapias personalizadas e medicina preventiva.
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