Você se lembra da primeira vez que ouviu falar sobre IA generativa? Faz apenas dois anos que esse termo se popularizou realmente, com as primeiras ferramentas livres na internet para criar textos e imagens com inteligência artificial. Pouco tempo depois, essa tecnologia está totalmente incorporada em nível industrial nos mais diversos ramos da economia brasileira e mundial.
Pensando nisso, o Futurecom 2024 recebeu executivos para o debate “A Era da Inteligência: IA dentro das organizações e em (quase) todos os lugares”. O papo foi mediado pela conselheira das Lojas Renner, DPSP e Fruki Bebidas, Christiane Edington, que deu uma linha do tempo sobre o uso da inteligência artificial no mercado de TI no Brasil.
“Ao longo das últimas décadas, a tecnologia sempre gerou avanços relevantes para a indústria. Mas nada se compara ao que aconteceu em novembro de 2022, quando o mundo conheceu a IA generativa. No ano seguinte, as empresas passaram a experimentar com esses modelos, e agora estamos encerrando 2024 com o desafio de escalonar, usar a IA massivamente para agregar valor ao negócio. Isso também significa que saímos da ‘lua de mel’ e começamos a ver as enormes dificuldades de implementação dessa tecnologia no dia a dia de uma companhia”, explicou Christiane.
É claro que essa primavera de estudos e experimentos com a tecnologia só foi possível graças ao investimento das grandes empresas, que buscam formas de melhorar seus serviços e otimizar os processos. Cristina Cestari, CIO da Volkswagen para a América do Sul, disse que a gigante automobilística investirá US$16 milhões no mercado brasileiro até 2028, período no qual irá lançar 16 novos modelos de carros.
“O fato de termos treze marcas dentro do grupo Volkswagen traz vantagens no volume de dados coletados para análise por IA, sempre com o devido cuidado com o que é compartilhado. Os primeiros cases, naturalmente, aconteceram onde havia dados mais estruturados, como os setores de vendas e marketing. Também criamos uma ferramenta de produtividade para colaboradores, e a próxima etapa será sair da IA cognitiva, ou ‘de manual’ e trazer a tecnologia para usabilidade dentro do carro. Temos um modelo de carro conectado que vai chegar ao mercado em breve”, revelou Cristina.
Ensino e alimentação estão entre setores pioneiros da IA
As empresas brasileiras estão começando a trazer a IA para suas operações diárias de forma mais estruturada, em áreas como gestão de estoque, automação de atendimento ao cliente e até análise preditiva de mercado. Para o vice-presidente de Tecnologia da Cogna, Igor Freitas, a integração de IA no setor do ensino permite que as escolas e universidades otimizem seus processos, reduzam custos e tomem decisões mais rápidas e precisas pensando no aluno e no desenvolvimento do país.
“Na nossa empresa temos 61 marcas de edição de vídeos, ensino à distância, validação de livros e padronização de aulas – imagine o escopo de possibilidades para essas áreas. Atualmente temos mais de 120 cases em andamento usando IA, sempre focado em eficiência, geração de valor e satisfação dos alunos, pais e professores, mas também na geração de receita, que é o diferencial dos produtos com Inteligência Artificial”, explicou o executivo.
A indústria de alimentos também tem visto o impacto da IA, especialmente em áreas como controle de qualidade, rastreamento de produção e previsões de demanda. Segundo Tomás Balistiero, COO da Citrosuco, a indústria já consegue monitorar em tempo real toda a cadeia produtiva, prever falhas no maquinário e ajustar o ritmo de produção de acordo com a demanda. Mas ainda falta tomar o passo fundamental: gerar resiliência climática diante do avanço do aquecimento global.
“Estima-se que, até 2040, o mundo precise aumentar a produção de alimentos em até 50% para garantir uma dieta básica para todos. A tecnologia é fundamental nessa meta – é como um ‘parque de diversões’ para aplicações de IA, mas estamos só no começo da jornada. Atualmente já temos internet 4G e complemento satelital em todas as fazendas da Citrosuco, o que garante acesso irrestrito aos dados e processos todos digitalizados. Hoje aplicamos modelos estatísticos sofisticados, mas ainda não usamos IA generativa. Essa será uma ferramenta fundamental para que o planeta possa gerar resiliência climática”, afirmou Tomás Balistiero.