Recentemente, o Governo Federal revelou um novo plano de política industrial, denominado Nova Indústria Brasil (NIB). Tal estratégia contará com um investimento de R$ 300 bilhões ao longo dos próximos quatro anos. 

O NIB inclui investimentos em áreas como inteligência artificial, robótica e chips semicondutores. Por isso, interessa tanto para gestores, investidores e demais envolvidos no campo da indústria.

Para saber mais sobre as implicações dessa política, entrevistamos o professor Nelis Evangelista Luiz, coordenador do bacharelado de Engenharia da Produção do Senac EAD. Veja a seguir!

O que diz a política de semicondutores?

De acordo com o professor Nelis Evangelista Luiz, a política de semicondutores do Brasil visa desenvolver e fortalecer a indústria nacional de semicondutores.

“Esta política envolve uma série de iniciativas, incentivos fiscais e programas de fomento para estimular pesquisa, desenvolvimento e produção de semicondutores no Brasil”, afirma.

No entendimento de Luiz, alguns dos pontos-chave da política de semicondutores incluem:

  • Incentivos fiscais: “o Brasil oferece isenção de impostos de importação e redução de impostos sobre produtos industrializados para empresas que investem na produção e pesquisa de semicondutores”;
  • Programas de apoio: “o governo brasileiro implementou programas específicos para apoiar a indústria de semicondutores, como o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores e Displays (PADIS)”;.
  • Parcerias e investimentos em infraestrutura: “a política promove parcerias entre empresas nacionais e estrangeiras e incentiva investimentos em infraestrutura, como a construção de fábricas e centros de pesquisa”;
  • Capacitação de profissionais: “há um esforço significativo para capacitar profissionais e formar mão de obra qualificada na área de semicondutores, a partir de parcerias com universidades e instituições de ensino técnico”;
  • Inovação e pesquisa: “O governo incentiva a inovação e a pesquisa por meio de financiamentos e subsídios para projetos de desenvolvimento de novas tecnologias em semicondutores”.

A importância estratégica dos semicondutores

Os semicondutores são essenciais para o desenvolvimento de tecnologias avançadas, como eletrônicos de consumo, automóveis, telecomunicações, equipamentos médicos e infraestrutura de TI. 

“Ter uma indústria nacional de semicondutores reduz a dependência de importações, o que é crucial para a segurança nacional e a independência econômica”, afirma o professor. 

Sendo assim, no entendimento de Luiz, controlar a produção de semicondutores pode proteger o país contra choques externos. Além disso, garante a disponibilidade de componentes essenciais.

A indústria de semicondutores também pode gerar empregos qualificados e atrair investimentos estrangeiros. 

“A construção de fábricas e centros de pesquisa e desenvolvimento pode estimular o crescimento econômico e a criação de um ecossistema tecnológico robusto”, diz Luiz. 

Além disso, a indústria de semicondutores exige investimentos significativos em pesquisa e desenvolvimento. Isso resulta em formação de mão de obra qualificada, estimulando a inovação local e melhora da competitividade das empresas brasileiras.

Os desafios de competitividade das empresas de semicondutores brasileiras

No que se refere aos principais desafios enfrentados pela indústria de semicondutores brasileira, Luiz aponta que: “A dependência de importações, a necessidade de incentivos e políticas públicas robustas, e a escala de produção menor em comparação com as grandes empresas internacionais são obstáculos significativos”.

“O mercado de semicondutores é dominado por um pequeno número de grandes empresas que têm recursos significativos e vantagens competitivas estabelecidas”, explica o professor. 

A entrada de novos players, especialmente de países emergentes, é difícil devido à alta barreira de entrada. 

“A indústria brasileira precisa aumentar a colaboração entre universidades, centros de pesquisa e empresas para fomentar um ambiente de inovação constante”, pondera o especialista

Comparação internacional do Brasil com outros especialistas

Em termos de investimentos em desenvolvimento de tecnologias de semicondutores, o Brasil ainda fica atrás dos líderes globais do setor. 

“A área de semicondutores vai receber R$ 100 milhões em subvenção econômica na nova política industrial, lançada em janeiro de 2024 pelo Governo. Os recursos virão da chamada pública Finep Mais Inovação – Semicondutores, que contempla os segmentos de design, fabricação de semicondutores e encapsulamento e teste”, explica Luiz.

Comparativamente, a China vai investir US$ 41 bilhões (R$ 200 bilhões) para fortalecer sua indústria de chips, os Estados Unidos vão liberar US$ 52,7 bilhões (mais de R$ 258 bilhões) em subsídios para a produção, pesquisa e desenvolvimento de semicondutores, e a Europa anunciou planos de investimentos de 41 bilhões de euros (R$ 256 bilhões).

Oportunidades de crescimento dependem de investimento

“O uso de semicondutores no Brasil e no mundo só tende a crescer, impulsionado pela maior acessibilidade a dispositivos de informática, como smartphones e tablets, e pela expansão da Internet das Coisas (IoT), que já é um fenômeno global”, diz Luiz. 

“No entanto, o crescimento da demanda global por semicondutores e a guerra dos semicondutores entre Estados Unidos e China representam uma oportunidade significativa para o Brasil se consolidar como um player relevante no setor”, conclui o professor.

Para ele, o nosso país tem um grande potencial na indústria de semicondutores, mas os investimentos devem ser constantes, principalmente em pesquisa e desenvolvimento.

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