Imagine bilhões de dispositivos espalhados pelo mundo — sensores, máquinas, veículos, eletrodomésticos — todos conectados, coletando dados incessantemente e “pensando” em como otimizar processos, prever problemas ou criar novos serviços.
Esse é o ecossistema formado pela integração entre Internet das Coisas (IoT) e Inteligência Artificial (Artificial Intelligence – AI), um universo em plena expansão, que promete transformar indústrias, cidades, agricultura e até a forma como vivemos.
Em essência, um ecossistema IoT e AI (também chamado de AIoT) consiste na união de dispositivos conectados, capazes de captar enormes volumes de dados, com algoritmos inteligentes que conseguem analisar essas informações em tempo real.
O resultado são sistemas autônomos, capazes de gerar insights preditivos, automatizar processos e criar novos modelos de negócios.
Para entender melhor como essa convergência está remodelando setores estratégicos, o Futurecom Digital conversou com Alfredo Colenci Neto, doutor em Engenharia de Produção, arquiteto de soluções digitais da Marlabs Brasil e professor da Faculdade de Tecnologia de São Carlos.
Acompanhe nos parágrafos a seguir!
Monetização via dados e novas receitas
Segundo Colenci Neto, o impacto da AIoT nos negócios, especialmente no setor de telecomunicações, é profundo.
“A integração entre IoT e AI está impactando diversos modelos de negócios em diferentes setores, à medida que possibilita que grandes volumes de dados sejam coletados e analisados com uso de algoritmos de Inteligência Artificial em tempo curto,” explicou o especialista.

No setor de telecomunicações, ele destaca uma verdadeira revolução impulsionada pela necessidade crescente de velocidade, segurança e capacidade para trafegar grandes pacotes de dados.
“A forma de monetização pelos serviços de telecomunicações sofre alterações de acordo com o crescimento da demanda dessas novas aplicações,” afirmou.
Um exemplo claro são as soluções baseadas em dados, em que operadoras estão deixando de ser apenas prestadoras de infraestrutura para se tornarem provedoras de serviços inteligentes.
“As operadoras estão monetizando os dados gerados por dispositivos IoT com análises preditivas e insights em tempo real, criando novos fluxos de receita,” completou Colenci Neto.
Outro uso transformador está nos modelos preditivos de manutenção. As redes de telecomunicações, extremamente complexas, podem reduzir custos e melhorar a experiência do cliente ao antecipar falhas antes que causem interrupções.
“Com a AI analisando dados de sensores IoT, é possível prever falhas em infraestrutura de rede, reduzindo downtime e melhorando a experiência do cliente,” observou o especialista.

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O gargalo da infraestrutura
Entretanto, para que todo esse ecossistema funcione, é preciso resolver desafios significativos, principalmente no que diz respeito à infraestrutura de rede.
“Os desafios de infraestrutura estão relacionados aos tipos de redes comumente usados, que possuem ainda muitas áreas de sombreamento, isto é, sem sinal de conectividade, principalmente em aplicações como o agronegócio,” afirmou Colenci Neto.
As áreas rurais, por exemplo, sofrem com ausência de cobertura ou baixa qualidade de sinal, o que compromete o funcionamento de sensores IoT em tempo real.
Além disso, mesmo em regiões urbanas, a latência pode ser um obstáculo para aplicações críticas, como veículos autônomos ou cirurgias remotas.
Para vencer esses entraves, o especialista aponta uma tecnologia fundamental: edge computing, ou computação de borda.
“Isso demanda edge computing, em que o processamento ocorre próximo à origem dos dados, reduzindo o tempo de resposta,” explicou.
Outro ponto crítico é a escalabilidade das redes, que precisarão suportar bilhões de dispositivos conectados simultaneamente. E, claro, a segurança se apresenta como um dos maiores desafios.

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Segurança: o calcanhar de Aquiles
Num universo onde mais de 50 bilhões de objetos estarão conectados, a segurança e a privacidade dos dados se tornam prioridades absolutas.
Colenci Neto alerta para os riscos crescentes: “Presencia-se nos últimos anos diversos casos de aplicações IoT que tiveram seus dados interceptados de forma não consensual. A preocupação com a segurança para restrição de acesso indevido a esses objetos e, consequentemente, à obtenção de dados coletados desses objetos é algo crucial e, infelizmente, difícil de ser garantida na sua totalidade.”.
Para lidar com isso, as empresas de telecomunicações estão investindo pesado, tanto em tecnologia quanto em pessoas.
“A busca por segurança tem feito as empresas investirem de forma massiva em capacitação de colaboradores, implementando normas de segurança e certificações, como a ISO 27.000, subcontratando empresas especializadas, desenvolvendo equipamentos mais sofisticados e no monitoramento contínuo de suas redes e tráfego de dados,” explicou o arquiteto de soluções digitais.
As medidas técnicas também evoluem, com uso crescente de computação na borda, criptografia ponta a ponta e autenticação multifator.
“Presencia-se, quando possível, o uso de edge computing com segurança local, aplicando o processamento de dados na borda, reduzindo a exposição de dados sensíveis na nuvem”, prossegue Colenci Neto.
Ele continua: “Além disso, há implantação de criptografia ponta a ponta, autenticação forte com uso de PKI, certificados digitais, segmentação de rede, firewalls inteligentes e detecção de intrusão baseada em AI.”

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AIoT no Futurecom 2025
O horizonte do ecossistema IoT-AI é promissor — e imenso. Colenci Neto projeta uma explosão de dispositivos conectados nos próximos anos, acompanhada por novas aplicações de Inteligência Artificial em todos os setores da economia.
“A perspectiva para o ecossistema IoT-IA é que tenhamos um aumento exponencial na quantidade de objetos conectados nos próximos anos no mundo inteiro, gerando mais aplicações de Inteligência artificial para análise desses dados em todos os setores da economia,” previu.
Ainda de acordo com Colenci Neto, as tecnologias como 5G, 6G, AI generativa, blockchain, gêmeos digitais e realidade aumentada serão fundamentais nesse cenário.
Para os profissionais que desejam estar preparados para esse universo, o recado é claro: estudar e buscar certificações.
“Os profissionais devem se capacitar e buscar certificações em áreas como segurança da informação, análise de dados, Inteligência Artificial e desenvolvimento de sistemas embarcados. Conhecer práticas de segurança IoT, privacidade de dados e ética em AI será um diferencial competitivo,” concluiu Colenci Neto.

Por fim, o especialista enxerga a integração entre IoT e AI como o terreno no qual se travará a próxima grande disputa econômica — e, possivelmente, social — do planeta. E tudo indica que estamos apenas no começo dessa revolução.
Quer saber mais sobre esse tema tão importante para o futuro das telecomunicações? Então, faça já sua inscrição para a 30ª edição do Futurecom, que acontece de 30 de setembro a 02 de outubro de 2025, no São Paulo Expo.
Durante o evento, no dia 1º de outubro, às 11h, o ecossistema IoT e IA será debatido em um painel com Paulo Spacca, Presidente da ABINC; Niyantri Ramakrishnan CIO e CDO da Bayer Crop Science LATAM & Bayer Brasil; Luciano Driemeier, Gerente Global de Novos Negócios Conectados da Ford; e Ana Euler, Diretora de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia da Embrapa.
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