A revolução em soluções em Internet das Coisas (IoT, em inglês) está só começando, de acordo com diretor de IoT and M2M da Claro, Eduardo Polidoro. E parte desse sucesso se deve ao 5G que tem se provado muito melhor em casos de performance e possibilitado finalmente aplicar soluções que estavam em stand by. “O 5G habilitou casos de uso que estavam represados por latência ou necessidade de mobilidade e soluções sem fio que não performavam tão bem”, explica.

Dentre exemplos de casos que não apresentavam o desempenho esperado e que agora sinalizam o avanço deste mercado, Polidoro, comenta dos semáforos controlados por fibra ótica, o que permite uma melhor sequência de abertura dos sinais para facilitar o fluxo do trânsito, e a possibilidade de controlo de robôs em tempo real em sistemas de armazenamento. A lista de oportunidades é acrescida pelo head de marketing corporativo e IoT da TIM, Alexandre Oliveira Dal Forno: guindastes utilizados na região do Porto de Santos (SP) para movimentar contêineres.

“Um operador digital pode manejar diversos guindastes remotamente, o que traz um ganho produtivo. Cenário diferente do atual, em que há um operador para cada guindaste e quando esse profissional precisa se ausentar, para ir ao banheiro, por exemplo, é necessário parar toda a operação”, pondera Dal Forno lembrando que outra vantagem dessa digitalização é a possibilidade de uma autonomia sobre visão computacional dos contêineres.

Polidoro destaca que essas facilidades já representam ganhos produtivos para empresas de diferentes setores e que já são consideradas diferenciais pelas empresas. Afirmação reforçada por dado apresentado pelo CEO da NLT, André Martins durante o Painel “IoT: Suas novas soluções, tecnologias aplicadas e casos de uso“. As multiplicidades de possibilidades que o IoT apresenta para solução de dores das mais variadas verticais”, apresentado no Futurecom 2023: fazendas que utilizam IoT e demais processos de digitalização alcançam um aumento de 35% em suas produções. Com esses indicadores, o que falta então para que um projeto de Internet das coisas seja amplamente implantado no Brasil?

Soluções em IoT devem responder necessidades das empresas para se tornarem realidade

Ainda que de acordo com o diretor da American Tower, Janilson Bezerra, a Internet das Coisas não seja mais uma escolha, mas deve ser parte da estratégia das empresas para manutenção de negócios no médio e longo prazo, pois “sem estratégia clara, a empresa não vai existir”. Ou que segundo o presidente da ABINC (Associação Brasileira de Internet das Coisas), Paulo José Spaccaquerche, hoje as tecnologias estão mais baratas, viabilizando diversas ações, o CEO da NLT, André Martins afirma que o desafio resulta de um conjunto de gaps.

“Além de não ser trivial conectar um pais como o nosso e justificar esse investimento, há o desafio da cobertura celular”, lembra Martins; apenas 17% do território brasileiro é coberto por rede celular pública, o que torna complexo a execução de ações em diferentes setores; “O agronegócio, que responde por um terço do nosso Produto Interno Bruto sofre com essa carência. Daí surge a demanda por redes privativas ou extensões de rede pública”, explica.

“Brasil é expoente entre três maiores países de rede privativas”, Diego Silva Aguiar – VP B2B e Atacado da Vivo

Martins reforça que é mais fácil abordar e oferecer Internet das Coisas para grandes empresas, pois já existe uma consciência da necessidade de adoção, entretanto o desafio está em apresentar as vantagens para empresas, pois ainda não perceberam os benefícios que podem alcançar. Ao que Aguiar sugere que sejam discutidas aplicações práticas, que tornem IoT palpável ao cliente e com investimento eficiente.

Um exemplo apresentado por Martins do paradoxo da consciência da necessidade da aplicação de soluções de IoT com o investimento eficiente citado pelo VP B2B e Atacado da Vivo, é que a maioria dos produtores agrícolas “só” querem conectar seus tratores, deixando para depois sensores de irrigação, de solo, de vento ou demais ferramentas.

Para Dal Forno, no entanto, a decisão por não investir em digitalização é habitual dentre os segmentos industriais, pois o empresário tem a opção em digitalizar ou trocar suas máquinas, escolhendo por essa última por já fazer isso há anos. Mas para o chefe de departamento do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), Henrique Almeida Nogueira, é aqui que se abre a oportunidade, pois “é caro fazer retrofit nos equipamentos do parque fabril, é mais barato introduzir IoT”.

Novo mindset orientado ao digital

Entretanto Nogueira alerta que não é possível “simplesmente introduzir a Internet das Coisas ‘de cara’ nas empresas”, a tarefa começa pela otimização de processos, daí sim, com as informações certas se introduz a digitalização e IoT. E muito dessa otimização de processos depende da modernização das indústrias, especialmente de um novo mindset orientado ao digital por parte dos líderes, segundo Dal Forno.

“O mindset de líderes ainda é analógico. A digitalização pode mudar ponteiro da indústria, no médio e longo prazo. Mas quantos líderes de empresa não são nativos digitais? Esse é um grande desafio!”, afirma o head de marketing corporativo e IoT da TIM. Porém, além da nova mentalidade da liderança, já se percebe uma atual falta de mão de obra qualificada para lidar com a digitalização.

Na opinião do presidente da ABINC, Paulo José Spaccaquerche, é preciso forma esses profissionais, o que, claro, envolve treinamento e a desmistificação em relação às tecnologias envolvidas no IoT. “As pessoas não sabem o quanto de soluções estão disponíveis no mercado. Precisamos lembrar que a Internet das Coisas não é o nome de uma tecnologia específica, mas de um conjunto de tecnologias que atende necessidades de negócios”, pontua.

Conjunta também deve ser a organização e o desenvolvimento da IoT no Brasil, de acordo com o diretor da American Tower, Janilson Bezerra, a fim de acelerar a produtividade e aumentar os ganhos para aquele grupo.  Para o Head of Digital technology Innovation da NTT Data, Roberto Celestino Pereira, já existe uma urgência de profissionais com conhecimento de blockchain, especialidade ainda indisponível no mercado, mas que começa a ser descoberta nas universidades.

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