• O que caracteriza um ISP 4.0
    • Inteligência artificial como elemento estruturante do ISP 4.0
    • Regionalização com base em inteligência de mercado
    • Governança e planejamento orientado por dados
  • Parcerias, novos serviços e posicionamento B2B

O avanço da digitalização no Brasil tem imposto uma nova lógica de mercado aos provedores regionais de internet. Com a popularização de serviços em nuvem, o crescimento de dispositivos conectados e o aumento da demanda por experiências personalizadas, os ISPs precisam reinventar seu modelo de operação para manter competitividade e sustentabilidade.

Nesse novo contexto, o conceito de ISP 4.0 emerge como um modelo estruturado de gestão e tecnologia que transforma os provedores em plataformas digitais capazes de escalar serviços, fidelizar clientes e diversificar receitas. Trata-se de uma evolução que integra automação, inteligência artificial, governança orientada por dados e foco na experiência do cliente como elementos centrais da operação.

A proposta do ISP 4.0 transcende o fornecimento de conectividade. Ela representa uma mudança de cultura empresarial, exigindo decisões baseadas em KPIs, descentralização da liderança e abertura para inovação contínua. Como afirma Sandro Augusto Paiva, “o ISP 4.0 não toma decisão no instinto. Ele calcula, testa, mede“.

O que caracteriza um ISP 4.0

De acordo com Henrique Leibholz, “o ISP 4.0 é aquele que se estrutura com base em dados, possui governança clara e atua com foco em eficiência, não apenas na captação de clientes, mas na retenção, previsão de churn e gestão de ROI“. Essa abordagem requer boas práticas de planejamento estratégico, simulações baseadas em dados reais e capacidade de antecipar investimentos, evitando soluções improvisadas.

Sandro Paiva complementa: “A regionalização precisa estar ancorada em dados e não mais em achismos. Você só consegue competir se conhecer profundamente o comportamento do seu cliente“.

O ISP 4.0 representa a maturidade operacional dos provedores e sua integração plena ao ecossistema digital, tornando-se um elo fundamental entre infraestrutura, inovação e experiência do usuário.

Inteligência artificial como elemento estruturante do ISP 4.0

Para o setor de telecom, a aplicação de IA não é mais opcional, mas estratégica. “A IA entra como ferramenta poderosa para gerar diferenciação real. Mas se você não tiver processo, ela não funciona“, ressalta Sandro.

Henrique reforça que a IA precisa estar inserida em fluxos bem definidos para gerar valor. “Ela é um somatório. Sem estrutura adequada, ela vira um custo e não um ativo.” Um exemplo prático citado é o uso de IA para interpretação de fotos de modens, o que permite resolver problemas remotamente e reduzir a necessidade de visitas técnicas.

Regionalização com base em inteligência de mercado

A regionalização ganha força como pilar do ISP 4.0. Segundo Sandro, “a regionalização se sustenta nos pilares de qualidade, agilidade e flexibilidade, características que os grandes players não conseguem oferecer com consistência“.

Essa abordagem permite que ISPs se posicionem de forma mais próxima e personalizada, aproveitando dados comportamentais para entender hábitos de consumo e adaptar serviços. Henrique destaca: “Tem empresa regional que fatura bilhões porque entendeu o comportamento do cliente antes dos concorrentes. Isso é ISP 4.0 na prática“.

Governança e planejamento orientado por dados

A profissionalização da gestão é outro eixo essencial do ISP 4.0. Henrique explica que trabalhar com indicadores como churn, CAC e payback é o caminho para decisões embasadas. “É preciso analisar o impacto de perder um cliente que ainda não gerou retorno sobre o investimento.”

Sandro destaca a importância de descentralizar o processo decisório: “Você precisa delegar, confiar e estruturar sua operação com base em dados. Caso contrário, o crescimento vira sobrecarga“.

Parcerias, novos serviços e posicionamento B2B

O ISP 4.0 também se diferencia pela capacidade de ampliar seu portfólio de serviços. A atuação no segmento B2B, oferecendo soluções de cloud computing, cibersegurança e IoT, permite aumentar o ticket médio e reduzir a dependência exclusiva do varejo. “Os ISPs precisam ampliar o mix de base com empresas, PMEs e indústrias locais“, afirma Henrique.

Sandro completa: “Se os grandes conseguiram aprender a vender serviços de TI, por que os pequenos ISPs não podem fazer o mesmo?”

Parcerias estratégicas são outro fator-chave. Com o modelo as-a-service, provedores conseguem ofertar soluções tecnológicas mesmo sem deter a infraestrutura. O importante, segundo os especialistas, é criar alianças coerentes com o perfil do cliente atendido.

A consolidação entre ISPs menores deve se intensificar até o fim da década, impulsionada por fusões e aquisições. Esse movimento traz oportunidades de escala, mas também riscos de perda da identidade local. A atuação da Anatel será decisiva para equilibrar o crescimento com inovação e diversidade regional.

A empresa que não estiver pronta para apresentar números e resultados estruturados não vai conseguir se manter competitiva nos próximos anos“, alerta Henrique.

O modelo ISP 4.0 representa uma virada estrutural no setor de telecomunicações. Ele reposiciona os provedores como agentes estratégicos na transformação digital do Brasil, ao combinar eficiência operacional, atendimento personalizado e cultura orientada por dados.

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