A televisão no Brasil tem um papel central na história da comunicação e na vida dos brasileiros. O marco inicial da TV comercial no país aconteceu em 18 de setembro de 1950, com a inauguração da TV Tupi em São Paulo.
Fundada por Assis Chateaubriand, a TV Tupi trouxe os primeiros equipamentos do exterior, criando o primeiro canal de televisão no Brasil.
Desde então, a televisão aberta se consolidou como o principal meio de comunicação de massa, atravessando gerações e evoluindo com as inovações tecnológicas.
Hoje, o futuro aponta para a TV 3.0, um novo capítulo na história da TV aberta, que promete revolucionar a forma como consumimos conteúdo.
Para entender melhor o que está por vir, conversamos com Gilberto Gandelman, CEO da Proeletronic, que palestrou no Futurecom 2024 sobre as tecnologias que estão moldando o futuro da TV aberta no Brasil. Leia, a seguir!
A evolução da transmissão satelital: de Banda C à Banda Ku
De acordo com Gandelman, a transmissão satelital tem sido a melhor solução em termos de custo-benefício para regiões rurais e áreas com cobertura deficitária.
O sistema utiliza uma antena parabólica direcionada para um satélite, transmitindo o sinal em Banda C.
“Por muitos anos, a Banda C, operando entre 3,4 e 6,7 Hz, foi a principal responsável por popularizar o acesso à TV em áreas remotas. Contudo, com o avanço do 5G, que opera em uma banda adjacente, testes mostraram que a interferência seria inevitável”, explica Gandelman.
A solução foi migrar a transmissão para a Banda Ku, usada até então por operadoras de TV por assinatura.
“Essa migração, que vai até 2025 com o desligamento da Banda C, envolve a realocação para a Banda Ku, que opera entre 11,7 GHz e 14,5 GHzA mudança não é simples, pois exige novos equipamentos, como antena, LNBF e receptor. Porém, é uma evolução necessária para evitar interferências e garantir a continuidade do serviço”, afirma o executivo.
Transmissão terrestre: UHF e o fortalecimento da TV digital
Outro avanço importante destacado por Gandelman é a evolução da transmissão terrestre, que utiliza o padrão UHF digital.
“Na transmissão terrestre, uma torre posicionada em um ponto alto irradia o sinal que, por sua vez, é captado por uma antena na residência do telespectador. No Brasil, o padrão adotado para TV digital é o ISDB-Tb, uma solução derivada do padrão japonês ISDB-T”, diz.
“Esse sistema, conhecido como TV 2.5, opera em duas frequências: o VHF digital, entre 54 MHz e 216 MHz, e o UHF digital, de 470 MHz a 689 MHz”, detalha Gandelman.
Com a digitalização, a TV terrestre ganhou um sinal mais potente, que, somado à evolução dos sintonizadores e das antenas, permitiu a ampliação da cobertura em áreas antes deficitárias.
“Hoje, a TV digital terrestre oferece uma qualidade de imagem em 1080p (full HD), proporcionando uma excelente experiência ao telespectador”, destaca.
Ele ressalta ainda que, mesmo com o crescimento da internet e das TVs por assinatura, a televisão aberta terrestre continua sendo o principal meio de comunicação do Brasil.
O futuro da TV aberta: bem-vindos à TV 3.0
O maior destaque, contudo, fica por conta da TV 3.0, que promete transformar a experiência de consumo de conteúdo de forma significativa.
Segundo Gandelman, os grandes diferenciais da TV 3.0 estão na personalização e na interatividade. “A TV 3.0, que será comercializada sob a logomarca DTV+, trará funcionalidades inovadoras, como a coleta de dados em tempo real, identificação do perfil do usuário, momento de maior audiência e a venda de publicidade direcionada”, afirma.
Essa tecnologia permitirá que os anunciantes trabalhem de forma mais focada, gerando anúncios personalizados e até mesmo mensurando o impacto de cenas específicas de programas, como novelas e shows ao vivo.
“A TV aberta terá em tempo real todas as informações sobre o comportamento da audiência. Poderá, por exemplo, saber se uma cena de novela atingiu o engajamento esperado”, comenta Gandelman.
Além disso, a TV 3.0 poderá operar com resolução 8K, oferecendo uma qualidade de imagem ainda mais impressionante.
“Esperamos que a TV 3.0 leve a uma nova forma de consumo, onde o telespectador terá mais controle sobre o quê, quando e como assistir, em uma integração mais fluida entre a programação ao vivo e o conteúdo on demand“, acrescenta.
Essa transformação também vai ao encontro das mudanças no perfil de consumo das gerações atuais, que buscam cada vez mais interatividade e flexibilidade no acesso aos conteúdos.
Com uma história marcada por inovações, a TV aberta no Brasil está novamente à beira de uma revolução tecnológica. Sem dúvida, esse veículo seguirá se reinventando e evoluindo, agradando aos brasileiros e levando informação e entretenimento de qualidade.
Agora que você já está por dentro da TV 3.0, que tal conhecer como ocorre o uso do 5G para as transmissões ao vivo no Brasil? Leia em nosso artigo!