Na agricultura brasileira, os tratores são os maquinários usados para maiores produtividades das safras. Consequentemente, fabricantes investem bilhões no desenvolvimento de novas tecnologias. E uma das tecnologias que estão chegando são os tratores autônomos.
Praticamente todos os fabricantes de maquinários agrícolas estão desenvolvendo e apresentando soluções em tratores autônomos. A John Deere, por exemplo, recentemente anunciou que o seu primeiro trator autônomo está pronto para a produção em larga escala.
Mas você sabe o que é um trator autônomo e como funciona essa tecnologia? Convidamos Estela Dias, gerente de Marketing Tático para Tecnologias de Precisão da John Deere Brasil, para falar sobre essa evolução tecnológica que ajudará o produtor em todos seus manejos.
O que são os tratores autônomos?
Por muito tempo, o uso da automação na agricultura era apenas um conceito que no futuro seria implantado. Mas, para fabricantes, o futuro chegou! A automação vem se tornando uma prática que está guiando a revolução na agricultura.
A John Deere, por exemplo, está pronta para oferecer soluções e auxiliar o agricultor a desbloquear a sustentabilidade e a eficiência das operações.
Mas para entender o uso dessa inovação no agro, precisamos entender o que é um veículo autônomo no âmbito geral. Estela Dias explica que um veículo com automação é aquele que possui tecnologias capazes de fazer operações de forma automatizada, baseada em dados e análises.
“Temos a autonomia completa de uma máquina quando o operador humano não se faz mais essencial para pilotar o equipamento”, explica.
Assim, dentro das atividades agrícolas, a gerente de marketing tático da John Deere explica que um dos principais ganhos do uso de um trator autônomo é o tempo. “A pessoa que estava destinada a operar o trator pode aproveitar o tempo dela para outra função essencial no campo”.
Funcionamento dos tratores autônomos
Explicar como funciona um trator autônomo não é uma tarefa muito simples, afinal há diferentes tecnologias e projetos desenvolvidos e aprimorados continuamente por diferentes fabricantes.
Estela Dias explica o padrão de funcionamento do trator autônomo oferecido comercialmente e lançado pela John Deere em 2022 na Consumer Electronic Show (CES), em Las Vegas.
“Nosso equipamento combina diversas tecnologias existentes e que já estão presentes nos nossos tratores, como visão computacional avançada, Inteligência Artificial, sistema de posicionamento, conexão e uma plataforma digital para controle do equipamento, gerando dados e segurança”.
A especialista explica também que um dos principais elementos das máquinas autônomas são as câmeras, que também possuem um papel fundamental na autonomia dos equipamentos.
“Nosso trator 8R autônomo, por exemplo, possui 6 câmeras estéreo – três na frente e três atrás, que podem ver ao redor de todo o trator. Cada câmera pode ver 90 pés, com campos de visão sobrepostos”.
Dessa forma, Estela explica que as câmeras funcionam exatamente como o olho humano, identificando objetos correspondentes em cada lente e triangulando sua profundidade para ter um senso exato de distâncias – inclusive à noite.
Estela explica que as imagens capturadas pelas câmeras passam por uma rede neural profunda que é treinada com centenas de milhares de imagens de fazendas representativas.
“A rede neural classifica cada pixel em cerca de 100 milissegundos, e caso um obstáculo – como um galho de árvore ou animal – seja detectado, a máquina pára automaticamente. O sistema também possui autonomia para eliminar falsos positivos, como sombras”, complementa.
Toda essa rede de visão computacional, unida à inteligência artificial, machine learning e base de dados, permite ao produtor usufruir da autonomia de seus equipamentos e completar mais de 131 hectares de lavoura em apenas 24 horas.
Principais diferenciais dos tratores autônomos
Não há como contestar, a automação de uma máquina agrícola representa uma revolução para os padrões que existiam até então.
Para usar o trator autônomo, cabe ao agricultor apenas transportar a máquina até o campo de operação e configurá-la para operação autônoma. Depois disso, a máquina irá operar sem a necessidade de intervenção.
Assim, Estela Dias explica que a principal diferença está na operação, uma vez que o trator autônomo não depende de um operador na cabine o tempo todo.
“Esta solução de cultivo autônomo é cerca de 30% mais produtiva ao operar 24 horas por dia, em comparação com uma operação tripulada média que funciona 16 horas por dia, segundo testes realizados nos Estados Unidos”.
Consequentemente, o agricultor se torna instantaneamente duas vezes mais eficiente porque pode fazer dois trabalhos ao mesmo tempo. “Ao não ficarem mais presos à cabine, os agricultores podem concentrar sua atenção em trabalhos mais críticos e urgentes do processo produtivo”, complementa Estela.
Além disso, ao automatizar as tarefas, os tratores autônomos contribuem como uma série de benefícios, tais como:
- Permite que os trabalhos sejam feitos de maneira mais rápida, fácil e assertiva, cobrindo mais área enquanto realiza trabalhos precisos em grande escala;
- Permite produzir mais com menos recursos, economizando combustível, otimizando o uso de insumos, preservando o bem-estar do agricultor;
- Produzir mais alimentos na mesma área, resultando em ganho de produtividade;
“Esse tipo de equipamento irá, cada vez mais, contribuir para uma agricultura mais rentável, produtiva e sustentável, gerando melhores resultados e permitindo que o agricultor se concentre em outras atividades agrícolas”, complementa Estela.
Ainda há um longo caminho a ser percorrido
Com o avanço da tecnologia, está mais do que comprovado que os tratores autônomos chegaram para ficar!
Mas, especificamente para a agricultura brasileira, demoraremos um pouco mais para vermos os tratores autônomos trabalhando em nossas lavouras, já que ainda não há previsão para a chegada de tratores autônomos à agricultura do Brasil.
Especificamente para o Brasil, há ainda um longo caminho a ser percorrido, mas a oportunidade é grande. Há ainda uma necessidade de alteração na legislação brasileira que permita a operação destes equipamentos.
Nos Estados Unidos essa legislação já existe e um número limitado de unidades já foi produzido pela John Deere e comercializado em 2022.
Neste contexto, Estela Dias ressalta que, mesmo sem ter um trator totalmente autônomo no Brasil, já há a construção de um caminho da autonomia dentro da agricultura brasileira.
“Apesar de ainda ser necessário contar com um operador na cabine, os tratores comercializados no Brasil pela John Deere já têm a capacidade de fazer diversas operações de forma automatizada, beneficiando o produtor rural de diversas formas”, finaliza.
Conteúdo original da Agrishow Digital, clique aqui para acessar o artigo original.