A transformação digital já é uma realidade no agronegócio e está contribuindo para que as operações sejam cada vez mais sustentáveis nas lavouras.
Um exemplo de solução implementada nessa área é o Solix Ag Robotics, um robô que promove o uso racional de agroquímicos e que garante a saúde do solo nas plantações.
Henrique Nomura, CTO da Solinftec, empresa que idealizou e comercializa a tecnologia, conversou conosco sobre o tema. Confira mais abaixo!
Perfil: conheça Henrique Nomura
Henrique Nomura é graduado em Processamento de Dados e Tecnologia da Informação, e especializado em Engenharia de Software pelo Centro Universitário Eurípedes.
Durante a sua carreira de mais de 20 anos, atuou como coordenador de TI e ter vivência em gestão de pessoas, liderança de equipes de desenvolvimento de sistemas e suporte, gerência de projetos e resolução de conflitos.
Desde 2017, faz parte do time de especialistas da Solinftec, onde ocupa atualmente a posição de CTO.
CTO da Solinftec fala sobre a transformação digital no campo
Em entrevista ao canal Futurecom Digital, Nomura compartilhou sua visão sobre a transformação digital no campo. Ele também comentou sobre as novidades da Solinftec no setor. Leia o papo completo!
Por mais que o produto final do agronegócio seja uma commodity, há um claro processo de inovação tecnológica nos meios de produção. Fala-se sobre IoT, sensores, inteligência artificial e automação. Mas, uma coisa é tendência e outra coisa é momento de mercado. Como você definiria o momento do agronegócio brasileiro em termos de adoção de inovação?
Henrique Nomura: “O processo de inovação tecnológica na Solinftec vem acompanhado do fato de a empresa ser uma das únicas do mercado a desenvolver soluções junto com o produtor. Não há inovação no agro sem o envolvimento direto com o produtor. Foi assim que a empresa nasceu há 15 anos, inicialmente, no mercado de cana.
Hoje, o Brasil é berço de tecnologias, é nesse momento que estamos. Deixamos de importar tecnologias para ser referência mundial da agricultura digital e inteligência artificial.
Na Solinftec, por meio da Inteligência Artificial Alice AI, nós integramos a maioria dos processos dentro da porteira, ou seja, o gerenciamento dos processos agrícolas, facilitando ao produtor decidir quais são as melhores práticas para adotar.
O principal ponto é desenvolver e atualizar as ferramentas junto com o produtor, estar com ele dentro da sua propriedade, acompanhando o seu dia-a-dia. Só assim juntos sensores, IoT, inteligência artificial e automação entregarão efetivamente resultados ao produtor.
A inteligência artificial transformará o manejo agrícola. Protocolos, por exemplo, como os de pulverização de defensivos agrícolas, mudarão em médio e longo prazo. A aplicação de defensivos em uma mesma quantidade em um mesmo talhão não fará mais sentido.
O produtor aplicará um determinado químico na quantidade adequada para controlar uma praga de forma que manterá o meio ambiente protegido mantendo ainda a longevidade das moléculas disponíveis no mercado.”
O emprego de tecnologia de ponta no campo pode ser usufruído por todos os portes de propriedades? O ramo da agricultura familiar pode se beneficiar dessas mais recentes inovações?
Henrique Nomura: “Trabalhar muito próximo aos produtores nos traz visões e perspectivas diferentes diante das dificuldades colocadas pela falta de conectividade nas áreas rurais.
Cientes dessas dificuldades do produtor, nós criamos a rede Solinfnet que conecta, máquinas e dispositivos inteligentes em campo à plataforma Solinftec, por meio de antenas e dispositivos de baixo custo geolocalizados de forma estratégica.
A plataforma Solinftec pode ser assinada por produtores de diferentes tamanhos e principalmente, podem ser utilizados conectados, por exemplo, a quaisquer equipamentos agrícolas independente de marcas.
Dessa forma, um produtor que possui pequenas ou grandes máquinas pode utilizar Solinftec, além de financiar também, alguns equipamentos. O Solix, por exemplo, pode ser financiado por meio do Banco do Brasil.”
Como a companhia define a agricultura de precisão e de que forma isso contribui com a dinâmica no campo? Para o produtor, qual a importância de aplicar inteligência na lavoura e como isso se reflete na produção?
Henrique Nomura: “O termo Agricultura de Precisão nasceu na primeira década dos anos 2000, quando começaram a surgir os primeiros equipamentos com telemetria, geolocalização, etc. Esse conceito evoluiu de lá para cá.
Com o advento de informática e da internet houve uma revolução digital em praticamente toda atividade humana, e, nos últimos anos, para a agricultura, com a inserção de tecnologias destinadas num primeiro momento ao monitoramento remoto, à gestão e ao controle das atividades no campo, a Agricultura 4.0.
A agricultura 5.0 é uma evolução natural, com o uso de novas tecnologias de machine learning, inteligência artificial, análise de big data e biotecnologia almejando quatro objetivos fundamentais:
- Incremento da produtividade e lucratividade do negócio; mediante o uso massivo de dados para tomada em tempo real de decisões mais inteligentes;
- Segurança alimentar, com maior acesso de todos a alimentos mais saudáveis e a preços acessíveis;
- Redução do desperdício, um grande problema hoje em toda a cadeia de produção desde o campo até a mesa do consumidor, onde atualmente se perde um 30% de tudo o produzido;
- Mitigação do impacto ambiental da agropecuária, responsável no Brasil por 70% das emissões de CO2 equivalente, e pela degradação do solo, da água e da biodiversidade.
Se considerarmos que a agricultura no Brasil já é responsável por 27% do PIB, o impacto da Agricultura 5.0 na transformação do setor é essencial para o país se consolidar como um dos líderes mundiais na produção de alimentos.”
Como funciona a inteligência artificial ALICE AI? E o robô Solix AG Tobotic?
Henrique Nomura: “A partir deste mês [setembro de 2022], chegarão às lavouras brasileiras as primeiras unidades da inédita plataforma robótica Solix Ag Robotics, primeira tecnologia voltada para produção de alimentos em larga escala no agronegócio.
O Solix Ag Robotics trabalha em conjunto com a plataforma de inteligência artificial para o campo da Solinftec, a ALICE AI, que conta com uma biblioteca agro atualizada por mais de 10 bilhões de informações do campo por dia.
A ALICE AI sabe dizer, por exemplo, qual o melhor momento para realizar cada operação, direcionando insumos, equipamentos, maquinários e mão de obra com total autonomia. E todo esse sistema de inteligência artificial tem disponível antenas próprias para operar o Solinfnet.
É também baseado em inteligência artificial que nasce o Solix, uma extensão da ALICE AI, sendo uma espécie de ‘olhos’ da plataforma dentro das lavouras. O robô, desenvolvido em pouco mais de três anos, é inteiramente autônomo, ou seja, ele consegue andar por toda a fazenda, sem precisar de controle humano.
Para isso a plataforma utiliza dois métodos de condução: um GPS de altíssima precisão (RTK) que o permite seguir linhas previamente programadas e, o outro, câmeras e algoritmos de visão computacional, que identifica onde está a cultura e direciona o Solix para andar sem pisotear as linhas de plantio.
Essa condução é direcionada pela ALICE AI, que identifica o trajeto mais eficiente e o momento ideal, fazendo com que o Solix vá apenas aonde é necessário. Um robô tem capacidade de monitorar 14 milhões de plantas por semana.
A plataforma robótica possui 2,5 metros por 2 metros e permite o monitoramento de planta a planta, o que favorece a descoberta de pragas ainda em seu estágio inicial, e, consequentemente, o controle mais rápido e com menor utilização de defensivos.
A previsão é que, por meio do novo ecossistema, a redução do uso de insumos químicos nas lavouras possa chegar a 30%, no caso de defensivos e fertilizantes, e a até 70%, quanto aos inseticidas, caso a praga seja identificada no estágio inicial. Além disso, o Solix favorece uma aplicação mais precisa, sem eliminar inimigos naturais de algumas pragas, o que contribui para o equilíbrio do ambiente.
Movido a energia solar, o Solix carrega durante o dia e trabalha à noite, utilizando-se de uma fonte de energia limpa e renovável. E a promessa é de constante evolução também nesse quesito. Um time da empresa na China estuda fontes de energia para que a tecnologia oferecida seja cada dia mais eficiente.”
Atualmente, vivenciamos o princípio da agricultura 4.0 e, especialmente com o advento da tecnologia 5G, não tardará para ingressarmos na Era da agricultura 5.0. Como essa nova etapa impactará a rotina e os negócios do agricultor brasileiro?
Henrique Nomura: “A velocidade do 5G facilitará e agilizará a interconexão entre as informações que envolvem as etapas do processo produtivo e a cadeia de alimentos.
Certamente, o 5G facilitará e agilizará essa comunicação, no entanto, não podemos esquecer que estamos em um país de proporções continentais.
Nesse sentido, independentemente de haver ou não o 5G, o produtor precisa continuar digitalizando os seus processos, por isso, é importante que as empresas estejam junto com ele oferecendo soluções para que ele consiga usar as ferramentas que estão ao seu alcance.
A Solinftec acompanha e evolui seus produtos utilizando-se dos melhores e mais modernos meios de comunicação, isso já aconteceu com GPRS, 3G, 4G e estamos prontos para o 5G, beneficiando os produtores com o melhor que as tecnologias podem oferecer.”
Entre as tecnologias que se destacam no agronegócio está o blockchain. Confira nosso material sobre o tema!