A virtualização da infraestrutura de redes trouxe avanços significativos para o setor de telecomunicações.
Tal tecnologia está proporcionando uma gama de recursos inovadores em gerenciamento, controle e automatização.
Essas transformações impactam positivamente diversos aspectos, como a adaptação dinâmica ao tráfego de dados.
Para obter informações mais aprofundadas sobre o tema, entrevistamos José Ricardo Formagio Bueno, CEO da Automatum.
Veja como a inovação está moldando o futuro das telecomunicações!
Redes autônomas: o que são e como se diferenciam das redes tradicionais
Bueno esclarece que as redes autônomas representam uma evolução notável em relação às redes tradicionais de telecomunicações.
“Tratam-se de plataformas de rede e software que podem adaptar seu comportamento com base em seu ambiente com o mínimo de intervenção humana”, diz ele.
No entanto, o empresário reconhece os desafios consideráveis que surgem ao tentar alcançar esse estado autônomo, especialmente quando se lida com redes legadas e software em uso pelas operadoras de telecom.
Bueno destaca as funcionalidades específicas que diferenciam as redes autônomas das tradicionais, como “capacidade de se configurarem, se recuperarem de situações de erros, se otimizarem e evoluírem de forma automática”.
Automação e inteligência artificial aplicadas às redes autônomas
Bueno tem uma visão ambiciosa sobre o objetivo das redes autônomas. Ele enfatiza que elas visam aprimorar a infraestrutura de telecomunicações.
E, além disso, objetivam desempenhar um papel fundamental na habilitação de modelos de negócios inovadores e serviços de rede revolucionários.
O CEO da Automatum prossegue explicando que esse avanço será alcançado “aproveitando IA, big data, computação em nuvem, IoT e 5G, tornando os serviços mais simples de consumir e oferecendo uma Experiência ‘Zero X’ (zero espera, zero intervenção humana, zero problema).”
Essa visão audaciosa promete não apenas revolucionar as telecomunicações, mas também transformar profundamente a forma como vivemos e conduzimos negócios.
Desafios e obstáculos enfrentados na transição para redes autônomas
Questionado sobre os principais desafios enfrentados na transição para redes autônomas, Bueno apresenta a seguinte lista:
- Medir o valor comercial e a eficácia de O&M (orquestração e gestão) de redes autônomas;
- Implementar loop fechado autônomo baseado em nível e habilitar serviços ágeis e loops fechados de negócios;
- Implementar IA completa e aproveitar a colaboração entre IA centralizada baseada em nuvem e IA distribuída baseada em rede;
- Permitir que os parceiros do setor colaborem e inovem, construam um ecossistema saudável e atualizem e evoluam ao mesmo tempo;
- Necessidade de definir um conjunto padrões de avaliação unificados;
- Correlacionar os padrões nos distintos domínios e promover a autonomia das operações de rede em nuvem para toda a rede com base no objetivo, planejamento e estratégias unificados; e
- Identificar efetivamente os pontos fracos das capacidades autônomas, coordenar as capacidades autônomas do sistema com as da rede+nuvem e adotar a iteração ágil para evoluir para os níveis mais altos de redes autônomas.
Ainda de acordo com ele, “como obstáculos, podemos mencionar muitas etapas de manuseio, difícil tradução de requisitos, levantamento lento de recursos e alta proporção de orquestração e configuração manual durante o fornecimento de serviços”.
Elementos-chave para a implementação das redes autônomas no setor de telecomunicações
O entrevistado nos explicou que há quatro elementos-chave para a implementação das redes autônomas no setor de telecomunicações. São eles:
- Visão e arquitetura alvo: definir uma visão clara e objetivos para as RA, alinhados com a estratégia corporativa e as tendências do setor, como cenários de negócios emergentes, como redes de computação de energia;
- Níveis de maturidade de rede autônoma: adotar modelos de maturidade específicos para RA, como o Nível de Rede Autônoma (NRA), e métodos de avaliação correspondentes. Isso envolve a medição objetiva do NRA, estabelecimento de linhas de base e identificação de pontos fracos para definir metas específicas de melhoria em cada fase;
- Indicadores de eficácia: medir o valor do negócio e a eficácia dos serviços de RA em termos de crescimento de serviço, experiência do cliente e eficiência operacional. Esses indicadores são essenciais para quantificar os benefícios da evolução das RA e alinhá-las com a estratégia empresarial e tendências de desenvolvimento de serviços;
- Práticas de operações: aprimorar as capacidades autônomas nas operações de redes e sistemas. Isso inclui melhorias na detecção convergente, autoconfiguração e inteligência nativa na rede, bem como melhorias na tradução de requisitos, orquestração de recursos de ponta a ponta e otimização de operações e manutenção entre diferentes domínios.
Cases de sucesso: conheça empresas que já adoram as redes autônomas em suas operações
Perguntamos a Bueno quais são os cases de sucesso conhecidos de empresas que já adotaram as redes autônomas em suas operações.
O especialista nos contou que, nessa área, a China se destaca na implementação dos níveis 1 e 2 de RA com empresas líderes, incluindo a China Mobile e a China Telecom.
Segundo ele, a China Mobile é pioneira na prática de RA, introduzindo um modelo de avaliação sistemático abrangendo cinco domínios de rede.
Por sua vez, a China Telecom busca alcançar o nível 4 até 2025, focando na evolução de operações de rede em nuvem e na construção de recursos autônomos nativos para rede+nuvem.
Outras empresas, como China Unicom, Chunghwa Telecom e HKT, também estão avançando em seus projetos de implantação de RA. Todas têm contribuído para o desenvolvimento desse campo promissor.
Perspectivas futuras para o avanço das redes autônomas
“Estamos no meio de uma revolução RA que está progredindo do conceito para implementação em ritmo acelerado”, afirma Bueno, ao ser questionado sobre perspectivas futuras para as redes autônomas.
Ele observa que as operadoras e seus parceiros “participando de testes e pilotos e começando a usar RA em implantações de produção.”
O especialista enfatiza que essa fase é “crítica para as operadoras líderes colocarem suas metodologias em prática, aprenderem com seus erros e alinharem com os processos organizacionais.”
O objetivo das operadoras, como explica Bueno, é duplo: elas buscam “entregar um progresso tangível da implementação da RA enquanto minimizam a interrupção dos serviços e negócios existentes.”
Ele acredita que o sucesso nessa fase inicial será fundamental para construir a confiança e a experiência necessárias.
Assim, nas palavras do executivo, será possível “implantar recursos de RA mais avançados para mais extensos domínios de rede e em maior escala.”
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