Com a chegada da tecnologia 5G ao Brasil, as principais operadoras de telefonia móvel e internet do país pretendem iniciar em breve um processo de desativação das redes 2G e 3G.
Entende-se que essa é uma tendência natural e necessária para que o andamento da transformação digital ocorra. Mas, na prática, o que isso representa para as empresas e para os usuários comuns?
O tema faz parte da grade do congresso do Futurecom 2022, de 18 a 20 de outubro. Compre já o seu ingresso!
O Futurecom Digital entrevistou Pedro Oliveira, SFMC Developer Jr. da Raccoon.Monks para entender mais sobre o assunto.
Confira, a seguir, mais informações sobre o entrevistado e as opiniões que ele tem sobre o tema!
A desativação do 2G e do 3G
Procuramos por Pedro Oliveira para saber mais sobre a desativação das redes 2G e 3G no Brasil. Veja, abaixo, nosso bate-papo com o especialista!
Como funciona a desativação das redes 2G e 3G?
Pedro Oliveira: “A desativação das redes 2G e 3G envolvem a remoção dos equipamentos em locais de antenas (dentre os quais a antena em si, gerador, bateria, ar-condicionado, etc), o desligamento de servidores e também a reorganização de trabalhadores capacitados nas áreas que tangem essas duas gerações da internet móvel (seja por capacitação, desligamento, ou rebaixamento de cargo).”
Quais são os desafios do desligamento do espectro 2G e 3G para a sociedade?
Pedro Oliveira: “Segundo a Anatel, em Junho de 2022, a rede 4G já correspondia a 79% das conexões móveis, seguida da 3G com 10,3%, e da 2G com 9,6%.
O impacto do desligamento da 3G é menor que o da 2G. Isso porque a rede 2G ainda é utilizada por muitos dispositivos, especialmente aqueles de comunicação entre máquinas (M2M). O Brasil é um dos maiores mercados no mundo em utilização de dispositivos 2G para M2M.
Apesar dos quase 80% de predominância da 4G no Brasil, a desativação da 2G e da 3G tem, assim como qualquer desligamento de tecnologias ‘obsoletas’, um impacto mais severo em pessoas de menor renda e/ou que vivem em ambientes menos tecnologicamente avançados ou urbanizados.”
Como foi feito o desligamento das redes anteriores para a liberação do espectro?
Pedro Oliveira: “A 1G foi a única geração analógica de telefonia móvel, e de acordo com lei aprovada pela Anatel, as operadoras que trabalham com a tecnologia no Brasil tinham até o dia 31 de junho de 2008, para efetuar a desativação obrigatória das redes, cujo espectro após isso, passou a ser utilizado em outras tecnologias.
Segundo o Relatório Anual de 2006 da Anatel (portanto, dois anos antes da desativação da 1G), a primeira geração possuía apenas 0,06% dos acessos no país.”
Quais são os principais impactos e benefícios da desativação das redes?
Pedro Oliveira: “O principal benefício da desativação das redes 2G e 3G é para as empresas do ramo (principalmente as operadoras).
É caro manter equipes capacitadas em todas as tecnologias, além da necessidade de ter estoque desses equipamentos, suas peças e servidores – alguns que pertencem a vendedores que nem existem mais.
Remover esses equipamentos dos locais das antenas também significa reduzir o consumo de energia, demanda de baterias, geradores e ar-condicionado, e oferecer menos pontos de falha e alvos de furto.
Do lado do consumidor, o impacto do desligamento da 3G é menor que o da 2G. A rede 2G ainda é utilizada por muitos dispositivos, especialmente aqueles de comunicação entre máquinas (M2M), como máquinas de POS (Point of Sale) para pagamento com cartão de crédito, por exemplo, ou rastreadores de veículos.”
O que a desativação das redes 2G e 3G significa para o avanço das redes 4G, 5G e até mesmo 6G?
Pedro Oliveira: “A desativação das redes 2G e 3G significa diretamente a liberação de faixas de frequências para as gerações seguintes.
As novas tecnologias podem utilizar essas mesmas faixas de forma mais eficiente, provendo maior taxa de transferência de dados e melhores funcionalidades”.
Como explicado por Oliveira, as redes 2G e 3G precisam ser desativadas para que tenhamos a infraestrutura necessária para usufruirmos dos benefícios das novas gerações da internet.
Você gostou de saber mais deste tema? Aproveite e leia também a nossa entrevista com o engenheiro industrial elétrico Renan Portela Jorge, que falou sobre as aplicações complementares ao 5G com a Rede LoRa. Boa leitura!