A acessibilidade digital é um dos maiores desafios para o poder público e também privado. Com tamanho uso de dispositivos móveis, como smartphones e tablets, promover acesso e facilitar a interação digital se torna uma obrigação do governo e das empresas.
E se os planos para o futuro derem certo, ou seja, o desenvolvimento de cidades em smart cities, uma revolução na acessibilidade digital deverá acontecer.
Isso porque, quando falamos em cidades inteligentes, falamos em conexão. Plataformas e programas digitais responsáveis por realizar a gestão pública e também servirem de ponto de contato entre cidadãos e o governo.
Preparar a cidade para atender e alcançar a todos é o principal objetivo para garantir o pleno funcionamento de uma smart city.
Mas como implementar ações de acessibilidade digital?
Como o conceito, em sua maioria, está nos processos iniciais, não há um manual próprio. No entanto, algumas boas práticas podem ajudar a guiar os gestores que querem implementar a acessibilidade digital em suas cidades. Confira:
1. Apostar em parcerias com empresas de tecnologia
O início de tudo, para as cidades, vêm do interesse do poder público em promover uma gestão inclusiva, tecnológica e inovadora. Mas nem todas as soluções já existem ou mesmo são criadas pelo funcionalismo público. Portanto, é possível fazer parcerias com empresas e começar a trabalhar em soluções efetivas de acessibilidade digital.
2. Identificar as principais necessidades
O desafio é mapear todos os pontos a serem melhorados e também quais ações serão necessárias, já que há diversos tipos de deficiências que afetam diferentemente as pessoas. É necessário pensar em todas elas.
Além disso, é importante pensar na acessibilidade digital como uma onda: ela começa no poder público e deve se alastrar para todas as esferas da sociedade, como as empresas. Fazer isso acontecer é uma das grandes metas.
Nesse caso, os primeiros passos já foram dados com leis como a Lei de Acessibilidade, que instigam o poder privado em direção a um futuro mais integrado, em todos os níveis.
3. Adaptar os ambientes digitais existentes
Os sites da Prefeitura, secretarias e outros endereços digitais públicos do município podem ser uma boa porta de entrada para que as mudanças sejam aplicados. Todos eles devem sofrer mudanças para serem acessíveis a todos.
Em questões práticas, algumas cidades já começaram a promover ações para melhorar seus ambientes online. Cid Torquato, Secretário Municipal da Pessoa com Deficiência da Prefeitura de São Paulo, contou algumas das ações feitas em prol da acessibilidade digital:
“Estamos promovendo uma verdadeira revolução na oferta de recursos de comunicação inclusiva para a população com deficiência. A Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência – SMPED lançou, em maio de 2018, o Selo de Acessibilidade Digital, que certifica sites e portais que cumprem com critérios de acessibilidade estabelecidos pelo Modelo de Acessibilidade em Governo Eletrônico (eMAG) e as diretrizes de verificação previstas na Portaria nº 08/SMPED-GAB/2018. O objetivo do Selo é incentivar a consciência e a prática da acessibilidade na web em todo país e reconhecer as organizações que já tem sites e portais acessíveis” afirma Torquato.
Segundo o Secretário, essas iniciativas da Prefeitura de São Paulo garantem igualdade de oportunidade para pessoas com alguma deficiência, promovendo acesso amplo aos serviços e ao direito à informação.
Ou seja, é necessário que o próprio poder público tome as rédeas e fomente a revolução da acessibilidade digital.
Quais ações já existem no ambiente digital?
Além de certificações e guias de boas práticas a serem seguidos, como o WCAG (Web Content Accessibility Guidelines), há várias ações que podem servir de pontapé inicial para que cidades e empresas promovam maior acessibilidade digital.
São Paulo: Exemplo a ser seguido
No caso de São Paulo, o primeiro passo está quase concluído: que todos os sites da Prefeitura, Secretarias e Subprefeituras da cidade estejam acessíveis à pessoas com quaisquer deficiências.
“Em maio, todos os sites receberão o Selo de Acessibilidade Digital, um selo de excelência, certificando que a Prefeitura de São Paulo oferece à população a web pública mais acessível do país. Uma revolução que começa em casa, mostrando a todos a importância da acessibilidade na web e possibilitando acesso a todas as pessoas, além de incentivar outros entes públicos ou privados a fazerem o mesmo” comenta o Secretário.
No mais, paralelamente, diversas outras soluções se espalham pela internet. A hashtag #PraCegoVer é um exemplo. Aplicada em sites e redes sociais, é seguida pela descrição de uma foto ou vídeo, possibilitando que pessoas com problemas visuais entendam o contexto das postagens. Segundo Torquato, essa já é uma prática adotada pela Prefeitura de São Paulo.
“A disponibilização da ferramenta Hand Talk para tradução de textos de português para Libras, a inserção de legenda, janela de Libras e audiodescrição em um número crescente de vídeos e comerciais de televisão, e, de forma inédita, a utilização e promoção dos símbolos de acessibilidade comunicacional nas programações municipais” complementa o Secretário.
A acessibilidade digital é o sinônimo de uma gestão inovadora, inclusiva e sem limites. Para o poder público ou privado, bastam algumas ações e uma mudança no planejamento para que seu conteúdo atinja a todos, independente de suas deficiências.