Em outubro de 1957, o primeiro satélite foi lançado. O Sputinik, como era chamado, partiu de uma base soviética no Cazaquistão e tinha a missão de estudar as camadas superiores da atmosfera e as condições para lançamento de cargas no espaço.
De lá para cá, muita coisa evoluiu e os satélites têm trazido contribuições e benefícios significativos para a população brasileira e de todo o mundo.
Conversamos sobre esse tema com o professor André Godoi Chiovato, que é mestre em Engenharia Elétrica e professor da Faculdade de Informática e Administração Paulista (FIAP).
Siga a leitura e aprenda mais sobre os benefícios dos satélites à população brasileira!
Como funcionam os satélites?
De acordo com Chiovato, os satélites são basicamente repetidores de sinais instalados na órbita da Terra. Eles têm como função receber um sinal de uma antena parabólica instalada em algum ponto da superfície terrestre e transmiti-lo de volta, numa frequência diferente para não haver interferência com o sinal original, para uma ampla área povoada na Terra ou de volta para um único ponto.
Ainda sobre o funcionamento dos satélites, o professor explica: “Uma cobertura do sinal de satélite é capaz de pegar desde a região de um estado brasileiro (como, a Amazônia) até a América do Sul (composta por 18 países). Há vários tipos de satélite, dentre eles: aplicações para comunicações, navegação, meteorologia, militar, exploração do universo e observação da Terra”.
Quais são os principais benefícios dos satélites à população brasileira?
Chiovato explica que, embora o lixo espacial atrapalhe, os satélites proporcionam muitos benefícios para a população brasileira e de todo mundo em diversas áreas. Veja alguns exemplos.
Educação e entretenimento
Nas áreas da educação e do entretenimento, os satélites são bastante utilizados pelas emissoras de televisão, que transmitem conteúdos desse tipo.
“No entretenimento e na educação, tem-se mais de 300 canais de TV que transmitem filmes, séries, documentários e videoaulas a qualquer ponto do território brasileiro, seja em terra firme, seja em alto-mar”, comenta Chiovato.
Conectividade
Uma recente preocupação envolvendo satélites é utilizá-los para fornecer sinal de internet de qualidade às pessoas que vivem em regiões limitadas pela cobertura do celular ou distribuição por cabo e fibra óptica
Nas palavras de Chiovato: “No Brasil, já há empresas com planos comerciais disponíveis para este fim, com conexão razoável. Para uma melhor qualidade de sinal de Internet e menor latência (banda larga), há projetos em andamento com modelos de microssatélites não-estacionários, que viajam no entorno da Terra retransmitindo o sinal entre si e para a população”.
Pecuária e agricultura
Chiovato afirma que na pecuária do Brasil, monitorar e desenvolver individualmente animais de abate já é uma realidade, com foco no seu bem-estar e no controle de doenças.
Já na agricultura, o professor comenta que há um aumento da produtividade de lavouras por área plantada graças ao monitoramento das cores das folhas e frutos, da aplicação de defensivos biológicos apenas em microáreas atingidas, uma melhor previsão do tempo (temperatura, umidade, vento e incidência solar) que, somados, permitem planejar e tomar decisões relevantes e um melhor posicionamento no mercado mundial de commodities.
Tudo isso só é possível graças ao uso de satélites brasileiros, que como vimos, são usados para as mais diversas áreas.
Como está ocorrendo o investimento em satélites no Brasil?
Apesar de existir, o investimento em satélites no Brasil ainda está longe de ser o ideal. De acordo com Chiovanato, o Governo Federal mobilizou, em 2019, U$ 13,7 milhões e investiu U$ 9,5 milhões, especialmente na terceirização do lançamento de satélites.
Para fins comparativos, o professor apresenta dados do mercado mundial, que movimenta cerca de U$ 3,1 bilhões por ano nessa modalidade.
Apesar do investimento ainda não receber a atenção devida dos governantes, os pesquisadores e profissionais da área seguem estudando e preparando novos recursos com satélites. Isso tem acontecido, principalmente, na iniciativa privada.
O fato é que, quanto mais investimento existir em satélites, mais a população brasileira se beneficiará dessa tecnologia.
Quer saber mais sobre o assunto? Então, confira agora o nosso artigo “Satélites brasileiros: onde estamos e onde podemos chegar?”.