As apostas esportivas se tornaram uma verdadeira febre no Brasil nos últimos anos. Segundo uma apuração do site Poder360, o segmento movimenta mais de R$ 100 bilhões por ano no país, e a tendência é de que os números sigam crescendo.
Como a legislação brasileira não permite espaços físicos para a prática, com exceção das lotéricas e demais jogos controlados pelo Governo Federal, o ambiente digital se tornou o meio onde as apostas esportivas (conhecidas tecnicamente como apostas de quotas fixas) ocorrem, e a tecnologia tem um papel de extrema importância nisso, permitindo mais segurança e viabilidade.
Publicada recentemente, a MP 1.182/2023 prevê a taxação para essa modalidade de apostas. Além disso, há também o chamado Marco Legal dos Games, que define regulamentações para jogos eletrônicos diversos.
Para entendermos quais são as tecnologias que estão sendo utilizadas nas apostas esportivas e como o poder público está atuando no meio, conversamos com Patrick Lopes, Senior Director da área de Sportainment da Alvarez & Marsal Brasil, e Marco Barbosa, Manager Specialist do BizHub, estúdio de inovação e tecnologia da A&M.
Veja mais do que eles falaram sobre o assunto abaixo!
As principais oportunidades de negócios a partir do Marco Legal dos Games
Segundo Lopes, “a regulamentação e definição dos jogos eletrônicos permitirá que os mesmos sejam utilizados em ambientes controlados onde antes não havia espaço para sua contratação como escolas, uso terapêutico e simulações diversas em processos gamificados.”
Ele prossegue: “Além dos novos mercados e empregos criados, regula um novo produto, os jogos de fantasia, evitando que se aproxime do mercado de apostas. As ações visam dar mais segurança para consumidores, prestadores de serviços, operadores e investidores sobre o funcionamento dos negócios.”
Os principais avanços e falhas da regulamentação das apostas esportivas
Por se tratar de um meio ainda novo no que se refere à atuação governamental, as regulamentações têm sido tema de debates que apontam tanto suas vantagens quanto suas potenciais desvantagens para o segmento.
A nosso convite, Lopes apontou quais acreditam serem os avanços e as falhas da regulamentação para apostas esportivas na atualidade. Confira:
Avanços: “Como avanços penso que devemos destacar o potencial de arrecadação sobre um mercado de destaque no Brasil, um maior controle sobre a oferta de serviços trazendo qualidade e respeito às regras impostas, atração das maiores e mais sérias entidades mundiais, geração de empregos formais,, redução de riscos para o apostador e maior controle sobre potenciais manipulações nos esportes.”
Falhas: “A MP ainda será revisada e é um grande avanço, mas se podemos identificar uma falha é perder a oportunidade de trazer regulação de forma mais ampla para outros campos do mercado de apostas de forma geral. Mas esperamos que os demais assuntos sejam tratados de forma separada e também ágil.
Há mercados muito desenvolvidos nas melhores práticas de jogos e apostas, especialistas do setor nacional e internacional podem contribuir mais com estudos e detalhes de como evitar imperfeições já aprendidas em outras regiões.”
O uso de novas tecnologias e algoritmos para dados e a aplicação da Inteligência Artificial no setor
Na visão de Barbosa, experiências do uso de algoritmos que fazem análise de dados e a utilização da Inteligência Artificial de outras áreas podem servir de exemplo para o campo de games e apostas esportivas. Ele detalha:
“Inicialmente, quando se pensa em ‘Inteligência Artificial’ e ‘apostas esportivas’ a primeira coisa que vem na nossa mente é: prever o resultado dos jogos para poder apostar. E, claro, o objetivo principal é este.”
O especialista faz uma ressalva: “Porém, as experimentações e a experiência desenvolvendo essa inteligência nos mostraram que tão importante quanto saber quem vai ganhar, é saber o quanto apostar e até mesmo saber quando não apostar.”
Ele complementa: “Aqui no BizHub temos uma solução que monitora e analisa o retorno baseado em várias métricas analíticas , inclusive algumas utilizadas no mercado financeiro, para, juntamente com o resultado do modelo de IA, darmos opções conscientes e rentáveis.”
Portanto, podemos concluir que as novas tecnologias poderão ajudar as empresas do segmento a criarem modelos de apostas ainda mais elaborados e atrativos, e que, junto ao setor público, será possível fornecer segurança e integridade para os jogos virtuais que atuam no âmbito.
Vale lembrar que, assim como já ocorre em outras áreas, como no comércio de bebidas alcoólicas e produtos de tabaco, o governo prevê utilizar parte da arrecadação para criar campanhas publicitárias sobre apostas responsáveis.
Aproveite e veja também nosso artigo sobre o impacto do Marco Legal dos Games na tecnologia brasileira!