Se os olhos de vários setores da indústria já se voltam para as possibilidades da Transformação Digital, o mesmo pode ser dito do agronegócio. Muitas vezes pioneiro na adoção de novas tecnologias, o setor já aposta em inovações para a conectividade no campo, com soluções de internet rural que cada vez mais solidificam uma revolução produtiva.

No entanto, quais são essas soluções e como o agronegócio lida com os desafios de conectividade no campo? Afinal, além de maior, a demanda dos consumidores é cada vez mais específica. Como se desdobrar, estratégica e operacionalmente, a fim de comportar todas essas necessidades e ainda contribuir com o meio ambiente?

Confira essas e outras respostas neste artigo!

Quais são as soluções e os desafios da conectividade no campo?

Por ser um setor tão amplo, é quase impossível apontar um único conjunto de soluções que se destacam no agronegócio. É o que a chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária, Silvia Massruhá, explica:

“Na Agricultura Digital, tecnologias de computação e comunicação são empregadas nos processos de produção agrícola para gerar conhecimentos que serão aplicados em todos os elos da cadeia produtiva, desde a pré-produção, passando pela produção até a fase de pós-produção. Nessas aplicações, a comunicação de dados no campo, do campo e para o campo é crucial”.

Para a executiva, se destacam soluções específicas para os três polos citados:

  1. No campo: comunicação entre os sistemas de uma propriedade (tratores e implementos, sensores de umidade, de sistemas de irrigação, parâmetros biológicos e zootécnicos etc);
  2. Do campo: envio de dados sobre o estado de uma propriedade (umidade, temperatura de solo etc) provenientes de diversos sistemas para monitoramento e análise por produtores, consultores e outros agentes, possivelmente afastados;
  3. Para o campo: recebimento de comandos de atuação, como irrigação determinada após análise climática e disponibilidade de água no solo, pulverização inteligente, entre outras.

E os desafios?

Embora a relevância do agronegócio favoreça o desenvolvimento e uso de novas tecnologias, as dificuldades estão no preparo do Brasil em pontos como infraestrutura de telecomunicações, regulação, definição de padrões de segurança da informação, capacitação e custos, como indica Massruhá, que sugere uma solução:

“O 5G pode ajudar no desenvolvimento de tecnologias como a Internet das Coisas [IoT], aumentando significativamente a velocidade de dispositivos móveis e garantindo uma estabilidade da internet, facilitando, assim, a oferta de novos serviços e negócios, além de contribuir para o meio ambiente, pois é previsto que os celulares com conexão desse tipo consumam menos energia”.

Quais são as principais novidades testadas e aprovadas?

Como é de se esperar do setor — um verdadeiro early adopter de tecnologias inovadoras —, já é possível encontrar um punhado de novidades em uso. Conta Massruhá:

“Dentre as novas tecnologias que são inseridas na agricultura, podemos destacar IoT, Big Data, Inteligência Artificial [IA], impressão 3D, robótica, blockchain, realidade aumentada e realidade virtual, além de plataformas sociais, mobilidade e computação em nuvem, que, em conjunto, são alguns dos pilares para a inovação”.

Ainda segundo a representante da Embrapa, já é possível identificar aplicações dessas tecnologias em agricultura e pecuária de precisão, irrigação, manejo integrado de pragas e rastreabilidade animal, entre outras. Todas em diversos estágios de desenvolvimento — na pesquisa, em pilotos e em produção e uso comercial.

O que deve impulsionar a internet rural nos próximos anos?

Para Massruhá, os principais desafios giram em torno da produção alimentar. Ou seja, garantir segurança sem necessariamente ampliar a área plantada. Outra demanda do consumidor é o alimento rico, que contribua mais para a nutrição e saúde das pessoas.

Na opinião da executiva, esses desafios já impulsionam uma virada tecnológica e digital considerável no agronegócio. Portanto, soluções de conectividade no campo que potencializem a comunicação e o tráfego de dados serão destaques no futuro. Ela explica:

“Estudos mostram algumas tendências da adoção dessas novas tecnologias no setor rural, como o Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE], realizado em 2017. O número de produtores que declararam ter acesso à internet cresceu 1900%, passando de 75 mil, em 2006, para 1.430.156, em 2017, sendo 659 mil através de banda larga e 909 mil via internet móvel”.

De acordo com Massruhá, quem larga na frente na adoção dessas novas tecnologias e nas inovações de conectividade do campo são os grandes produtores, sobretudo por sua capacidade de investimento e grande escala produtiva.

“Entretanto, os pequenos e médios têm as associações cooperativas para fomentar a adoção dessas novas tecnologias e o compartilhamento de informações. Aproximadamente 70% desses produtores utilizam a internet para atividades ligadas à produção agrícola”.

Como esses avanços contribuem para a produtividade do agro?

Os impactos mais evidentes são, com certeza, a geração de conhecimentos e a possibilidade de criar modelos de negócio — em todos os elos da cadeia produtiva. De acordo com a executiva, as tecnologias podem encurtar caminhos entre fornecedores de insumos, produtores e consumidores. Esse é um dos grandes benefícios da conectividade no campo. Detalha Massruhá:

“Auxiliar na tomada de decisão no planejamento da safra e na gestão da propriedade agrícola, permitindo a otimização de processos desde o plantio até a colheita, a otimização do uso de insumos e de recursos naturais, um melhor planejamento do armazenamento, a comercialização, distribuição e logística e, consequentemente, aumentando a produção e reduzindo custos”.

Como o 5G e a conectividade no campo contribuirão com o setor?

Discutir o avanço da conectividade no campo e a inserção de tecnologias inovadoras, como o 5G, é de extrema importância. É preciso entender os seus efeitos e se preparar para uma nova realidade de mercado. No agronegócio, as possibilidades são infinitas. Exemplo disso é o estabelecimento da Agricultura 4.0, baseada em conteúdo digital, tecnologia de ponta e conectividade no campo.

“O avanço da conectividade no campo vai favorecer a convergência das diferentes tecnologias nas áreas de biotecnologia, nanotecnologia, tecnologia da informação, comunicação e ciência cognitiva, o que vai refletir diretamente no aumento da produção e da produtividade, com sustentabilidade e competitividade tanto no mercado nacional quanto internacional”, finaliza a chefe-geral da Embrapa.

No fim das contas, é um passo essencial para um setor que, por si só, move as engrenagens da sociedade.

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