Que o 5G é o grande tema das telecomunicações nos últimos anos não há dúvida, mas, em paralelo, existem outras tecnologias de conectividade que seguem avançado mesmo sem o uso da quinta geração de redes móveis.
A Internet das Coisas (IoT) é uma delas. Indispensável dizer que a inovação ganhará ainda mais possibilidades com o 5G, mas, enquanto isso, a solução segue se desenvolvendo ainda com o 4G.
Com o tema “Nem tudo é 5G: a conectividade certa para a demanda certa – a maturidade do IoT chegou?”, o assunto foi abordado em um dos painéis apresentados durante o Futurecom 2022.
A conversa foi mediada por Paulo Spaccaquerche, presidente da ABINC – Associação Brasileira de Internet das Coisas, e contou com a participação de especialistas de calibre na área. São eles:
Rafaela Werlang, Líder do time de Engenharia de vendas da Ciena Brasil da Ciena; Vitor Menezes, Diretor de Relações Institucionais da Ligga Telecom; Eduardo Polidoro, Diretor de Negócios de IoT da Claro; Janilson Júnior, Diretor de Novos Negócios da American Tower; Rodolfo Wetterle Rodrigues, Gerente de Soluções da Agora Telecom; e Alexandre Dal Forno, Diretor de IoT & 5G da TIM Brasil.
Siga acompanhando este artigo e veja alguns dos pontos levantados pelos participantes no painel do Futurecom!
A maturidade do IoT e seus avanços em diferentes frequências de conectividade
Logo na abertura da conversa, Rafaela Werlang destacou que, em sua visão, não existe uma exata maturidade do IoT, pois a inovação seguirá evoluindo e se adaptando conforme novas condições tecnológicas, como o 5G, surgirem.
“A gente não pode dizer que a maturidade do IoT chegou, e não vamos alcançar nunca essa maturidade, pois ele seguirá crescendo. Obviamente ele vai ser desenvolvido de acordo com todas as tecnologias que vão aparecendo, com alterações baseadas nos dispositivos que trarão cada vez mais coisas e informações, mas um ponto que precisamos destacar é que o IoT não é dependente do 5G”, comenta ela.
A representante da Ciena continua, reiterando que o deve ocorrer é a criação de novas possibilidades ao IoT concomitantes às que já existem.
“Ele já existe há muitos anos, está presente em nossas vidas com qualquer tipo de conectividade. O 5G traz mais casos de uso, então você tem a possibilidade de utilizar dispositivos que não funcionariam antes pois as redes existentes não tinham a latência necessária”, analisa ela.
A visão é compartilhada por Vitor Menezes, da Ligga Telecom, que destaca que as funcionalidades do IoT já eram uma realidade com outras modalidades de conexão que antecederam o 5G e até mesmo o 4G.
“Temos na ordem de quarenta milhões de dispositivos conectados em 2G e 3G, e isso ainda vai perdurar por alguns anos, porque quem vai demandar esse tipo de aplicação é o cliente. Ele quem vai decidir a latência que precisa, e o IoT já alcançou sua maioridade, já temos uma tecnologia experiente com o uso de várias faixas de frequência”, comenta ele.
Menezes acrescenta: “O 5G não vai, na minha opinião, interromper alguns desses processos. Acho que vamos ter uma diversificação nas aplicações, mas não vai acabar com as que já temos hoje.”
As relações de cada nicho do mercado com o uso do IoT para variadas finalidades
Prosseguindo com o painel, foi a vez de Eduardo Polidoro, da Claro, destacar algumas das opções de conectividade que já estão sendo aproveitadas pelo IoT sem depender necessariamente do 5G.
“Tem muitos casos de uso que vão ser destravados primeiro pelo CAT-M1 e o NB- IoT. O caso de uso é que dita a tecnologia, não a tecnologia por modismo ou algo assim”, reflete o especialista.
Ainda de acordo com ele, existem soluções de IoT que já estão em alta, enquanto outras fatias de mercado ainda se situam no início desta jornada.
“A gente divide o mercado por verticais. Algumas delas estão mais maduras, como o mercado financeiro. Para as cidades isso ainda não está tão maduro, até pela dificuldade que o governo tem de contratar e levar soluções. Temos também veículos, rastreamento, carro conectado, que já estão com um nível médio de maturidade, então existem vários níveis distintos”, comentou.
Fazendo uma pontuação à fala de Polidoro, o mediador Paulo “Spacca” sintetizou um pouco da opinião geral sobre essa conexão entre 5G e IoT e os avanços que devem ser notados nos próximos anos.
“O 5G vem para impulsionar o IoT em alguns nichos de negócios e demandas específicas de mercado, como foi colocado com relação à latência”, diz ele.
As adaptações de conectividade e os prognósticos para o IoT no futuro próximo
O painel seguiu então com a contribuição de Janilson Junior, que falou um pouco sobre a trajetória da empresa que representa neste aspecto.
“Nos últimos quatro anos a American Tower investiu na construção de uma rede dedicada à IoT, uma rede LPWAN justamente para quebrar algumas barreiras e fomentar o ecossistema do IoT”, comentou.
Ele continua: “Acho que agora com o 5G chegamos no ápice da maturidade tecnológica, e temos soluções que podem ser muito bem aplicadas ao uso do IoT massivo, e com o 5G temos a missão de conectar o IoT de missão crítica.”
Ainda de acordo Júnior, outras questões, como a regulamentação, têm sido importantes para este cenário. Ele se aprofunda:
“O IoT vem para resolver uma dor real, e esse problema é de quem gera o negócio. Esses ambientes de negócios é que tem que entender a necessidade e propor uma solução que melhore e automatize seu dia a dia de negócios. Essa é uma grande oportunidade que temos de evoluir o IoT de agora para frente.”
De forma semelhante, Rodolfo Rodrigues, da Agora Telecom, citou os avanços que a tecnologia sofreu durante as necessidades causadas pela pandemia.
“Ao longo da pandemia nós tivemos muitas soluções IoT entrando no mercado, e essa demanda veio com a conectividade que não é 5G. Como você vai tirar tudo isso para colocar o equipamento 5G para funcionar?”, reflete.
Ele comentou também sobre o uso de tais soluções em nichos específicos, como no setor da saúde, onde essas possibilidades já são uma realidade.
“Um dos maiores prejuízos em grandes hospitais hoje é a perda de objetos cirúrgicos. Lá dentro você pode implementar sistemas de IoT via RFID, onde você vai ter um bisturi, ou algum objeto que não possa ser perdido, e você irá localizá-lo. Isso já está implementado, já passou do piloto, assim como a tecnologia do Wi-Fi 6”, disse ele.
Internet das Coisas no campo e soluções para as demandas tecnológicas do mercado
De acordo com Alexandre Dal Forno, da TIM, um exemplo prático de que “nem tudo é 5G” e que outras conectividades seguem sendo de grande importância está em um projeto criado pela operadora visando a melhoria da conectividade no campo.
“A gente entende que mais de 98% dos casos de uso reais do agro o 4G já atende. Eu sempre falo que tem espaço para todas as conectividades, e acho que o NB-IoT vai ser o grande habilitador de startups e empresas que estão começando porque ele é simples e tem uma capilaridade muito grande”, destaca o painelista.
Ainda de acordo com ele, apesar das entusiasmadas possibilidades que o 5G traz, ainda há muito a ser explorado, e até lá as demais opções de conectividade e tecnologias adjacentes seguem tendo um papel vital para o setor.
“O 5G vem e vai ser uma revolução. Ele é como um iceberg, e estamos vendo só a ponta por hora. Então veremos muitos casos de uso e possibilidade com o tempo. Então vamos estudar, entender e aprender onde cada tecnologia entra da melhor forma possível”, concluiu ele.
Para o mediador Paulo Spacca, também é importante lembrar que “existem outras saídas e soluções que são evidentemente focadas no que o mercado demanda, e é isso que estamos falando.”
Quer saber mais sobre este assunto? Adquira já seu acesso à plataforma Futurecom Xperience e confira este e outros painéis do Futurecom 2022 na íntegra!