A internet em 5G já é uma realidade no Brasil inclusive em regiões mais remotas, mas as empresas de telecomunicações ainda não encontraram as melhores formas de monetizar a tecnologia, especialmente para levá-la a regiões de difícil acesso do país. Para esses dois problemas, uma única novidade se apresenta como solução: o FWA, sigla em inglês para Acesso Fixo Sem Fio.

O tema foi discutido no painel “FWA e a divergência de visões – como serão as transformações digitais nas cidades e corporações brasileiras”, realizado durante a 23ª edição do Futurecom, feira de telecomunicação, conectividade e tecnologia em São Paulo. Amplamente difundido nos Estados Unidos e na Europa, o FWA usa ondas de rádio para fornecer conectividade estável e de alta velocidade em casas e empresas.

Para o gerente sênior de IOT da Deloitte, Renan Antoniolli, o Acesso Fixo Sem Fio é uma alternativa viável aos cabos tradicionais de fibra óptica, mas não um concorrente. “Do ponto de vista do B2C, uma operadora que queira ampliar sua malha e cobertura hoje investe primeiro em FWA, diminuindo em 50% o tempo que levaria para ‘fibrar’ toda uma cidade. Já no B2B a tecnologia supre a demanda das empresas de dupla conectividade e redundância de rede, formando um sistema mais robusto”, afirmou o especialista.

Marco Canongia, diretor da Lumicom e mediador do debate no Futurecom, trouxe o dado de que 80% a 90% das adições de banda larga nos EUA atualmente são por FWA, e parcela total de mercado até 2025 será de 12%, bem diferente do que acontece por aqui. “No Brasil as operadoras oferecem serviços em fibra e o FWA é visto como um complemento quando há dificuldade de alcance do cabeamento. Só recentemente tivemos o primeiro projeto nacional totalmente voltado ao Acesso Fixo Sem Fio, que prevê a cobertura de internet em todas as escolas públicas do Distrito Federal”, lembrou Marco.

Quais são as aplicações e experiências internacionais com FWA?

Mas o 5G com Acesso Fixo Sem Fio será um serviço B2B, atuando como conexão alternativa para o mercado corporativo, ou um serviço para o consumidor final, contribuindo com o conceito de casas conectadas? Quem respondeu essa questão durante o Futurecom foi Chengyan Han, CMO da ZTE Américas. “A diferença do FWA em termos de capacidade é grande. A fibra é o caminho a se seguir para a banda larga, mas ela não pode chegar a todo lugar por uma questão de estrutura e investimento. Nós chamamos a nossa fábrica na China, por exemplo, como ‘fábrica de criação de 5G’, desde a tecnologia até o middleware, a plataforma de interconectividade para diferentes aplicações, logística e manufatura”, afirmou o executivo.

O vice-presidente de Telecom da FiberX, Juelinton Silveira, concordou dizendo que o FWA “é uma ferramenta para auxiliar na conectividade doméstica e no conceito de internet das coisas das cidades também, para melhorar a eficiência dos serviços públicos, transporte, segurança e saúde”. Mas, segundo o consultor de Telecom da Vivo, Daniel Vagner Santos, existe um obstáculo claro para monetizar e gerar negócios com o 5G. “O Brasil tem uma característica diferente dos Estados Unidos: lá são 20% de penetração de acesso fixo com fibra ótica, enquanto no Brasil temos 70%. Entendo que há espaço para o FWA, mas temos muito a explorar com fibras passadas. Ainda existe uma dificuldade na regulamentação de acesso aos postes de energia, por exemplo, e muitas operadoras não conseguem acesso às regiões em que querem atuar”, explicou o representante da Vivo.

Enquanto isso, Europa, Ásia e até mesmo o Oriente Médio se apresentam como ua fatia de mercado importante para o Acesso Fixo Sem Fio. Para o diretor da Kyndryl, José Felipe Ruppenthal, países que apostam em conectividade estão buscando meios para levar à transformação digital de sua cultura. “Tivemos a primeira oferta comercial no mercado brasileiro há dois meses e a participação dos Estados Unidos é sempre grande, mas a Ásia, o Oriente Médio e a Europa estão ganhando destaque. Até 2028, teremos um total de 240 milhões de acessos ao 5G no planeta usando Acesso Fixo Sem Fio, o que representa 40% de toda a banda larga”, disse Ruppenthal.

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