A sequência do quinto dia do Futurecom Digital Summit, que abordou a trilha de conhecimento do FuturePAYMENT, foi iniciada na noite desta segunda-feira, dia 29 de junho, com a palestra “Pix: Instrumento centrado no usuário que vai revolucionar a indústria de pagamentos”. Conduzida por Breno Lobo, Assessor Sênior do Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos do Banco Central, a apresentação e o painel que se seguiu tiveram patrocínio de Zoop e Serpro.
Para iniciar sua fala, Breno aproveitou para apresentar o PIX, sistema de pagamento desenvolvido pelo Banco Central que busca unificar os pagamentos digitais no país. Ele explicou:
“PIX é um pagamento instantâneo, e uma das características já atribuladas em seu nome é a velocidade da transação, e quando falamos disso nos referimos à disponibilização do recurso já na conta para que o uso possa ser feito. Durante 24h por dia, sete dias por semana, independente do dia do ano e do horário, os recursos ficarão disponíveis na conta do recebedor. Outra característica é que o PIX ficará disponível para todo e qualquer pagamento ou transferência feito hoje”, disse.
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Breno aproveitou para dar mais detalhes de como será o funcionamento do sistema, tirando dúvidas da criação do BC que promete acelerar ainda mais os pagamentos digitais no Brasil.
“É necessário ter uma conta em alguma instituição. O PIX não é um aplicativo, mas sim um meio de pagamento que será ofertado pelo BC para os participantes. Para utilizá-lo, eu entrarei no app do meu banco, e de lá poderei fazer a transferência por QR Code ou uma chave de segurança”, explicou.
“Com um clique já será possível fazer essa transferência, facilitando a vida dos pagadores. O pagador receberá então a notificação, e tudo isso está sendo padronizado por meio de regras do Banco Central”, completou Breno, informando que a autenticação para as transações poderá ser usada de acordo com usuário e seu aparelho, e podem envolver biometria digital ou facial, entre outras.
Tempo de resposta e usabilidade do sistema
O representante do BC falou ainda sobre o tempo de resposta do sistema, assim como acordos que farão do PIX um sistema padrão para pagamentos governamentais: “O objetivo é que 99% dos PIX sejam realizados em até 10 segundos, e 50% em até 5 segundos”, informou. “Já temos um acordo com o Tesouro Nacional para que as taxas, como a do ENEM, por exemplo, possa vir com um QR code do PIX.”
O PIX também poderá ser usado para saques em estabelecimentos comerciais, como nos supermercados, ação que já é comum em alguns países do exterior. Breno falou ainda sobre a questão da segurança do sistema contra fraudes, assim como as instituições que já estão aderindo ao PIX e que terão o sistema disponível assim que for lançado, em 16 de novembro deste ano.
“Hoje temos 980 participantes em processo de adesão para o PIX. Temos de tudo: fintechs, varejistas que estão iniciando nesse meio de pagamentos, bancos tradicionais… então temos de fato um ambiente bastante aberto e participativo”, analisou Breno, frisando que pessoas físicas não pagarão para utilizar o método, assim como já ocorre nas transações de compras em débito.
Futuro dos pagamentos contacless
Após a apresentação do representante do Banco Central, o Futurecom Digital Summit recebeu o painel com o tema “O Futuro (ou presente?) dos Pagamentos é Contactless”, moderado por Talita Moreira, repórter do Valor. Também participante do debate, Breno iniciou a conversa:
“Eu acho que o futuro dos pagamentos é cada vez a gente evitar, principalmente agora, o contato com dispositivos que não nos pertençam. Cada vez mais as pessoas estão sendo obrigadas a querer usar o celular para fazer pagamentos, a própria indústria de cartões, com todo o crescimento das carteiras digitais, então ainda vejo que as maquininas tendem a deixar de ser necessárias. Os pagamentos eletrônicos serão cada vez mais demandados. Cartão, dinheiro, moeda, maquininha… eu creio que deva diminuir bastante o uso de métodos físicos”, observou.
CSO da Zoop, Alessandro Raposo seguiu na mesma toada, explicando as visões que sua companhia tem para a questão:
“Hoje já temos um pagamento mais digital, a pandemia certamente acelerou muito esse processo. O que eu entendo pro futuro é que o pagamento será cada vez mais invisível, como a gente chama. Estamos avançando na linha de pagamentos digitais, e a partir da identidade digital conseguiremos autenticar e fazer o pagamento”, explicou ele. E prosseguiu: “As experiência que eu imagino do futuro envolvem o varejo e estabelecimentos podendo identificar o consumidor, ou mesmo por meio da biometria, de forma simples, ágil, trazendo mais segurança e conveniência.”
O papel do varejo
Representando o varejo, o painel contou com Daniel Dórea Andrade, Manager de Digital Payments and Innovation do Carrefour. Para ele, os novos métodos chegaram para ficar, e o varejo e seus clientes tendem a se beneficiar disso. Ele explica:
“Vemos cada vez mais os consumidores usando o celular para pagar as contas, sem precisar ir ao banco, mas as carteiras digitais também têm ganho cada vez mais espaço. Mas, falando do varejo, ainda é muito difícil encontrar os que aceitam. Ainda é preciso negociar bastante, ensinar aos operadores de caixa o que aceitam ou não, então acho que o PIX, por ser um modelo único de integração, vai facilitar bastante para aceitar noso meios de pagamento no varejo.”
Outro representante do meio que marcou presença na conersa virtual foi Eduardo Ariel Grunewald, Gestor de Serviços de Supermercados da APAS, que falou sobre o assunto:
“No ponto de venda nós tivemos que receber cartões digitais da Caixa Econômica, que ainda não estavam preparados para o ponto físico, mas isso foi muito rápido. E nós percebemos na ponta que o consumidor de certa forma está se aculturando, então estamos sofrendo esse processo muito rápido”, analisou o convidado. “Como disse o Daniel, ainda temos inúmeras etapas para conseguir avançar e faciclitar, mas a prova de fogo foi feita nesses últimos 90 dias, e mostrou que os consumidores conseguem sim se adaptar, e fizemos isso em uma velocidade enorme”, completou.
A missão das operadoras
Financial Products and Solutions Director da Claro, Mauricio Santos também foi um dos convidados do rico debate, falando sobre a perspectiva das empresas de telecomunicação:
“Na Claro e no mercado de telecom nós vemos de forma semelhante aos que os colegas colocaram. A pandemia criou um novo cenário aos consumidores e aos comerciantes também. Não necessariamente as pessoas terão que usar o celular para realizar o pagamento, futuramente elas usarão a biometria, como já têm sido usado em países asiáticos”, disse.
Santos aproveitou para abordar algumas vantagens apresentadas pelo QR Code, explicando porque, em sua visão, o método deve seguir crescendo:
“As vantagens do QR Code em relação ao NFC é que este segundo precisa de maquininhas e celular que comportem essa tecnologia. Então nesse cenário da pandemia vemos que o QR Code tem uma certa vantagem”, afirmou.
E prosseguiu: “A biometria facial ainda depende de um nível de precisão que não temos hoje. Na China usam-se scanners e câmeras que ainda não temos e deve demorar um pouco mais, então nossa aposta de curto e médio prazo está no QR Code. Em relação ao pagamento online, temos visto os comerciantes indo para um mundo de e-commerce, e stational commerce, que é as pessoas indo para WhatsApp, Messenger, e fazendo transações por essas redes sociais.”
Desafios da digitalização
Para ele, o papel das operadoras no novo cenário torna-se ainda mais vital, já que os novos métodos de pagamento exigem conexão frequente com a rede de dados, o que, em um país de dimensões como o Brasil, pode apresentar desafios, alguns já observados com a pandemia da COVID-19.
“Em relação às operadores, nós vimos um aumento muito forte de tráfego de dados, com as pessoas em home office, utilizando a banda larga, o celular, a educação à distância, o entretenimento – a Claro por exemplo tem o Now, e batemos recordes de vendas de filmes – então uma preocupação que temos é de incentivar os investimentos feitos nos últimos anos em termos de cobertura e velocidade de rede”, apontou o convidado.
“E isso não é só no 5G, mas também nos atuais 4 e 4,5 para que a velocidade se mantenha adequada. Então as operadores têm um trabalho importante como enablers das possibilidades de pagamentos digitais”, prosseguiu.
Inclusão para o avanço
Outro convidado que participou da conversa foi Rafael Ferreira, Head de Produtos de Informação e Inteligência da SERPRO.
“A gente acredito no contacltess, no NFC e no PIX também. Acabamos de passar por uma bancarização recorde, mas teremos que atender as pessoas de forma diferente. Vou arriscar aqui em cima da fala do Maurício, e acho que a biometria facial, e também a biometria digital também vão poder trazer essa revolução”, explicou o painelista
“Pras tecnologias, a gente acredito muito na validação biométrica e na disponibilização disso para a sociedade de forma ampla. E para isso precisamos das operadores, pois temos um problema de acesso no Brasil, o próprio auxílio emergencial colocou isso à prova. Muitas pessoas não têm plano de dados, utilizam apenas o wi-fi, então as tecnologias precisarão encontrar esse espaço. A gente acredita demais nessas tecnologias, como o pagamento invisível”, concluiu.
Ao longo da conversa, os painelistas falaram ainda sobre outros temas de grande importância para a adoção de novos meios de pagametno contactless no Brasil, como a proteção contra fraudes e a inclusão digital da grande população nacional.
Outros aspectos, como a posição de cada empresa e a ação de segmentos em prol das novas tecnologias de pagamento também permearam o rico debate, que concluiu o quinto dia do evento da Futurecom.
Veja as palestras do Futurecom Digital Summit em: https://videos.netshow.me/informa. Inscreva-se no evento para acompanhar os painéis dos outros dias desta imperdível realização.