Acompanhar as novas tendências de sustentabilidade é, mais do que uma necessidade, uma verdadeira obrigação nos tempos atuais. O setor de tecnologia não foge à regra, e estar de acordo com as diretrizes do ESG (sigla em inglês para meio ambiente, social e governança) é um ponto-chave para muitas startups.

Realizado no setor Startup Future Tech do Futurecom 2022, no dia 19 de outubro, o painel com o tema “Como startups lidam com novas tecnologias e ESG” teve a mediação de Franklin Ribeiro da InvestSP e as participações de André Palma, CEO da Asel-Tech; Anauyla Batista, CCO da GreenPlat, e Davi Bertoncello, CEO da Tupinambá Energia.

“A gente vê um mercado de ESG que se fala muito mas ainda não faz tanto. Então a gente defende a bandeira de que é preciso ter métricas, ações, caso contrário seguiremos apenas no greenwashing. E é por isso que acreditamos no uso do blockchain para rastreio e gestão ambiental”, afirmou Anayula.

O poder das cleantechs brasileiras frente às concorrentes estrangeiras

De forma semelhante, André Palma falou sobre como as atividades de sua startup estão auxiliando setores energéticos por meio do uso da tecnologia.

“Nós detectamos e localizamos vazamentos em dutos de óleo e gás. Então temos todas essas camadas desde o IoT, conectividade, algoritmos, rede neural e IA, até a geração do alarme em tempo real”, elencou ele.

Palma falou também sobre como, em recentes testes, a Asel-Tech foi capaz de detectar um vazamento em cerca de 17 segundos ante 12 horas de um concorrente do Reino Unido. Para ele, isso demonstra a força que as startups brasileiras têm quando o tema são ações que colaboram com o meio ambiente e práticas de ESG.

“Isso mostra pros competidores que estamos à frente e pro investidor que há um mercado para isso aqui”, observou o palestrante, citando ainda que mesmo em mercados maduros, como nos EUA, a tecnologia ainda segue em construção.

Cumprimento da legislação ambiental e compliance para ESG

Falando especificamente sobre o mercado de telecom, Anauyla comentou sobre a importância de que os resíduos gerados pelas instalações sejam devidamente tratados segundo a legislação, o que traz benefícios ao ambiente e às empresas.

“No Brasil, nesse exato momento, a gente tem pelo menos 30 a 35 mil pontos de obra acontecendo em telecom, e cada obra gera resíduo, então você precisa cumprir com a legislação. Não tem perdão se é um ponto pequeno ou uma obra grande”, aconselhou ela.

A representante da Greenplat prosseguiu: “Quando você tem isso bem gerido ou você reduz esse custo ou gera receita, por isso é imprescindível ter uma boa gestão que te traga compliance e uma melhor oportunidade de gerenciar esses custos.”

Seguindo o raciocínio, André Palma destacou que o 5G também trará uma oportunidade de integração para esse tipo de iniciativa, seguindo exemplo de ações já realizadas no ramo onde atua. Ele explica:

“Como eu coleto a impressão do comportamento de um duto de óleo e gás lá no Iraque daqui do Brasil? Eu preciso de comunicação, portanto tecnologias que transportam o dado para depois ele virar informação, é fundamental.”

Investimentos e oportunidades para startups verdes no Brasil

Se o cenário é desafiador pelos obstáculos que a boa prática do ESG impõe, ele também é animador, já que cada vez mais empresas têm apostado nisso, o que consequentemente gera mais startups dedicadas ao segmento.

Bertoncello cita como exemplo recentes investimentos que sua startup conseguiu de gigantes como Raízen e Shell, destacando que, mesmo com o Brasil ainda estando longe de um cenário ideal em mobilidade urbana, o cenário já está mudando.

“É claro que existe um déficit do Brasil em relação a universos mais maduros para mobilidade elétrica, mas de fato no nosso nicho existe sim a oportunidade de levar o Brasil pro mundo, pois não existe hoje um país que já tem super bem resolvida a mobilidade elétrica”, disse ele.

Anayula complementou a fala do colega, destacando que o Brasil, mesmo que ainda atrás em alguns aspectos, dispõe de um enorme potencial tecnológico que pode ser revertido para ações sustentáveis dentro do segmento. Ela afirmou:

“Aqui nós temos muitas oportunidades. Quando falamos em maquinário, infraestrutura pesada, a gente perde um pouco, pois não temos tanto investimento, mas quando falamos de tecnologia digital nós ganhamos espaço, pois temos muito talento, mão de obra especializada, e gaps que não se acabam.”

O 5G como ponto de mudança para o avanço do ESG no país

Para Davi Bertoncello, tais avanços ajudarão também a desbloquear investimentos. Segundo ele, a conectividade a atual legislação ainda são travas no setor, mas ele acredita que a primeira poderá ser muito beneficiada com o avanço do 5G.

Seguindo uma linha semelhante, Palma crê que tais investimentos, aliado a outros que compõe aspectos essenciais de sustentabilidade, podem fazer a diferença em novas oportunidades tanto para startups quanto para investidores.

“Acho que a mobilidade aliada ao transporte público, assim como segurança e saneamento, ajudará a fazer uma revolução que trará grandes oportunidades para todos nós”, disse.

Finalizando o painel, Franklin Ribeiro destacou que tem visto grandes oportunidades para investimentos, e que acredita que o cenário para tais startups é promissor.

“Minha visão próxima é a do aumento de investidores vindo pro Brasil. Eu converso com investidores e vejo que está muito próximo de acontecer”, finalizou ele.

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