O que é preciso para popularizar a economia dos pagamentos invisíveis? Muito se fala do conceito de cashless, traduzido por termos e siglas que estão na moda, como NFC, carteiras digitais, cartões contactless e QR Code. Mas, no fim das contas, o pagamento invisível é um privilégio para poucos ou será um caminho viável para muitos?
Esse foi o debate do painel “A conectividade por trás do cashless” do Future Payment, durante o Futurecom 2022. Confira os pontos discutidos!
O cenário do pagamento cashless no Brasil
Com base em dados compartilhados pelo gerente de Produtos de Biometria do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), Rafael Ando, a tendência é que as modalidades de pagamento sem contato ganhem espaço nos próximos anos, em função do aprimoramento das tecnologias.
“Segundo um estudo da PwC, o volume de transação cashless no mundo deve aumentar em 82% até 2025, na comparação com 2020. E de acordo com o Gartner, o comércio digital é uma fonte de renda crítica para muitos negócios, e para que se possa maximizar faturamento e lucratividade, dentre as medidas, as empresas precisarão oferecer meios alternativos de pagamento”, disse o especialista, durante painel que mediou no Futurecom 2022. “Além disso, as transferências via PIX já movimentaram R$ 8,3 trilhões, nos últimos 12 meses, e a quantidade de saques via caixa eletrônicos caiu 24% no primeiro semestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2019. Estes são indicativos de que os pagamentos digitais seguirão ganhando espaço.”
“Estamos vendo uma quantidade grande de transações via PIX e elas estão ficando mais elevadas, assim como os pagamentos via smartphone”, complementou o CTO do Banco Digio, Gaspar Lins. “Inevitavelmente, vemos um caminho para avançar nos pagamentos cashless”, corroborou.
Mas, naturalmente, para que haja a popularização dos “pagamentos invisíveis” é necessário trilhar uma longa jornada que passa pela superação de diversos desafios no campo da conectividade. A boa notícia é que já há bons exemplos internacionais que servem de referência para o mercado brasileiro, como o trazido pelo CTO do Shell Box, Carlos Santos. “Na Suécia, por exemplo, havia apenas 40% de circulação de dinheiro em 2011. No ano seguinte, eles implementaram o pagamento instantâneo, semelhante ao nosso PIX. Em 2021, a circulação de dinheiro físico caiu para 6% e eles criaram uma moeda digital própria. E também no ano passado o país determinou que em março de 2023 eles não aceitarão mais dinheiro físico. É uma jornada interessante”, analisou o executivo.
Desafios a serem superados para pagamentos cashless
Para Gaspar Lins, do Digio, os desafios para expandir a fatia de pagamentos cashless está em vencer aspectos de segurança e de confiabilidade do usuário de que ele pode fazer transações de maneira segura. “Outro quesito, logicamente, é o de infraestrutura. “Estamos completando um ano do leilão do 5G e há estudos que dizem que para fazermos uso de todo o potencial dessa frequência precisamos de um milhão de antenas no Brasil. Então, o desafio que temos em infraestrutura é colossal. A experiência fluida de conectividade, de banda maior, de baixa latência só será possível quando avançarmos neste ponto”, detalhou o executivo. “Produtos e serviços digitais devem fluir de forma orgânica. Tem que ser seguro, estável e também democrático. A experiência tem que ser fluida para que as pessoas usem a tecnologia onde e quando elas queiram.”
Em consonância a essa visão, Carlos Santos, do Shell Box, também listou as preocupações com fraudes e as barreiras relacionadas à conectividade, e acrescentou que ainda observa muito receio no fornecimento de dados por parte dos clientes. “E traçando um paralelo com o que vivenciamos hoje no Shell Box, a rodovia é muito desguarnecida pela conectividade. Por isso o investimento em infraestrutura é tão importante.”
Para o vice-presidente de Novas Plataformas de Pagamento da Mastercard, Leandro Mattos, o mais importante é as empresas compreenderem, com clareza, as dores do seu mercado, de modo a terem condições de agirem nestas questões. “O consumidor, no final do dia, vai escolher o meio de pagamento que lhe é mais conveniente, seja por segurança, proposta de valor, usabilidade, preço, comodidade ou disponibilidade. Por isso, o sistema financeiro também precisa trazer elementos diferentes que tangibilizem um pouco do poder do consumidor em escolher a melhor alternativa”, ressaltou o executivo. “A gente sempre parte da dor cliente para endereçar soluções que agreguem valor, empacotando diferentes capacidades técnicas que a gente tem nos vários produtos.”
A conectividade 5G e novas opções de uso
“O papel da tecnologia nessa jornada cashless, com certeza, é habilitar uma série de novos casos de uso. O 5G impulsionará essa dinâmica, mas a gente tem que pegar a gama de infraestrutura atual para fazer a melhor combinação e entregar a experiência que o cliente espera”, defendeu o diretor de transformação digital do Sem Parar, Pedro Anísio. “Já fazemos uso de transações sem fio há muito tempo. A gente faz isso acreditando que a experiência é que fará o uso ser alavancado. Já temos 6 milhões de clientes que fazem mais de 2 milhões de passagens em pedágios por dia, que acontecem sem nenhuma intervenção humana.”
Dentro deste princípio, de ampliar os casos de uso, o executivo relatou que um bom exemplo que a companhia tem é o oferecimento de cabines que se conectam com a tecnologia bluetooh, pensadas, especialmente, para os condutores de motos. “São mais de 300 cabines de passagem com essa tecnologia, onde o motoqueiro que não consegue usar a passagem automática por tag, ele consegue passar por meio da habilitação desta função em nosso aplicativo. A gente pegou a dor de um perfil de cliente que não era atendimento e entrega isso para ele. Achar dentro da cadeia de cada um essas oportunidades é necessário.”
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