Um novo momento para o setor de energia elétrica no Brasil se aproxima, e as empresas que são grandes consumidoras já se preparam para negociar no mercado livre a partir de janeiro de 2024. Comércios e indústrias que consomem em média 280 gigawatts/hora ou mais poderão comprar energia de qualquer fonte, mesmo que não seja a sua distribuidora.

Como o assunto ainda gera muitas dúvidas inclusive para o consumidor comum e doméstico, especialistas na área debateram o tema no painel “CanalEnergia: energia renovável e o mercado livre”, realizado durante a 23ª edição do Futurecom, feira de telecomunicação, conectividade e tecnologia que acontece em São Paulo, e mediado pelo jornalista Maurício Godoi, subeditor do portal CanalEnergia.

Uma das maiores companhias de soluções em energia do país, a ENGIE Brasil, estava representada pelo seu gerente de Comercialização de Energia, Maury Garrett. O executivo explicou que a empresa reestruturou sua área comercial nos últimos cinco anos para se adaptar à competitividade no mercado nacional. “O Brasil tem um dos custos de energia mais baixo do mundo no momento e atrai diversos projetos e investidores internacionais. Quase 90% da geração de energia no país é renovável, o que é outro atrativo. Estamos no melhor período para contratar energia, por outro lado em 2023 atingimos o piso, e a partir do ano que vem o custo vai subir gradativamente”, explicou Garrett.

“Os setores que mais aumentam seu consumo anual de energia são o agronegócio, bancos, empresas de telecomunicações, big techs e o ramo de datacenter. Tudo que tem dentro dessas instalações são produtos importados, e a ENGIE está procurando negócios desse tipo que também geram alta produção e crédito de carbono. Mas o mercado regional também pode se beneficiar com a abertura do mercado de energia, possibilitando uma economia de 30% no mercado regulado, o que certamente será um diferencial competitivo para empresas menores”, concluiu o especialista.

O desenvolvimento de data centers nacionais

Um dos negócios que mais poderá se beneficiar do mercado livre de energia é o de data centers, os prédios que abrigam equipamentos de TI como servidores, sistemas de segurança e armazenamento de dados, garantindo a integridade dessas informações contra perdas e o bom funcionamento dos sistemas. Estima-se que existam cerca de 50 data centers no Brasil – especialmente em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná – sendo um dos maiores mercados da América Latina.

Durante o painel “Canal Energia: energia renovável e o mercado livre” no Futurecom, o fundador e sócio-diretor da LZA Engenharia e Gerenciamento, Helio Lima, explicou que o principal desafio do setor nesse momento é que os data centers sejam autossuficientes na produção de sua própria energia. Isso acontece porque o principal consumo em equipamentos de TI são os sistemas de refrigeração, necessários para refrigeração das máquinas. E a temperatura média nesses ambientes foi subindo com o desenvolvimento dos hardwares. “Os projetos que fazemos giram entre 60 a 100 megawatts, mas alguns data centers já usam cerca de 300 MW, e alguns deles já no mercado livre de energia e conectados à rede básica, podendo oferecer preços diferenciados aos clientes. Já no mercado americano, nos últimos 3 meses a demanda de data centers foi da ordem de 2,1 gigawatts, o que é ainda mais incrível se considerarmos que antes da pandemia a demanda era de 5 kilowatts”, justificou Helio Lima.

Considerando ainda o avanço da inteligência artificial nos mais diversos setores, o gerente de Elétrica e Sistemas da Deerns, Renan Oliveira, lembrou a necessidade de mais e melhores data centers com a distribuição correta de energia. “A IA é um belo exemplo de tecnologia que exige muita capacidade, e consequentemente muita energia. E embora o Brasil seja pioneiro em fornecer energia renovável para datacenters, energia hidrelétrica e fotovoltaica, também há carência no país de distribuição dessa mesma energia, e não só suas fontes”, explicou o gerente da Deerns.

Um novo momento para o setor de energia elétrica no Brasil se aproxima, e as empresas que são grandes consumidoras já se preparam para negociar no mercado livre a partir de janeiro de 2024. Comércios e indústrias que consomem em média 280 gigawatts/hora ou mais poderão comprar energia de qualquer fonte, mesmo que não seja a sua distribuidora.

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