Novas soluções de mobilidade urbana em desenvolvimento no Brasil estão movimentando uma série de debates: da estruturação do transporte público, passando por regulações por parte do poder público, empregabilidade, ferramentas para pagamento e uso de dado, é o que afirmam os participantes do Painel Futurenet@ABRANET: Transporte, Mobilidade e Conectividade

De acordo com o ex-secretário municipal de Mobilidade e Transportes e atual chefe de gabinete do prefeito Bruno Covas, Sergio Avelleda, as relações com modais vão mudar. As pessoas estão deixando de possuir meios de transporte e passando a utilizar esses meios de transporte. “E essas novas opções são complementares ao que já estruturado”.

“Não adianta ter mais estação de metrô! Eu vou retroalimentar o problema de deslocamento (devido concentração demográfica em alguns bairros”, Sergio Avelleda.

Opinião semelhante à de Caio Franco, Legal & Regulatory da Yellow; para quem bicicletas colaborativas, patinetes elétricos ou carros compartilhados integram sistemas, fazendo com que distâncias curtas entre escritórios e pontos de ônibus ou estações de metrô sejam mais fácil e rapidamente percorridas.

“Hoje existe trânsito de bicicleta na ciclofaixa da Avenida Faria Lima, pois há estação de metrô ali perto. Isso é perfeito!”, Sergio Avelleda.

Tecnologia e abertura de dados

Fala-se muito na utilização de veículos autônomos, mas em locais como África, Índia e Brasil os testes com esse tipo de automóvel enfrenta problemas diferentes dos presenciados na Europa ou Estados Unidos; segundo Avelleda, por aqui ainda é preciso estruturar o transporte público.

Além disso, é preciso programar os veículos para lidarem com questões éticas: quando dirigimos e, eventualmente, vamos inevitavelmente colidir com dois pedestres, “escolhemos” por um baseado em uma série de critérios éticos e pessoais. “Como isso acontecer com os carros?”, questiona o ex-secretário de Mobilidade e Transporte. “Em caso de haver uma criança, uma grávida e um idoso, como se dará essa decisão?”.

Ainda sobre transporte público, é preciso que sejam oferecidas mais informações sobre horários e trajetos, com mais transparência e confiabilidade. Isso pode ser feito compartilhando dados gratuitamente com a sociedade. Isso acontece com a linha de ônibus na cidade de São Paulo (SP).

“Os maiores provedores de dados serão as plataformas como o Waze. Isso ‘esvazia’ o poder público”, explica Avelleda.

Fora do centro urbano

Uma das dificuldades de quem mora distante de grandes centros urbanos ou em áreas consideradas nobres, como a Vila Brasilândia (SP) é se locomover. Seja porque faltam ônibus ou porque os serviços de carros compartilhados não chegam até lá por considerarem aquele lugar como área de risco.

Como resposta a essa situação, Alvimar da Silva, “ex-motorista de aplicativo” fundou a cooperativa JaUbra para atender a demanda – crescente – existente naquele bairro. Hoje são 50 veículos que transportam moradores. “Há casos em que somos chamados para substituir o SAMU”, comenta da Silva.

Um dos principais desafios é que por lá, no “fundão da Zona Norte” falta conectividade. E quem usa Whatssap costuma utilizar a opção de áudio, por ter dificuldade em digitar.