A proporção de transações financeiras feitas pela internet aumentou consideravelmente nos últimos tempos. Os consumidores estão cada vez mais buscando pagamentos instantâneos e imperceptíveis.
Dentro desse contexto, senhas e códigos de verificação únicos (OTPs) representam um obstáculo considerável para a eficiência do processo.
Dada a relevância do assunto para toda a população, a cibersegurança nos pagamentos digitais foi tema de um debate do Futurecom 2023.
Fábio Ferreira, CTO e sócio-consultor da Lozinsky Consultoria de Negócios foi o responsável por mediar a conversa entre Maurício Santos, diretor-geral da Claro, e Rafael d’Ávila, CRO da Idwall.
Continue a leitura e confira os principais tópicos debatidos no encontro!
A evolução dos pagamentos digitais e os desafios de segurança no Brasil
“É interessante notar uma tendência única no Brasil em comparação com outros países no que tange à adoção de meios de pagamentos digitais”, afirmou Maurício Santos, ao iniciar a sua fala no Futurecom.
Ele também enfatizou a significativa penetração dos pagamentos via cartão de débito no Brasil, uma tendência não observada em países como os Estados Unidos, onde, segundo ele, “é comum passar o cartão sem pedir senha, devido ao baixo índice de fraude, diferentemente do Brasil”.
Comparando o nosso país com a China, Santos notou que eles “pularam a etapa do pagamento por cartão, indo diretamente do dinheiro para o pagamento via celular”, uma realidade bastante diferente da brasileira.
Santos destacou o crescimento surpreendente do PIX, o sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central do Brasil. “O PIX cresceu enormemente, resultado de um trabalho conjunto do Banco Central, Febraban, e empresas como a Claro”, explicou. Ele também antecipou inovações futuras como o PIX agendado e o PIX débito automático, que deverão aumentar ainda mais sua popularidade.
Por outro lado, o diretor da Claro alertou sobre o aumento de fraudes, um subproduto dessa rápida digitalização. “Os números de fraudes são espantosos”, disse ele, enfatizando a necessidade de implementações rigorosas de segurança, especialmente para bancos digitais.
“O Claro Pay, como um banco digital, já nasceu com uma forte ênfase na segurança digital”, destacou Santos, explicando que o serviço foi desenvolvido com uma estrutura robusta de governança, processos e tecnologia.
Santos concluiu destacando a importância da educação do cliente na prevenção de fraudes e o papel da tecnologia em diferentes fases do processo de pagamento, especialmente no onboarding.
“Muitas fraudes no PIX acontecem devido a falhas no processo de cadastro inicial”, alertou. Com essas medidas, a Claro busca assegurar uma experiência segura e inclusiva para seus usuários no universo dos pagamentos digitais.
O impacto e os desafios do PIX no Brasil
Em sua fala, Rafael d’Ávila, CRO da Idwall, ofereceu uma análise aprofundada sobre o PIX, modelo que já tornou-se parte essencial da vida financeira cotidiana dos brasileiros.
Ele começou destacando a escala impressionante do meio de pagamento, citando “quase 90 bilhões de transações executadas desde a criação”, tornando-o não só o meio de pagamento mais utilizado no Brasil, mas também de todo o mundo.
“Para uma população de pouco mais de 200 milhões, esses números são realmente impressionantes”, ressaltou d’Ávila.
Corroborando as observações de Maurício Santos da Claro, d’Ávila enfatizou o aumento exponencial de fraudes paralelo ao crescimento das transações. “Comparando ano a ano, houve um aumento de 30 vezes nos casos de fraude reportados após a criação do PIX”, revelou ele.
Essa tendência preocupante se reflete nos desafios enfrentados na recuperação de fundos: “No último ano, apenas 5% do dinheiro lavado através de transferências instantâneas em contas laranjas foi recuperado, representando um prejuízo de 2,5 bilhões de reais”, contou d’Ávila.
O CRO da Idwall destacou a participação ativa da empresa no grupo estratégico de segurança do PIX, colaborando com o Banco Central desde o início. Entre as preocupações levantadas estão a verificação da identidade do pagador e a melhoria nos mecanismos de reversão de pagamento.
Uma inovação destacada por d’Ávila foi a implementação da resolução 6. “Essa resolução cria uma base compartilhada de marcadores de fraude, onde todas as instituições financeiras e IPs reportarão e consumirão dados de forma colaborativa”, explicou.
Ele também mencionou a contribuição da Idwall nesse contexto, com o lançamento de uma solução que permite reportar suspeitas à base compartilhada.
Rafael d’Ávila concluiu enfatizando a importância dessa colaboração para combater o aumento de fraudes, particularmente entre os Microempreendedores Individuais (MEIs), devido à facilidade de abertura dessas contas.
Com essas medidas, espera-se que o próximo ciclo de melhorias no PIX traga mais segurança e eficiência ao sistema de pagamentos instantâneos do Brasil.
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