A implementação do 5G e da internet das coisas (IoT) deverão tornar populares as casas conectadas.

Inclusive, operadoras de internet brasileiras já estão planejando ou lançando pacotes para quem pensa em ter muitos objetos automatizados em casa.

Dentro desse contexto, é comum ouvirmos termos como fiber to the room e whitelabel devices. Mas, você sabe o que eles significam?

Para esclarecer esse e outros pontos sobre as tecnologias de uma casa conectada, conversamos com o Luis Gonzaga Paulo, que é mestre em Computação Aplicada e professor de cursos de tecnologia da Uninter. 

Leia a entrevista completa a seguir!

Afinal, o que é uma casa conectada?

Luis Gonzaga Paulo: “Uma casa conectada é aquela residência na qual o nível de automação e integração dos aparelhos e serviços elétricos é elevado, possibilitando os mais diversos tipos de controle e monitoramento por meio de computadores, internet e celular. 

Também chamada da ‘casa inteligente’, esse tipo de habitação permite aos seus proprietários, residentes e hóspedes exercer o controle total sobre a temperatura, o acesso aos ambientes (portões, portas, janelas, elevadores), a iluminação, os eletrodomésticos e os equipamentos eletroeletrônicos, câmeras de vigilância, alarmes e muitos outros, como sistemas de alimentação dos pets e de irrigação de plantas. 

E tudo isso pode ser feito por voz, gestos, sons, controles remotos (tokens) ou computadores e celulares, de forma presencial ou remota, por meio da internet ou da rede de telefonia celular. 

Dispositivos inteligentes de interface humana como a Alexa e Google Home têm conquistado a preferência do público em geral, e a domótica – o ramo da tecnologia que trata da automatização das casas tem atraído cada vez mais a atenção de empresas e profissionais das áreas de TI, telecomunicações, segurança e construção civil.

A chave para esse interesse responde pela sigla Internet of Things (IoT) ou Internet das Coisas, que é, por definição, a área da tecnologia que responde por tudo o que podemos pensar em termos de uma casa conectada e automatizada.”

Quais são os desafios para ter uma casa conectada?

Luis Gonzaga Paulo: “Um dos principais desafios para ter uma casa conectada é decidir o que – e quanto – se quer automatizar, pois isso define quais serão os equipamentos, as tecnologias e os recursos necessários – e por conseguinte, os custos envolvidos. 

A automatização pode fazer uso da infraestrutura de Internet – seja por cabo, fibra ótica ou Wi-Fi, já existente na residência, ou optar pela rede de telefonia celular, com a promessa da revolução a ser viabilizada pelo 5G. 

As gerações dos diversos equipamentos eletroeletrônicos já em uso também fazem muita diferença: podem estar preparados de fábrica para conviver com essa nova realidade ou podem necessitar de atualizações, acessórios e adaptações para integrar-se ao ambiente conectado. 

O importante é tratar essa questão como um projeto, mesmo que a evolução venha a ser incremental, mas cuja visão final e do todo do ambiente seja provida antes de se iniciar a automação”.

O que é Fiber to the Room e qual a sua importância para as casas conectadas?

Luis Gonzaga Paulo: “O Fiber to the Room ou FttR é um serviço ofertado pelos provedores de serviços de telecomunicações para prover o acesso à internet até o ponto final dentro das residências, chegando a todos os ambientes (ou cômodos da casa) e possibilitando altíssimas velocidades de comunicação, na ordem de Gigabits – ou 1000 Megabits, além de redução da interferência gerada ou sofrida pelos dispositivos.

Geralmente, é conjugada com o Wi-Fi 6, outra tecnologia de ponta voltada para as velocidades ultra elevadas.

Além disso, requer equipamentos que possibilitem a conexão óptica – com os roteadores ópticos. E isso é importante, pois a maioria dos equipamentos de uso doméstico da atualidade ainda fazem a conexão com a rede local da casa por meio de cabo ou Wi-Fi.”

O que são Whitelabel Devices?

Luis Gonzaga Paulo: “O termo Whitelabel (ou marca branca, em uma tradução aproximada) refere-se à oferta de produtos cuja marca é a da empresa que o vende, e não da que realmente o fabrica ou produz. 

Dispositivos eletrônicos como telefones celulares ou computadores, além de eletrodomésticos e eletroeletrônicos, em geral, são oferecidos por meio desse modelo, têm um único – ou poucos – fabricantes, que produzem os dispositivos sob encomenda de grandes marcas, distribuidores, supermercados ou revendedores, os quais colocam sua própria marca, modelo ou identificação, além de apresentarem características diferenciadas em função do público alvo, região geográfica ou aspectos técnico e regulamentos aplicáveis. 

Não é incomum para os principais fabricantes ou players desse mercado criarem várias marcas com diferenças de custo e funcionalidades, para expandir as opções dos consumidores e também a sua participação nos diversos níveis do mercado”.

Como ocorre a padronização dos dispositivos para as casas conectadas?

Luis Gonzaga Paulo: “Como são dispositivos que demandam técnicas e tecnologias de áreas distintas – porém convergentes – como a de produtos elétricos, eletrônicos, de telecomunicações e da computação, os padrões são muitos e também distintos, o que se torna um complicador para o projeto e para o uso integrado desses dispositivos. 

No Brasil, cabe às agências reguladoras, como ANEEL e ANATEL exercerem o papel de fiscalização, regulamentação e controle de produtos e serviços desse segmento, tanto no que se refere aos fabricantes, quanto aos fornecedores, comerciantes e prestadores de serviço. 

Mas, organizações como INMETRO e ABNT também atuam na padronização e na normatização, em especial para manter a compatibilidade entre os diversos sistemas e a aderência aos padrões internacionais – geralmente estabelecidos por organismos de repercussão global como a ISO, IEEE, ITU, FCC, etc. – além de garantir a segurança do consumidor. 

E, os órgãos de defesa do consumidor do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor têm voltado especial atenção para este crescente mercado.”

Saber mais sobre as casas conectadas foi interessante? Então, você também vai gostar de saber mais sobre o futuro da internet. Leia nosso artigo sobre esse tema!