Analytics é um modelo de análise de dados que utiliza a abordagem qualitativa. O resultado desta análise demora mais tempo, devido à sua natureza, mas é também mais detalhado e preciso. Essa abordagem tem muitos usos dentro do Direito e também pode ser utilizada na resolução de problemas.

Esclarecemos, a seguir, as principais dúvidas sobre o uso de analytics na resolução de problemas. Confira!

Quais são as funções de analytics na resolução de problemas?

No Direito, a resolução de problemas passa pela compreensão do contexto, o que depende das informações de cada caso. Após organizá-las e interpretá-las, o advogado toma uma decisão e parte para a ação, seja perante a justiça ou de forma extrajudicial. Para que obtenha um resultado favorável, deverá consultar outras tantas informações relacionadas ao posicionamento de doutrina e tribunais.

Atualmente, todos esses dados estão no ambiente digital. Isso confere mais precisão e assertividade ao trabalho advocatício. É exatamente aqui que entra a analytics na resolução de problemas. Com ela, o profissional conseguirá enxergar o melhor caminho para a solução, a tendência da jurisprudência, e outros aspectos.

Alexandre Zavaglia, membro do Conselho da Fenalaw, é um dos pioneiros no uso de IA e técnicas de ciência de dados, como analytics, para solução de problemas jurídicos complexos.

Em sua visão, cruzar esses dados e utilizar as ferramentas e técnicas de analytics e ciência de dados não é tão simples. Em sua visão, isso depende da cultura de organização e padronização de dados, bem como de um time capacitado.

Zavaglia destaca que essas funções de analytics não se conectam necessariamente à gestão do contencioso: “Na área contratual, é possível entender quantos contratos são gerados, quais tiveram mais efetividades, quais cláusulas geraram discussões judiciais, entre diversas outras questões. Nas plataformas de acordo, é possível entender a diferença entre as regiões, os valores praticados, o perfil de cada advogado ou parte, entre diversas outras possibilidades”.

A ferramenta é específica para advogados?

Utilizar analytics para resolver problemas não é uma atividade específica para advogados. Na verdade, o conceito de cientista de dados sempre se ligou às de matemática, estatística e TI. Atualmente, sua concepção é mais ampla, motivo pelo qual o ideal é sempre ter um time multidisciplinar por trás da técnica.

Isso significa que muitas áreas do saber integram uma equipe de analytics para resolução de problemas. Empresas já possuem setores integrados que, a partir do cientista de dados, encontram as melhores soluções.

Nas questões jurídicas, o advogado compreende e organiza as informações, transformando-as em ativos estratégicos para lidar com cada caso. Com a ajuda de outros profissionais, como designers, estatísticos e programadores, terá mais assertividade no uso da ferramenta.

Analytics substitui a atividade advocatícia ou facilita a rotina?

Sem dúvidas, o analytics na resolução de problemas facilita a rotina. Alexandre compara a ferramenta a uma espécie de “radiologia do Direito, com informações precisas para auxiliar a tomada de decisão. E isso nem tem como substituir a atividade do advogado, pois são ferramentas que visam analisar dados e gerar esses indicadores, para auxiliar e direcionar os serviços jurídicos”.

A decisão quanto aos relatórios e documentos gerados pela análise de dados sempre será do ser humano. Somente o advogado é capaz de compreender o contexto, com todos os elementos subjetivos que ele envolve.

Não à toa, Zavaglia destaca que a cultura data-driven, de dados organizados em tempo real, “depende não só de tecnologia, mas de tempo, cultura e formação de um time especializado para fazer isso acontecer”.

Quais habilidades o advogado precisa desenvolver para utilizar analytics?

Para utilizar ferramentas de analytics na resolução de problemas, o advogado não precisa aprender programação ou algo tão específico do ambiente digital. Claro que, se for um desejo profissional e uma inclinação pessoal, é uma habilidade que poderia ajudar. De acordo com o perfil do advogado, ele pode escolher fazer cursos específicos dentro desse universo. Mas essa necessidade não existe.

A aplicação das ideias de analytics para resolução de problemas é que deve estar “impregnada” na cultura do escritório ou do departamento jurídico. Essa é a maior necessidade. Ter um time capacitado e plural para lidar com a ferramenta e ter um pensamento orientado a dados é fundamental.

Não há um caminho único, mas todos eles passam, na visão de Zavaglia, “pela integração das ideias, das expertises e visões, das formações”. Assim, o uso das ferramentas de analytics conseguirão atingir ao objetivo, que é “gerar indicadores e informações, pelo cruzamento de dados organizados, para melhorar a tomada de decisão, e o encaminhamento da solução de problemas complexos com mais assertividade e melhores resultados”.

Utilizar analytics na resolução de problemas é uma prática já adotada por alguns escritórios de advocacia e departamentos jurídicos. Inclusive, podem ajudar em soluções de conflitos de maneira extrajudicial.