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Mulheres na tecnologia: Tatiana Fonseca, Vice-presidente executiva da Cirion

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Com quase 30 anos de carreira, a executiva é dona de uma trajetória inspiradora para profissionais da tecnologia. Leia a entrevista completa!

Celebrar o mês da mulher é uma oportunidade de reconhecer e valorizar as contribuições significativas das mulheres em diversas áreas, incluindo a tecnologia.

Dito isso, é com imenso prazer que apresentamos esta série de entrevistas com mulheres notáveis que estão redefinindo o cenário tecnológico.

Dentre elas, destaca-se a figura de Tatiana Fonseca, vice-presidente executiva da Cirion. Confira a seguir o nosso bate-papo com ela!

Quem é Tatiana Fonseca?

“Sou Tatiana Fonseca, uma alta executiva no setor de telecomunicações, cujos sonhos e ambições desde cedo moldaram minha carreira profissional. 

Minha origem é de uma família humilde e batalhadora, que dependeu da minha garra e determinação para avançar. 

Talvez seja por isso que, desde jovem, aprendi valiosas lições, que me deram confiança para assumir meu primeiro cargo de liderança aos 24 anos.

Atualmente, com quase 30 anos de experiência profissional e tendo atuado em três das quatro maiores empresas de telecomunicações do Brasil, ocupo a posição de EVP Latam de Operações na Cirion Technologies. 

Assumi esse cargo no início de 2022, quando a Cirion ainda era conhecida como Lumen, e estive diretamente envolvida na venda de suas operações na América Latina para a Stonepeak, uma renomada empresa americana de investimentos especializada em infraestrutura e ativos reais.

Além do meu papel como líder feminina, sou também mãe atípica de um menino autista de 7 anos. 

Acredito firmemente que muito do meu sucesso profissional vem do aprendizado que obtive com ele, especialmente sobre amor, empatia e compaixão. 

Recentemente, tive a honra de palestrar no TED Talks Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, onde compartilhei um pouco da minha história como mãe e como desenvolvi meu próprio método de sucesso a partir dessa jornada pessoal.”

Como é um dia de EVP de Operações da Cirion?

“Atualmente, lidero mais de mil colaboradores e parceiros em 20 países, que controlam aproximadamente 86 mil quilômetros de fibras terrestres e submarinas, mais de 12 mil edifícios conectados, através de 2 mil nodos de rede.

Além da parte operacional, meu trabalho diário está muito relacionado com o desenvolvimento desses times, e de cada um dos colaboradores que estão sob o meu guarda-chuva. 

Acredito na importância da liderança humanizada por meio de metodologias ágeis, e por esse motivo viajo por toda América Latina, para conhecer e interagir com cada uma dessas pessoas. 

Essa dedicação não aumenta apenas os resultados individuais, mas da empresa como um todo.  

Portanto, cada dia como EVP é diferente, pode ser que eu esteja em casa ou viajando, mas estou sempre em contato com o meu time, 24/7.”

Trajetória: o que te levou ao setor de telecomunicação e posteriormente à gestão de negócios?

“Com 14 anos me mudei para Minas Gerais. Lá eu fui em busca de curso técnico em Eletrônica, entrei no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG). 

Depois disso, cursei Engenharia Eletrônica e de Telecomunicações na Pontifícia Universidade Católica (PUC), também em Minas Gerais.

Na PUC-MG fui medalha de ouro por manter uma média sempre acima de nove e contei com a oportunidade de ter como paraninfo da minha turma o então ministro das Telecomunicações e o padrinho era o presidente da empresa em que eu trabalhava na época, a Telemig. 

Recebi medalha, honras e destaque acadêmico ao concluir o curso, condecorações que há muitos anos uma mulher não recebia naquele curso e universidade.

No ano de 1996, com 20 anos, ingressei no ramo de telecomunicações quando, por meio de um concurso público, passei a ser técnica na Telemig, antiga operadora do Sistema Telebrás.

Quando concluí a faculdade recebi quatro convites de emprego com algumas ofertas de salários cinco vezes acima do que eu ganhava na época. 

Ser destaque na faculdade me gerou visibilidade. Porém, a Telemig, que depois de privatizada virou Telemar, onde eu já completava três anos de experiência, no monitoramento de rede, cobriu algumas das propostas recebidas, me convidando a permanecer no time e ter um novo cargo.

Após dez meses recebi uma nova proposta para sair da empresa, que por sua vez cobriu as ofertas e me manteve no time. Dessa vez dei passos mais largos e ousados e cheguei até mesmo a sugerir uma nova proposta de organização para a minha área. Em apenas um ano consegui ser promovida como supervisora. 

Com 24 anos passei a liderar uma equipe com 90 profissionais e chefiar um time bastante sênior de especialistas. Acredito que foi nesse momento em que comecei a me dedicar à gestão de pessoas e negócios. 

Acredito na liderança humanizada e desde então venho desenvolvendo meus times com essa mentalidade.

Me lembro de um embate inicial que tive com o time. Todos valorizavam muito certificações de técnicos e cursos de fabricantes que eram caros e por crenças que isso seria o seu melhor diferencial no mercado, os especialistas retinham muito conhecimento, não ajudando outros colegas. 

Um dos meus maiores desafios foi sensibilizar esses especialistas para que compartilhassem conhecimento com todos os colegas, há 24 anos. 

Passei a valorizar mais na equipe aqueles que mais compartilhavam e colaboraram para o crescimento, atitude ainda muito inovadora para época que valorizava muito o trabalho individual.”

Como você enfrentou e enfrenta os desafios da sua carreira?

“Eu encaro os desafios como barreiras superáveis. Principalmente depois que me tornei mãe atípica, aprendi a lidar com eles de uma forma mais humana e consciente. 

Crio métodos para resolvê-los, e me entrego ao máximo para conseguir solucioná-los.

Pessoalmente, aprendi na prática que, quando você já avançou no caminho, todas as suas experiências passadas são entendidas. 

Então quanto a tudo que eu passo nos dias de hoje, o que me deixa desconfortável ou incomodada, a única certeza que eu tenho é: isso vai me fortalecer, fará sentido na minha história e não poderia ser diferente para meu processo de evolução pessoal. 

Acredito que esse tipo de mentalidade nos ajuda a passar pelas situações de modo que você sobreviva a elas. Ajuda você a pensar além do turbilhão.”

Quais qualidades te levaram ao sucesso?

“Acredito que o sucesso é relativo. Mas, relacionado à minha carreira, penso que a resiliência e a capacidade de aprender e me comunicar com todas as camadas são qualidades fundamentais para superar desafios e sair cada vez mais forte e determinada deles.”

Liderança: que dicas você daria para novas integrantes em carreiras de tecnologia?

“Durante a minha trajetória profissional tive poucas ou nenhuma referência feminina. Quando ingressei na carreira, em 1993 era mínimo o número de mulheres que já tinham trilhado o caminho antes de mim e em que eu pudesse me espelhar. 

Minhas referências de performance eram masculinas e isso fez com que eu acabasse me aproximando de um jeito masculino de lidar com o dia a dia de trabalho. 

Ao longo dos anos ouvi piadinhas como “lá vem a Tatiana enfeitar a reunião”, comentários do tipo “você está naqueles dias?” ou “tá tudo bem em casa com seu namorado?”. Então, acreditei que meu tom de voz precisaria ser mais alto, imponente e duro.

Naqueles anos eu não tinha muitas informações e estava em modo mais isolado, também não se falava em equidade de gênero e, assim, achava que tudo era normal e eu era quem deveria me adaptar. 

Atualmente, vejo que não é assim e muitas coisas se traduziam na falta de um ambiente acolhedor para as mulheres. 

O ambiente de telecomunicações segue muito masculinizado até hoje, mas durante os últimos anos venho me esforçando para tentar equilibrar a conta, dentro do meu raio de impacto.

Portanto, minha dica é: busque referências positivas, reprograme sua mente, seus vieses e não desista! Se você estiver com medo, vai com medo mesmo. 

Se inspire em quem já chegou lá, busque desafios desde nova, seja adaptável, não tome como pessoal aquilo que pertence ao outro e siga em frente um dia de cada vez, pois é possível!”

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