A evolução dos sistemas de software tem levado muitas empresas a repensarem as suas infraestruturas tecnológicas.
A transição de sistemas legados para uma arquitetura baseada em microsserviços tem se mostrado uma alternativa viável para aumentar a flexibilidade, a escalabilidade e a eficiência operacional das organizações. No entanto, essa mudança também traz desafios significativos.
Para entender melhor esse processo, conversamos com José Ricardo Formagio Bueno, CEO da Automatum, que compartilhou um pouco do seu vasto conhecimento sobre o tema.
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O que é uma arquitetura de microsserviços?
De acordo com Bueno, é essencial definir o conceito de microsserviço antes de abordar a transição de sistemas legados.
Ele cita Nigel Poulton para esclarecer que: “Um microsserviço é composto de muitas partes pequenas e especializadas que são fracamente acopladas para criar uma aplicação útil”.
Na prática, uma arquitetura de microsserviços organiza um sistema como um conjunto de serviços independentes, que podem ser alterados, atualizados ou removidos sem comprometer a aplicação como um todo.
“Essa abordagem facilita a distribuição de serviços em nuvens e data centers, garantindo uma estrutura interconectada e altamente responsiva”, destaca Bueno.
Benefícios da arquitetura de microsserviços
A arquitetura de microsserviços traz várias vantagens em relação às aplicações monolíticas tradicionais.
Segundo Bueno, um dos principais benefícios é a reutilização de componentes: “Um microsserviço pode ser reaproveitado sempre que necessário, evitando duplicidades no sistema”, diz o executivo.
Adicionalmente, Bueno destaca que essa arquitetura “permite escalabilidade, segurança e flexibilidade, características essenciais em ecossistemas digitais que coexistem em empresas de diversos setores e com ampla gama de funcionalidades”.
Os desafios da transição de sistemas legados
A transição para microsserviços requer um planejamento cuidadoso, pois os sistemas legados desempenham funções críticas dentro das empresas. Bueno compara esse processo a “trocar o pneu com o carro andando”.
“O maior desafio é garantir que a estabilidade dos sistemas legados seja mantida enquanto novos microsserviços são implementados”, explica.
Quando iniciar a transição?
Segundo Bueno, um sinal claro de que é hora de migrar para microsserviços é quando a manutenção do sistema monolítico se torna onerosa em termos de custos e tempo.
“Se a área de TI está sobrecarregada e não consegue atender às demandas de negócio, é hora de considerar a transição”, afirma o CEO da Automatum
Boas práticas para a transição
Para garantir uma transição segura e eficiente, Bueno sugere alguns passos essenciais.
São eles:
- Mapear as aplicações existentes contra um modelo de aplicação robusto, como o Telecom Application Map (TAM);
- Avaliar o impacto nos clientes, incluindo tempo de inatividade e SLAs.;
- Realizar uma análise de risco detalhada;
- Identificar os stakeholders envolvidos na transição;
- Analisar impacto em fluxos de processos, estrutura de dados, governança e auditoria;
- Definir KPIs para medir o sucesso da transição; e
- Medir a maturidade digital antes e depois da transformação, utilizando modelos como o Digital Maturity Model (DMM).
O papel do Strangler Pattern na migração
Uma técnica eficaz para a transição de sistemas legados é o Strangler Pattern.
“Esse padrão permite criar microsserviços que gradualmente assumem funções do sistema legado, até que este possa ser completamente desativado”, explica Bueno.
O uso de APIs abertas facilita a integração e garante uma transição mais suave. “Com essa abordagem, evitamos interrupções abruptas e asseguramos uma migração eficiente”, conclui.
A transição de sistemas legados para microsserviços é um processo desafiador, mas que traz ganhos significativos em termos de eficiência, segurança e inovação.
Com planejamento estratégico, boas práticas e a adoção de abordagens como o Strangler Pattern, as empresas podem realizar essa migração com sucesso, garantindo maior agilidade e competitividade no mercado digital.
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