Nos últimos anos temos visto uma série de novidades em tecnologia e conectividade, como o 5G e o Wi-Fi 6, para ficarmos em apenas dois exemplos. Mas como tornar essas inovações uma realidade para todos?
Esse foi um dos temas abordados no painel “Acesso à tecnologia: caminhos para a construção de pontes de inclusão digital”, realizado no Future Congress do Futurecom 2022.
Com mediação da jornalista e apresentadora Thays Freitas, da Rádio Bandeirantes, o debate reuniu Marcia Ogawa Matsubayashi, Sócia-líder de Tecnologia, Mídia e Telecomunicações da Deloitte; Felipe Garcia, Head de Marketing da Nokia Brasil; Atílio Rulli, Vice-presidente de Relações Públicas da Huawei; e Vinicius Dalben, Vice-presidente da Ericsson.
Confira abaixo o que os especialistas falaram sobre o tema!
Os obstáculos e caminhos para a inclusão digital brasileira hoje
Iniciando o painel, Rulli apontou que o abismo da inclusão digital ainda existe no Brasil, porém ele tem sido encurtado. O representante da Huawei destacou aquelas que considera as estratégias principal para mudar este cenário:
“Essas pontes são feitas na nossa visão por três grandes vigas: a primeira é a conectividade, a segunda é o acesso aos dispositivos móveis, e a terceira é a capacitação de talentos, a alfabetização digital”, diz Rulli.
Vinicius Dalben concordou com o colega, destacando um estudo da Fundação Getúlio Vargas que apontou que 85% da população urbana acima de 10 anos já possui um smartphone, enquanto em ambientes rurais esse número cai para 65%.
Segundo ele, “a internet é o fio condutor dessa conectividade, e o smartphone é o habilitador homogêneo para isso.”
O Vice-presidente da Ericsson prosseguiu: “Ampliando essa questão do abismo digital, acho que estamos em um momento importante de risco e oportunidade, porque todos os setores da sociedade estão se digitalizando, e quanto mais a gente conseguir garantir o acesso, a inclusão digital não se trata apenas da inclusão, mas da inclusão de todos os serviços para a sociedade”.
Felipe Garcia falou na sequência. Para ele, a questão da inclusão digital ficou evidente durante a pandemia, onde alguns alunos sem acesso a dispositivos ou conectividade não puderam acompanhar aulas online, enquanto outras pessoas ficaram socialmente isoladas por não terem este tipo de acesso.
“Em um país de dimensões continentais como o Brasil, resolver isso não é fácil, pois demanda muito investimento. Se formos falar de banda larga, para poder levar fibra óptica de uma cidade a outra, demanda bastante, mas temos hoje operadoras e demais empresas realizando isso e aumentando a conectividade”, disse ele.
Educação e produção em tecnologia como pontes digitais
Falando sobre educação, Marcia Ogawa apontou a importante relação entre o investimento feito no ensino com o desenvolvimento dos países, como observado no exemplo de crescimento dos chamados tigres asiáticos.
Para ela, existem hoje três abismos no Brasil que afetam a questão da inclusão digital, o primeiro sendo a já comentada falta de acesso a dispositivos ou conectividade. No entanto, ela reiterou que é preciso preparar a sociedade para atuar com as novas ferramentas digitais.
“Existe esse gap, que é enorme, que são dessas skills e desse preparo da nossa força de trabalho para a nova economia. Nós temos uma demanda de 800 mil profissionais de TI, e nosso déficit é de 500 mil. E temos uma população enorme, então como podemos ter esse déficit?”, questionou ela.
A representante da Deloitte também apontou a questão da produção tecnológica como um gargalo na questão digital do Brasil. Para ela, “a incorporação da tecnologia na nossa matriz de produtos vai melhorar nossa economia e nossa renda per capita.”
Atílio Rulli voltou a falar, apontando que o Brasil tem avançado nos últimos, contando com mais de 4 mil serviços públicos digitais já disponíveis, o que representa 85% das operações do Governo Federal já digitalizadas.
“O Brasil tem alguns caminhos, tem que destravar algumas questões de fundos específicos, e ampliar o uso de políticas públicas com apoio da iniciativa privada. Na nossa visão, essas são três possíveis soluções”, destacou o representante da Huawei, apontando sua visão para as pontes de inclusão digital.
A tecnologia como meio, e não como fim
Para Dalben, uma das respostas que podem auxiliar a diminuir a falta de acesso digital no Brasil está em “usar a tecnologia como meio, e não como fim”. Para ele, o setor de telecomunicações precisa ser visto de forma horizontal, atuando em diferentes aspectos da sociedade, e não só na conectividade.
“A nossa missão agora é tornar possível o inimaginável. E o que é o inimaginável? Nosso setor não é capaz de antecipar a demanda de 100% da sociedade, isso só pode ser feito a quatro, seis ou oito mãos, tornando a tecnologia um habilitador”, observou.
Ele prosseguiu: “Isso passa pela construção de ecossistemas de cocriação, desenvolvimento e capacitação conjuntos em tecnologia, e de serviços para a população que façam o melhor uso da tecnologia de forma coesa e precisa”.
A fala foi endossa por Garcia, que relembrou algumas ações que já têm sido realizadas em busca de diminuir esta lacuna nos ambientes rurais.
“Todos nós podemos fazer a diferença, unidos, construindo essas pontes. Para que a banda larga móvel ocorra, é preciso que as fibras cheguem ao interior. Nós, com outras empresas, formamos uma organização chamada ConectarAGRO, cujo objetivo principal é levar conectividade ao meio rural”, destacou.
O representante da Nokia destacou que, com tais investimentos, é possível aumentar a produção e a integração neste meio. Segundo ele, “quando levamos conectividade ao campo, ajudamos também na sustentabilidade”.
Segundo ele, com a conectividade em lavouras, é possível utilizar dispositivos e tecnologias que ajudam a diminuir água ou reduzir o uso de fertilizantes, o que torna a produção agropecuária mais segura e eficaz.
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