A busca de soluções para melhorar a sustentabilidade nas lojas de varejo é uma grande preocupação dos empresários do setor.
Isso se justifica por uma série de motivos, a começar pelos próprios consumidores, que estão exigindo das marcas uma postura mais ativa, no que se refere à preservação dos recursos naturais.
Foi sobre esse tema que conversamos com o empresário Mauricio Romiti. Ele é diretor da Nassau Empreendimentos, empresa com mais de 20 anos de experiência na implementação de shoppings centers e lojas do comércio varejista.
Acompanhe o papo abaixo!
Na sua opinião, como a sustentabilidade impacta as lojas do comércio varejista?
Mauricio Romiti: “A preocupação com sustentabilidade impacta as lojas de varejo, em parte, por questões sociais, já que é responsabilidade de todos desenvolver um relacionamento mais saudável, na forma que utilizamos bens finitos para consumo.
Além disso, existe a questão mercadológica, já que os consumidores de novas gerações, como Gen Z e Millennials, cobram práticas sustentáveis do varejo, procurando apoiar financeiramente apenas marcas que compartilham valores com eles.”
Quais você acredita que são os pilares da sustentabilidade no varejo?
Mauricio Romiti: “O varejo trabalha com base nos pilares ESG para sustentabilidade, que significam: Environmental, Social & Governance (Ambiental, Social e Governança, em tradução livre).
No âmbito ambiental, temos como exemplo a busca por embalagens recicladas e de materiais biodegradáveis.
No campo da governança, existe a preocupação com uma maior clareza dos preços e respeito ao consumidor, seguindo as leis e o Código de Defesa do Consumidor, além de trabalhar eticamente essa interação.
O social, por sua vez, engloba diversos fatores, mas o principal deles é o peso enorme que o varejo tem como agente gerador de empregos no país, afetando direta e indiretamente milhões de famílias.”
O que você acredita ser necessário para ter eficiência energética no PDV?
Mauricio Romiti: “O PDV é o local em que o consumidor realiza sua compra, e a tecnologia auxilia com softwares que finalizam a venda e ainda podem gerir o estoque, emitir e registrar notas fiscais, realizar backup dos arquivos em nuvens etc.
Esses sistemas, geralmente, são eficientes energeticamente, mas existem outras formas de economizar no PDV.
No varejo presencial, é interessante trocar lâmpadas incandescentes por lâmpadas LED, que são mais eficientes energeticamente, assim como trocar o ar-condicionado antigo por um de última geração.
O ar-condicionado é um dos grandes vilões da energia no varejo. Se ele for antigo, deve-se garantir que a manutenção está em dia e escalar os momentos de ligar os equipamentos.
Não se deve ligar todos os equipamentos na abertura da loja, por exemplo - no setor de alimentação, isso faz uma diferença imensa.
Outra possibilidade é alugar energia elétrica de fontes mais sustentáveis, como energia solar, já que nem sempre é possível realizar a instalação de painéis na própria loja.”
Como reduzir as emissões de carbono na produção e logística dos produtos?
Mauricio Romiti: “A tecnologia é uma grande auxiliar na redução das emissões de carbono na produção e logística dos produtos, oferecendo serviços de ponta para logística reversa, cálculo e compensação das emissões, evolução e popularização das técnicas de reciclagem, uso de veículos elétricos para transporte e softwares para calcular rotas mais eficazes na entrega de produtos.
Outra forma de reduzir essas emissões é adotar o modelo de PUDO, ou Pick Up and Drop Off, em que a empresa logística oferece um local para o cliente receber ou entregar o produto.
Um estudo da The Netherlands Organization for Applied Scientific Research (TNO) aponta que, se metade das entregas fossem realizadas por esse modelo, haveria uma redução de 33% das emissões de carbono na modalidade de ponto de retirada (quando o consumidor passa no local para buscar).”
Como você acredita que a tecnologia contribui para a sustentabilidade do comércio varejista?
Mauricio Romiti: “A preocupação com o meio ambiente e a sustentabilidade está incentivando inovações no setor tecnológico, o que oferece para o campo varejista alternativas cada vez mais acessíveis aos métodos antigos e menos sustentáveis.
É um esforço contínuo, já que a inovação demora para se tornar financeiramente viável para empresas menores e em localidades de mais difícil acesso, mas é possível ver uma evolução no varejo nas últimas décadas.
Além disso, a tecnologia ajuda a mensurar nossos gastos energéticos e de emissão de carbono, o que embasa melhor as decisões tomadas para aumentar a sustentabilidade.
Em resumo, a adoção ampla vem quando a tecnologia passa a ser acessível e economicamente vantajosa, como é o caso das lâmpadas e monitores LED.”
Na opinião de Mauricio Romiti, como você pode perceber, investir em sustentabilidade no varejo também é importante para valorizar uma iniciativa dos próprios clientes.
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