A inteligência artificial está se espalhando por todos os setores da economia e da vida cotidiana.
Em breve, cada site, aplicativo ou empresa poderá contar com um assistente de IA próprio, operando em tempo real, personalizando experiências e otimizando decisões. Mas para que esse avanço ganhe escala, um desafio técnico se impõe: a infraestrutura.
Para dar conta da crescente demanda por processamento, armazenamento e conectividade, será necessário um salto de qualidade nos sistemas que sustentam essa nova era digital.
As empresas de telecomunicações, especialmente, terão um papel decisivo. Elas precisam investir desde já para garantir que redes e data centers estejam preparados para suportar os serviços de IA que surgirão nos próximos anos.
Para aprofundar esse tema, ouvimos Nicola Sanchez, CEO da Matrix Go, empresa especializada em sistemas de inteligência artificial.
Ele compartilhou a sua visão sobre os principais obstáculos, as transformações tecnológicas em curso e o cenário geopolítico que já se desenha em torno da infraestrutura para IA. Acompanhe mais abaixo!
Falta de chips, energia e talento: os gargalos da IA
“Um dos principais gargalos é a escassez de hardware — como GPUs e chips — para a escalada da IA”, afirma Sanchez.
Conforme o especialista, “trata-se não apenas de uma infraestrutura cara, mas no momento, ainda bastante limitada.”
Segundo ele, empresas como Nvidia, Google e Intel vêm ampliando as fábricas para atender à explosão da demanda, mas o ritmo de produção ainda não acompanha a velocidade da inovação.
Ao mesmo tempo, cresce a preocupação com o consumo energético, que se torna um fator crítico para a expansão sustentável dos modelos de IA.
“Esse é um ponto que torna a evolução cara e, em algumas localidades, até inviável. A energia é um limite físico real”, ressalta Sanchez.
O capital humano também é um entrave para o desenvolvimento da IA. Sanchez ilustra com um exemplo da própria organização que está à frente: “Na Matrix Go, capacitamos todo o nosso time — sem exceções — para entender o funcionamento e operar motores de IA. Mas sei que isso não é a realidade de muitos negócios. Se já falta conhecimento básico, imagine o técnico e operacional.”
Entende-se que empresas e startups vêm reagindo a esse cenário com programas de formação acelerada, na tentativa de mitigar o déficit de profissionais com habilidades específicas em inteligência artificial.
Porém, é preciso ir mais além. No entendimento de Sanchez, é imprescindível que haja incentivo de programas de educação para que tenhamos cada vez mais mão de obra especializada em IA.

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O futuro não é com os chips de sempre
Cabe ressaltar que a infraestrutura de IA exige mais do que redes robustas: requer chips que acompanhem a complexidade dos modelos e a velocidade da inferência. E, segundo Sanchez, isso não será possível com os componentes tradicionais.
“É natural que hardwares convencionais apresentem limitações diante da escalabilidade global da IA e de suas aplicações em tempo real”, observa.
Nesse contexto, ganham destaque três tecnologias emergentes:
- Application-Specific Integrated Circuits (ASICs): chips customizados para tarefas específicas de IA, com altíssima eficiência energética;
- Field-Programmable Gate Arrays (FPGAs): reprogramáveis, oferecem flexibilidade e desempenho elevado em aplicações direcionadas;
- Neural Processing Units (NPUs): processadores especializados em redes neurais, cada vez mais presentes em data centers e dispositivos de borda.
Essas inovações estão redesenhando o projeto de data centers e impactando diretamente as decisões das operadoras e provedores de tecnologia.

Infraestrutura como poder estratégico
Mais do que um ativo tecnológico, a infraestrutura de IA tornou-se um fator de poder geopolítico. Sanchez alerta que países como China, EUA e Índia estão em uma verdadeira corrida para dominar esse território.
“Vejo que a infraestrutura já representa um novo poder estratégico. A disputa já começou, silenciosa, mas intensa”, afirma o executivo.
Esse movimento está impulsionando o desenvolvimento de modelos de IA mais leves e eficientes, com potencial para acelerar ainda mais a adoção da tecnologia em escala global.
“Cada site, app, empresa terá seu próprio assistente de IA. A infraestrutura precisa acompanhar esse cenário”, prevê Sanchez.
No entanto, o problema da energia persiste como barreira. De acordo com o nosso entrevistado: “A própria OpenAI já avisou que os limites da IA estão na disponibilidade e na eficiência energética. Isso seguirá sendo um ponto-chave nos próximos anos.”
A missão das telecoms: construir o solo digital
Para suportar a explosão de serviços e aplicações baseadas em IA, as operadoras de telecomunicações precisarão rever o seu papel e investir em frentes como:
- Expansão e modernização das redes, especialmente com a chegada do 5G e do 6G;
- Integração de edge computing, aproximando o processamento do usuário final;
- Parcerias com data centers e nuvens especializadas em IA;
- Adoção de fontes de energia mais limpas e eficientes; e
- Formação de talentos técnicos para desenvolver e operar essas soluções.
“A infraestrutura deixou de ser um detalhe técnico e passou a ser a espinha dorsal do futuro digital. Quem dominar essa base, dominará os serviços e experiências que moldarão o mundo nos próximos anos”, conclui Sanchez.
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