A Inteligência Artificial (IA) deixou de ser apenas uma tendência para se tornar uma força transformadora no ambiente corporativo.
Entre os avanços mais promissores estão os agentes de IA, sistemas autônomos capazes de executar tarefas, tomar decisões e interagir com ambientes digitais.
Mas o que isso significa para o futuro do trabalho? Professores da pós-graduação em Tecnologia da Informação do Senac EAD, Dirceu Matheus Junior e Monica Mancini analisam como empresas e profissionais podem se adaptar ao cenário. Continue acompanhando este texto para conhecer as visões dos especialistas!
Agentes de IA: a nova engrenagem das empresas
Segundo Matheus Junior, os agentes de IA estão reformulando profundamente os processos empresariais.
“Esses agentes estão se tornando mais eficientes em realizar tarefas complexas com supervisão mínima, como preencher formulários, buscar informações e executar ações em computadores de forma autônoma. Isso melhora a produtividade e a eficiência”, afirma o professor.
A adoção de IA nas empresas cresceu exponencialmente: uma pesquisa da McKinsey revelou que, em 2024, 72% das empresas utilizam IA – um salto considerável em relação aos 55% registrados em 2023.
A IA generativa, que abrange os agentes autônomos, é um dos principais motores desse avanço, ajudando empresas a reduzir custos operacionais, aumentar receitas e otimizar processos repetitivos.
“Os agentes são capazes de interagir com o ambiente, coletar dados e tomar decisões com base em metas predeterminadas, o que permite uma automação mais inteligente e eficiente”, explica Matheus Junior.
Conectividade: um entrave ainda presente no Brasil
Apesar do potencial dos agentes de IA, a infraestrutura de conectividade brasileira ainda representa um desafio importante para sua plena operação.
“O Brasil ainda enfrenta o desafio de incluir digitalmente 29 milhões de pessoas, a maioria em áreas urbanas. Isso reflete a complexidade do cenário de conectividade no país”, alerta o professor do Senac EAD.
Estudos do Ipea apontam o compartilhamento de infraestrutura como uma alternativa viável, especialmente no setor de telecomunicações.
“A falta de coordenação entre diferentes esferas governamentais e o uso e ocupação do solo são barreiras significativas. Mas o compartilhamento de infraestrutura, como postes de telecomunicação, pode melhorar a conectividade e possibilitar operações com múltiplos agentes autônomos em tempo real”, diz ele.
Matheus Junior destaca ainda que as cidades inteligentes brasileiras demonstram que a infraestrutura de TIC é essencial para garantir uma governança pública eficiente e o funcionamento de sistemas automatizados.
Ambientes colaborativos: IA e humanos lado a lado
Para a professora Monica Mancini, a integração bem-sucedida entre humanos e agentes de IA requer planejamento, capacitação e mudanças culturais dentro das organizações.
“Todos os colaboradores devem estar familiarizados com as ferramentas e softwares de IA utilizados pela empresa. Treinamentos práticos são fundamentais para garantir que saibam como interagir com os agentes”, ressalta nossa convidada.
Ela aponta sete estratégias essenciais para fomentar a colaboração:
- Treinamentos práticos para uso das ferramentas de IA;
- Desenvolvimento de habilidades analíticas e digitais;
- Definição clara de responsabilidades entre humanos e IA;
- Integração sistêmica que otimize fluxos de trabalho;
- Cultura de comunicação aberta e confiança tecnológica;
- Monitoramento contínuo do desempenho da IA;
- Foco na experiência do colaborador, com uso da IA para aliviar tarefas repetitivas.
“Humano e IA devem atuar de forma complementar. Enquanto a IA cuida do operacional, o humano foca em criatividade, julgamento e empatia”, afirma Mancini.
As habilidades humanas que ganharão destaque
No novo cenário híbrido entre humanos e máquinas, certas competências humanas se tornarão ainda mais valiosas.
Segundo Mancini, a capacidade de pensamento crítico será essencial para interpretar dados, validar sugestões da IA e tomar decisões contextualizadas.
Confira as principais habilidades destacadas pela professora:
- Pensamento crítico e solução de problemas complexos: essenciais para interpretar e validar informações sugeridas por IA;
- Inteligência emocional e empatia: cruciais para liderar equipes e lidar com clientes em contextos sensíveis;
- Adaptabilidade e aprendizado contínuo: com a constante evolução tecnológica, será preciso aprender e reaprender;
- Criatividade e inovação: capacidade exclusivamente humana de pensar “fora da caixa”;
- Comunicação e colaboração: importante para alinhar processos e interpretar corretamente o uso da IA;
- Liderança empática: saber inspirar, motivar e guiar equipes num ambiente automatizado e dinâmico.
“Essas competências humanas complementam as capacidades tecnológicas da IA. Elas não serão substituídas, mas sim amplificadas pela tecnologia”, destaca a professora Mancini.
O desafio da regulamentação
Outro ponto de atenção levantado por Matheus Junior é a necessidade de regulamentação adequada.
“Apesar dos benefícios, ainda é preciso criar diretrizes claras para o uso seguro e ético da IA. A velocidade com que as tecnologias evoluem exige normas que protejam tanto os trabalhadores quanto os consumidores”, declara o docente.
A regulamentação deve envolver temas como privacidade de dados, transparência algorítmica, responsabilidade por decisões automatizadas e impacto no emprego.
Para os especialistas, equilibrar inovação e proteção será uma das grandes missões dos próximos anos.
O futuro do trabalho já começou
O uso de agentes de IA nas empresas já é uma realidade – e, segundo os especialistas, deve se expandir ainda mais nos próximos anos.
Para isso, será necessário investir em infraestrutura, treinamento e cultura organizacional que acolha a IA como aliada estratégica.
“A IA não vem para substituir os profissionais, mas para liberar seu tempo e potencial para tarefas mais estratégicas e humanas”, conclui Mancini.
A colaboração entre seres humanos e sistemas inteligentes não é mais uma questão de “se”, mas de “como”. E a resposta passa por preparação, ética, e uma visão clara de futuro.
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