É bem provável que você já tenha recebido mensagens no WhatsApp de um contato estranho com a foto de um amigo ou familiar dizendo que trocou de número e, em seguida, essa pessoa pedir dinheiro ou algo do tipo. 

Esse tipo de golpe, conhecido como “golpe do WhatsApp”, é apenas uma das muitas armadilhas digitais que têm se tornado cada vez mais comuns no cenário brasileiro. 

Mas como exatamente esses golpes funcionam, e o mais importante, como podemos nos proteger? Para responder a essas questões, entrevistamos Wanderson Castilho, perito em crimes digitais e CEO da Enetsec. Leia a seguir!

A evolução dos golpes digitais

Os chamados “golpes digitais” são crimes que ocorrem dentro do ambiente virtual. Segundo Castilho, “em sua grande maioria, os criminosos utilizam a tecnologia para manipular o público com o intuito de obter informações pessoais sensíveis, dinheiro, seguidores ou até mesmo acesso ilícito a sistemas”.

O especialista comenta ainda que, conforme a tecnologia avança, os criminosos também desenvolvem novas técnicas para aplicar golpes. 

Em suas palavras: “No passado, era comum ver vírus enviados por e-mail para armazenar dados ou alterar informações de contas. Entretanto, com os avanços tecnológicos, esses crimes evoluíram”.

Segundo Castilho, hoje, os criminosos utilizam técnicas mais sofisticadas, como a manipulação de sentimentos e o sensacionalismo, frequentemente explorando vulnerabilidades de softwares e aplicativos. 

“Atualmente, chegamos a um ponto em que até mesmo a inteligência artificial é utilizada para perpetuar golpes”, alerta o perito.

Os tipos mais comuns de golpes e estelionatos

Existem várias formas de estelionato digital que têm se popularizado nos últimos anos, e é importante que as pessoas estejam cientes dessas ameaças. Somente assim é possível evitar que nos tornemos mais uma vítima dos criminosos digitais.

Experiente na área, Castilho acompanha de perto a evolução dos estelionatários e destaca alguns dos golpes mais comuns:

Phishing

“Um dos tipos mais conhecidos, o phishing acontece quando os golpistas enviam e-mails, mensagens de texto ou fazem ligações que parecem ser de fontes confiáveis, como bancos ou empresas conhecidas”, afirma Castilho.

O objetivo desse golpe é induzir a vítima a fornecer informações sensíveis, como senhas ou números de cartão de crédito.

Ransomware

“Comum em empresas, o ransomware ocorre quando a vítima clica em um link ou baixa um arquivo malicioso, instalando um software que criptografa seus dados e bloqueia o acesso a sistemas inteiros”, explica o perito.

Os criminosos exigem um resgate para liberar o acesso aos dados sequestrados, geralmente em criptomoedas ou via PIX.

Golpes em redes sociais

“Perfis falsos ou hackeados, muitas vezes de famosos ou influencers, são usados para ganhar a confiança das vítimas e pedir dinheiro ou doações para causas falsas”, alerta Castilho.

Vários exemplos foram vistos na recente tragédia das enchentes do Rio Grande do Sul. Diversos criminosos foram indiciados por se passarem por entidades que supostamente estariam arrecadando dinheiro para ajudar as pessoas desabrigadas.

Golpe do Tinder

“Os golpistas criam perfis falsos em sites de namoro, como o Tinder, iniciam relacionamentos virtuais e, após ganhar a confiança da vítima, começam a pedir dinheiro sob diversos pretextos”, relata o CEO da Enetsec.

Nesse caso, em especial, é comum que os criminosos se aproveitem da vulnerabilidade emocional das vítimas. Um caso emblemático é o de Simon Leviev, que se tornou conhecido pelo documentário “O golpista do Tinder”, da Netflix.

Golpe do PIX

“Com a popularização do PIX, golpistas começaram a se passar por funcionários de bancos para convencer as vítimas a transferir valores alegando problemas ou erros nas contas”, diz Castilho.

É comum, por exemplo, que os golpistas convençam as vítimas de que elas precisam fazer uma transferência em determinado valor para que possam receber um prêmio ou algo do tipo.

Algumas das técnicas utilizadas por criminosos

Os criminosos digitais estão constantemente aperfeiçoando as suas técnicas, tornando os golpes cada vez mais difíceis de identificar. 

Castilho menciona algumas das principais técnicas empregadas:

Engenharia social

“Essa técnica envolve manipular vítimas para que revelem informações confidenciais ou permaneçam em constante submissão, através de ligações, e-mails, mensagens de texto ou até interações presenciais”, explica o perito.

Spoofing

“Envolve a falsificação de e-mails, sites ou números de telefone para enganar as vítimas, fazendo-as acreditar que estão interagindo com uma entidade confiável”, alerta Castilho.

Ele comenta que esse tipo de estratégia é especialmente comum em datas comemorativas, como Natal ou Black Friday.

Malware

“Programas maliciosos são instalados nos dispositivos das vítimas via anexos de e-mail, downloads inseguros ou sites infectados.

Eles registram tudo o que é digitado ou bloqueiam o acesso a arquivos até que um resgate seja pago”, explica o nosso entrevistado.

Skimming

“É uma técnica específica usada para clonar cartões de crédito ou débito, utilizando dispositivos de leitura em caixas eletrônicos ou máquinas de pagamento que roubam os dados do cartão e a senha”, finaliza Castilho.

7 dicas práticas de segurança digital

Para se proteger desses golpes, é fundamental adotar algumas práticas de segurança digital. Castilho sugere o seguinte:

  1. “Desconfie de ofertas irresistíveis, seja em sites de varejo, e-commerce ou plataformas de aposta”;
  2. “Baixe programas de antivírus e antimalware no seu computador e no seu tablet”;
  3. “Crie senhas fortes, evite senhas óbvias como o nome do filho ou datas de nascimento, e guarde-as em um lugar seguro”;
  4. “Antes de fazer download de algum arquivo, verifique se o seu sistema operacional não emite alertas sobre falhas de segurança”;
  5. “Utilize a autenticação de dois fatores sempre que possível, especialmente em redes sociais, bancos e e-mails”;
  6. “Evite o uso de redes Wi-Fi públicas para acessar informações sensíveis”;
  7. “Mantenha-se sempre atualizado sobre os tipos de golpes que têm se tornado comuns”.

Lembre-se: a conscientização e a prevenção são as melhores defesas contra o estelionato. Ao seguir essas orientações e ficar atento às ameaças emergentes, você poderá proteger suas informações e evitar ser vítima de golpes digitais.

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