No segundo dia do Futurecom 2025, o Future Congress recebeu o público para o painel “Visão dos CEOs: potencializando o crescimento e os horizontes dos provedores”. Neste encontro, o crescimento foi o principal ponto de discussão, mas não o único. 

Quem mediou o painel foi Gabriel Codo, consultor da McKinsey. Os debatores, somando muitos anos de experiência e dedicação no setor de telecomunicações, foram Cleber Ajuz, presidente do Grupo Telecall, Gustavo Stock, CEO da Brasil TecPar, e Fabiano Ferreira, CEO da Vero Internet. 

Codo fez questão de reforçar que o painel reuniu dois ISPs líderes do Brasil. A primeira questão levantada foi sobre crescimento orgânico do setor, e a partir disso o debate passou por oportunidades e desafios do mercado, competitividade, diferenciação, atendimento ao cliente e vantagens da IA para os provedores de internet. 

Acompanhe a visão dos CEOs a seguir. 

ISPs têm espaço para crescer no Brasil? 

Os painelistas concordaram que o setor de telecomunicações passa por muitas “ondas” e transformações, e as transformações também impactam os serviços de internet. 

Ferreira destacou que o Brasil já está, em boa parte, conectado em serviços de banda larga. “O mercado foi se completando nessas ondas, hoje são poucas as localidades no Brasil que não dispõe de alguma tecnologia. Existem regiões com carência, mas com um mínimo de tecnologia”, comentou Stock. 

Ajuz complementou que o país, de proporções continentais, tem diferentes regiões com múltiplas estruturas e oportunidades. Mesmo com um atual crescimento desacelerado, que não chega a 10%, ele acredita que não há impedimentos para que os provedores cresçam. “A questão do custo de capital é o entrave no setor”. 

Stock apontou que a consolidação das empresas atuais é uma probabilidade no horizonte. Para além dos serviços de internet, o atendimento ao cliente foi apontado como o meio de expandir negócios. “Quem consegue ter um diferencial de atendimento nos serviços básicos ainda consegue ter um crescimento”. 

Nesse ponto, Ferreira concordou, lembrando que “a disputa por valor, e não por preço” é o que prevalece no setor nos últimos dois anos. Falando sobre a Vero, ele indicou que os segmentos de mercado bem identificados podem ser explorados. “Escolher onde competir é cada vez mais crucial para crescer de maneira robusta e organicamente”.  

Conectividade móvel é ponto de interesse 

Os painelistas também trouxeram seus pontos sobre a convergência fixo móvel. O grande desafio aqui é o cenário atual em que 98% do mercado é concentrado em três grandes operadoras (Vivo, Claro e TIM). 

Neste tópico, e especificamente na prestação de serviços de redes móveis, o destaque foram as empresas MVNOs (operadoras virtuais). O CEO da TecPar compartilhou que a empresa tem duas MVNOs em atuação. “Estamos tateando o mercado para saber qual será a próxima onda”.  

Cleber Ajuz citou o novo Plano Geral de Metas de Competição (PGMC) da Anatel como ponto de atenção para o setor, podendo movimentar o mercado em breve. 

Agregar valor para ter crescimento e rentabilidade 

Como já mencionado, o valor agregado, principalmente através do atendimento ao cliente, é o diferencial que empresas do setor devem adotar. Para o crescimento “rentável e sustentável”, Ferreira destacou uma aliada: “a era da IA pode transformar muitos negócios, principalmente na jornada de telecom que tem muitos processos”. 

A dica é buscar onde existe maior potencial de ganho. Na visão da Vero, isso acontece através da digitalização e da inteligência artificial. “Esse combo vai gerar um aspecto crucial para qualquer mercado, a microsegmentação e microatuação”, explicou Ferreira, agregando que o atendimento exclusivo e direcionado gera melhores relacionamentos, e logo a maior fidelização de clientes. 


O Future Congress ainda terá mais um dia de programação hoje, dia 2 de outubro. Data centers, inteligência artificial, infraestrutura e acessibilidade estão na agenda, siga acompanhando a cobertura oficial no Futurecom Digital.